04 agosto 2011

Flutuar no teu Amor

Flutua, meu amor, na ponta dos meus dedos
Enquanto me embalas nas tuas mãos
Deixa-te levar  no caminho em que te navego
Conduz-me na superfície com as hélices do coração
Não oiço, não caminho, não me mexo...
A água, densa,  passa no teu corpo, não te molha....
A beleza impede que te fundas no líquido dourado
O Amor invade-me pelo olhar-te
O Amor invade-me pelo olhares-me
Não vejo, volto a não ouvir, mexo-me...
Encontro-te-me na tua boca,
Procuro-te na ponta das minhas unhas
Reunes-te dentro de mim
Dominas-me num abraço movido a desejo
Tens-me: sou tua!

Castella

Este nunca há-de aprender!


Crica para veres toda a história
O mestre da espada


1 página

oglaf.com

03 agosto 2011

All around us

O céu da madrugada num local desabitado enche-nos o peito com a visão das estrelas aos milhões, o lado de fora da janela para o infinito que espreitamos enquanto lhe sonhamos a imensidão que nos esmaga, tão pequenos que somos, e ao mesmo tempo agiganta o instinto explorador.
Um beijo que nos invade com o amor universal, a ânsia do prazer carnal instigada pela emoção que a beleza da madrugada induz. O céu, testemunha involuntária, que cora sob o efeito da primeira luz da manhã e despeja tons de laranja nos olhares de amantes abraçados para combaterem o frio da brisa que agita a pele num suave arrepio, tela panorâmica acima do horizonte sem fim, que sopra como se fosse seu o papel de apagar as estrelas como se fossem velas de uma ceia romântica no terraço do mundo de onde, tão grandes nos sentimos, finalmente assistimos ao nascer de mais um dia que exigimos feliz.

Alma

Chamo-me Alma.
Moro no banco do jardim.
Sou vagabunda.
O teu corpo era a minha casa.

Ponto Quê



No côncavo e no convexo
Não há limite para amar
Há frases que enlouquecem
Na bissetriz do olhar
E se a boca pede mais
Quando o corpo sabe a tanto
A conjunção dum só ponto
Será o teu “quê” de espanto
Não fales, não digas nada
Abafa-te num só grito
Se a vida é uma incógnita
O teu mundo é infinito

______________________________________
O OrCa é que não pode ver nada que ode logo:

"Estou curioso... Mas como não tive ainda acesso à obra...

e eu cá tão longe, ao sol,
deste «Quê» de se querer tanto
areado qual rissol
tanto «Quê» dá-me quebranto

já nem se me dá o porquê
de tanto sol, tanto mar,
tanto «Quê» que a gente vê
- qual o quê, falta-me o ar....

o «Quê» que em palavra pesa
o «Quê» que passa oscilante
o «Quê» de uma alma acesa
o «Quê» tão perto e distante...

ai o «Quê» assim a medo
titilado com afinco
ai o quê, foi com o dedo?
ora essa, assim não brinco...!"

Uma lição de educação...

... transmitida pelos nossos amigos das Vozes da Rádio (que me chamaram recentemente "compicha de há muitos ânus"): "Vozes da Rádio - em prol de uma educação de excelência!"

02 agosto 2011

Feérico

«Sou um lugar tremendo, um bosque de incertezas alado ao cemitério onde jazem por toda a parte alegrias e tristezas.
Do meu coração, esse pobre amante, roubo-lhe o crânio e o seio palpitante, para que em mim possa revelar nuas afeições femenis, pétala a pétala»


Luisa Demétrio Raposo

Postalinho recebido da Grécia

Por estes dias, há quem se esteja a divertir enquanto nós trabalhamos.

Eloquente

Eloquente é o cheiro
que paira no contorno de mim;
diz, calando,
tudo o que do nada
se adivinha,
como soltando a voz
na maré vazia.
Voltaremos a nós, um dia,
se os beijos se lembrarem
do regresso tardio.

Poesia de Paula Raposo

Quase gémeos das Caldas da Rainha

Comprei estes quase gémeos numa feira de velharias em Buarcos.
O senhor que me vendeu estas pi... peças disse-me: "leva aí dois bonecos que o senhor que os fez, das Caldas da Rainha, já não volta a fazer, porque morreu". Eros e Tanatos, sempre a par...
Agora, pedem meças na minha colecção.

01 agosto 2011

A todo o tempo


Sou de um tempo em que o amor se dizia, mais do que se escrevia, olhos nos olhos da emoção que tanto intimidava na enorme luta que travava com o medo da rejeição.
Sou de um tempo em que a amizade se vivia, mais do que se prometia, mão na mão da força que tanto consolidava a confiança que se depositava sem temer a traição.
Também sou de um tempo em que a paixão acontecia, mais do que se fingia, lábios nos lábios da atracção poderosa que tanto nos acelerava a pedalada do coração.
Sou de um tempo que passava com vontade de avançar vida fora até ao tempo que é agora sem desistir de sonhar.
E por isso também sou de um tempo que ainda está por chegar.

Quem precisa que lhe lavem o carro?

Ele, Aquele, o Tal

E tu surgirás como um eu
dentro de mim
depois subir-me-ás à boca
e eu cantarei
Dentro de mim
desenhar-me -ás um corpo novo
pelos teus dedos
e o entregarás às tuas mãos
depois serás capaz de descer
ao meu ventre
e as chamas hão-de subir
e morar na toca dos meus olhos
Depois afastarás as minhas pernas
pelo lado de dentro
julgando que me vais entrar
pelo lado de fora
e eu dançarei
E tu surgirás como um eu
dentro de mim