27 abril 2011

O poema mau

Ah, meu amor, eu quero lá saber,
eu só desejo muito, tanto, muito, escrever
coisas tão simples, lençóis brancos tão simples
banais, despidos, sem adornos ou enfeites,
ou só o mero colchão onde tu me deites,
coisas que possam ser apenas em si
porque eu, meu amor, quero escrever-te, sim, a ti,
ignorando até quem me possa ler.
Ah, meu amor, eu quero lá saber
que um mundo inteiro consiga ou não perceber,
quero lá saber se é mau, se não interessa
se tem erros, vírgulas pobres, se a palavra tropeça
aqui e agora, hei-de escrever-te como uma criança
ela aprende a palavra, eu soletro-te, sim, a ti,
e juntas escreveremos as cartas; eu cresci
certa de existir tanto mais por te aprender.
Ah, meu amor, eu quero lá saber!

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