Via Sweetlicious
18 fevereiro 2012
Um sábado qualquer... - «Corpo humano 7» (por Carlos Ruas)
Banda desenhada do brasileiro Carlos Ruas, que recomendo. Aqui, Deus mostra a sua criatividade... cautelosa:
Um sábado qualquer...
Um sábado qualquer...
17 fevereiro 2012
«Sildenafil» - a revolucionária pilula azul em seu mais dramático desempenho
Maravilha de diálogo!
Aconselho-vos a assistirem a esta curta-metragem (17 minutos) brasileira. Depois digam-me se não valeu a pena.
Aconselho-vos a assistirem a esta curta-metragem (17 minutos) brasileira. Depois digam-me se não valeu a pena.
«coisas que fascinam (147)» - bagaço amarelo
Existem as mulheres bonitas e existe a mulher bonita. À partida poder-se-ia pensar que a diferença está apenas no uso do plural e do singular, mas não está. Nem de perto nem de longe. É que a diferença entre a primeira e a segunda é tão grande que entre elas pode caber um Amor inteiro.
As mulheres bonitas são aquelas mulheres em que reconhecemos a beleza tal como ela é, a mulher bonita é aquela que nos ensina o que é a beleza. Todos os dias posso andar pela rua e reconhecer a beleza de muitas mulheres pelas quais não me apaixono. Agradeço-lhes em silêncio a existência porque me soube bem passar por elas. Depois continuo a andar procurando mentalmente referências. Uma era parecida com a Scarlett Johansson, outra era parecida com a Mayra Andrade, outra tinha o sorriso da Mona Lisa e assim por diante. Estas são as mulheres bonitas. Sabem-me bem, é isso.
A mulher bonita é aquela que só pode ser uma porque nela não reconheço nada. Nem a Scarlett Johansson, nem a Mayra Andrade, nem nenhuma outra. Olho para o nariz dela e passo a achar que o nariz dela é o mais bonito e único do mundo. O mesmo acontece com o resto do corpo. Os cabelos, as pernas, os lábios, o pescoço, as mamas, os olhos, o dedo mindinho do pé esquerdo ou os joelhos. Nessa altura não há nada a fazer. Estou apaixonado.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«depois a Raquel chegou» - bagaço amarelo
Depois a Raquel chegou, sentou-se ao meu lado, e perguntou-me se eu estava bem.
Hoje, quando peguei no jornal do café para ler as gordas enquanto esperava pela torrada seca e pelo galão directo do costume, subi-o mais um pouco do que o habitual de forma a que ele me tapasse a cara. Mesmo assim quase todos me perguntaram se eu estava bem. A dona do estabelecimento que passa mais tempo na caixa a contar o dinheiro do que a atender os clientes, a empregada que passa o dia a varrer o estabelecimento com os próprios pés, o homem que vende cautelas da lotaria, a mulher que tem um cabeleireiro mesmo ao lado e vem sempre tomar café de bata vestida.
Não gosto que me perguntem se estou bem quando não estou. Ainda fico pior. A pergunta "estás bem?" só devia surgir quando o inquirido se sente de facto bem, caso contrário fá-lo ter uma noção mais intensa do seu próprio mal-estar. O "sim" não sai por ser mentiroso, o "não" não sai por ser inesperado e doloroso. Abanei os ombros a todos com um mastigado "hum hum".
A torrada lá veio, não tão seca quanto o desejado, e o galão também, não tão quente quanto o desejado. Nunca vem nada como o desejado quando o próprio dia não está a ser o que desejámos. Dobrei o jornal em dois, como se fosse possível fechar ali para sempre as más notícias sobre violência e sobre a crise económica, e dei a primeira dentada numa das tiras de pão protestando com a empregada pelo excesso de manteiga derretida.
Depois a Raquel chegou, sentou-se ao meu lado, e perguntou-me se eu estava bem. E eu respondi que sim, até porque já estava.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Hoje, quando peguei no jornal do café para ler as gordas enquanto esperava pela torrada seca e pelo galão directo do costume, subi-o mais um pouco do que o habitual de forma a que ele me tapasse a cara. Mesmo assim quase todos me perguntaram se eu estava bem. A dona do estabelecimento que passa mais tempo na caixa a contar o dinheiro do que a atender os clientes, a empregada que passa o dia a varrer o estabelecimento com os próprios pés, o homem que vende cautelas da lotaria, a mulher que tem um cabeleireiro mesmo ao lado e vem sempre tomar café de bata vestida.
Não gosto que me perguntem se estou bem quando não estou. Ainda fico pior. A pergunta "estás bem?" só devia surgir quando o inquirido se sente de facto bem, caso contrário fá-lo ter uma noção mais intensa do seu próprio mal-estar. O "sim" não sai por ser mentiroso, o "não" não sai por ser inesperado e doloroso. Abanei os ombros a todos com um mastigado "hum hum".
A torrada lá veio, não tão seca quanto o desejado, e o galão também, não tão quente quanto o desejado. Nunca vem nada como o desejado quando o próprio dia não está a ser o que desejámos. Dobrei o jornal em dois, como se fosse possível fechar ali para sempre as más notícias sobre violência e sobre a crise económica, e dei a primeira dentada numa das tiras de pão protestando com a empregada pelo excesso de manteiga derretida.
Depois a Raquel chegou, sentou-se ao meu lado, e perguntou-me se eu estava bem. E eu respondi que sim, até porque já estava.
bagaço amarelo
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«Paying for it» de Chester Brown - o 1686º livro da minha colecção
Chester Brown é um cartunista e este livro de banda desenhada, «Paying for it» (pagando para isso) mostra as suas experiências com prostitutas depois de decidir que não quer ter os problemas dos relacionamentos amorosos convencionais.
Em resumo...
O livro é simultaneamente autobiográfico e um manifesto pois, ao longo do livro, dá-nos a conhecer as conversas sobre a sua opção que vai tendo com os seus amigos. No final, apresenta o seu ponto de vista sobre as discussões à volta do tema da prostituição. Aí, Chester Brown defende e fundamenta que a prostituição não deve ser legalizada (com tudo o que isso acarreta de obrigações e as consequências para quem não quer ou pode legalizar esta sua actividade) e sim descriminalizada. E cita Pierre Trudeau: "O Estado não tem lugar nos quartos da nação" [e o que se passa no sexo entre adultos que mutuamente o consentem].
16 fevereiro 2012
«Andar com o prego na boca» - Patife
Não sou grande apreciador de mandar quecas em hotéis. É que sou um fervoroso adepto do espalhafato e já tive a minha quota parte de quecas, que tinham tudo para se tornarem épicas, a serem interrompidas por um telefonema da recepção ou pelo bater na porta do gerente. Uma vez, dada a guinchadeira, até acharam que estava a haver uma matança do porco. Mas era só um espetanço na porca. Conto isto porque este fim-de-semana tive de voltar a pinar num hotel. Ora assim que lhe enfio meia cabeçorra nabal na bardanasca, a gaja gemeu como se a estivessem a perfurar com um tronco de mogno. O que não está muito longe da verdade. Preocupado com a interrupção do ritmo de bombada, que faria corar de vergonha qualquer motor hidráulico de alto rendimento, espetei-lhe a almofada na fronha para abafar a sucessão esganiçada de gemidos histéricos. Bem sei que tenho um brenhol de proporções epopeicas mas nada justificava aquela algazarra. Por vezes penso que a expressão “Meter o Rossio na Rua da Betesga” foi criada por causa do meu pincel, dada a dificuldade que tenho em metê-lo em muitas senisgas. É por isso que tenho sempre uma calçadeira na mesa de cabeceira. Acreditem que já a usei algumas vezes, com grande sucesso diga-se, para ajudar a meter a cabeça do trambolho. Mas continuando, antes que me disperse. Quando no final lhe tirei a almofada da fronha, e simultaneamente lhe tirei o nabo da chona, entre duas golfadas de ar e com a cara visivelmente roxa, ela soltou um audível e aliviado Credo!. Nem tempo teve para ganhar fôlego, pois acho que quem anda com o credo na boca está a lançar-me o desafio para lhe meter o prego na boca. Challenge accepted, baby. Challenge accepted.
Patife
Blog «fode, fode, patife»
Patife
Blog «fode, fode, patife»
Tó
Márcia, farta dos silêncios dos últimos dias, sentou-se no sofá ao lado de António e interpelou-o mais uma vez, agora directamente sem rodeios nem meias palavras, fê-lo numa difícil conjugação de sentimentos com modos ásperos e ar aborrecido mas num tom compreensivo e disponível:
– Mas afinal o que se passa contigo, Tó?
António olhou-a de relance, engoliu em seco, encolheu os ombros e sussurrou apático: – Nada – voltando a fixar-se na televisão na esperança que a conversa não chegasse a arrancar.
– Nada?! – O semblante de Márcia endureceu mas, após o “nada” dito num tom mais consentâneo com as faíscas no olhar, a voz voltou a ser macia e agradável: – Tu não falas, não dizes nada. Andas a cair pelos cantos com cara de enterro. – A mulher ajeitou-se no sofá, virando-se mais para ele, e pousou a mão na sua perna esquerda, levando a que ele tornasse a olhá-la e que os olhares se cruzassem. Ela aproveitou: – O que se passa, António? É comigo?... É connosco?
Ele apreciou-lhe os olhos que chispavam dando ao castanho-amendoado ainda mais fogo e cor, reparou no ligeiro arquear das sobrancelhas que lhe dava um ar tristonho mas suplicante e nas pequenas rugas nas comissuras dos lábios que só surgiam quando ela estava tensa e séria. António parecia inocentemente embevecido quando se fixou nos lábios carnudos sem serem grossos e esqueceu as comissuras ou o arquear das sobrancelhas. Ela sentiu o olhar e sorriu. António, que adorava sentir-lhe os lábios e o que ela lhe fazia com eles, temeu que ela percebesse a volúpia no seu olhar e baixou os olhos que, “ó martírio!”, ficaram presos no decote dela. Adorava o que ela lhe fazia com as mamas. “Grisolete”, pensou António, sem saber como se escrevia ou sequer se o termo realmente existia e engoliu um sorriso por suspeitar que, se o mostrasse, o teria de explicar.
– Não, Márcia, não é nada contigo – disse António a meia voz, olhando para a janela da sala. – Nem connosco.
Márcia gostou do tom contido da resposta e do olhar esgazeado que ele lançou para a rua, apertou-lhe a perna com os dedos como se lhe quisesse transmitir força e depois acariciou-lhe o joelho.
António esperava que a mão lhe subisse pela perna. Adorava o que ela lhe fazia com as mãos. Esqueceu o decote, as mamas e a grisolete que, concluíra com mágoa, estava fora de questão e, até, os lábios, mas, sentindo a mão no joelho, pensou em tirar imediatamente as calças, que era o que lhe apetecia; só não o fez por julgar que era prematuro e, provavelmente, contraproducente. “Tenho de ter paciência,” pensou. “O joelho é um mero apeadeiro”, e riu para si.
– Mas, então, o que se passa? – insistiu Márcia, sem afastar a mão do joelho, sentindo que ele não ia continuar a falar.
– No outro dia percebi uma coisa – disse António, sério e compenetrado, ainda que não conseguisse deixar de pensar porque é que ela não lhe largava o joelho e não lhe subia pela perna acima. – Uma coisa em que nunca tinha pensado antes e de que só me apercebi há dias – continuou ele lentamente, fixando-se na mão dela que tentava puxar telepaticamente mais para cima, sem sucesso. Frustrado, esqueceu-se do que estava a dizer e calou-se.
Márcia suportou o silêncio enquanto conseguiu; percebeu que o estava a fazer muito para além do habitual mas quis respeitar-lhe o ritmo. Não o queria apressar ou pressionar. Esperava uma confissão dorida ou a exposição de qualquer coisa séria que o atormentava e, sabia-o por experiência própria, era necessário que a pessoa que se expõe possa fazê-lo nas suas condições, nos seus termos, seguindo os seus próprios ritmos e sentimentos.
Continuaram calados: ele a olhar para a mão, ela a olhar para ele.
– E? – Lançou Márcia num murmúrio respeitoso, na dúvida entre o temor de que o momento tivesse passado e o medo de estar a ser precipitada.
Alheio às dúvidas de Márcia, António dividido entre a decepção dos seus malogrados esforços telepáticos e a enumeração fantasiosa das virtualidades que um poder desses podia ter para melhorar a sua vida sexual que o “E?” subitamente interrompeu, respondeu sem pensar, num tom ressentido e com expressão naturalmente aparvalhada: – E, o quê?
Márcia tomou o tom e o ar de António como a resposta à sua precipitação: ele precisava de mais tempo. “Os homens são assim”, pensou. “Precisam sempre de mais tempo.”
– E… – Márcia falava com ar compungido como se pedisse desculpa. “Coitados!” – O que é que percebeste no outro dia?
– Ah! – António esquecera-se mas relembrou-se e anunciou tristemente: – No outro dia é que percebi que já ninguém me pergunta o que quero ser quando for grande.
– Mas afinal o que se passa contigo, Tó?
António olhou-a de relance, engoliu em seco, encolheu os ombros e sussurrou apático: – Nada – voltando a fixar-se na televisão na esperança que a conversa não chegasse a arrancar.
– Nada?! – O semblante de Márcia endureceu mas, após o “nada” dito num tom mais consentâneo com as faíscas no olhar, a voz voltou a ser macia e agradável: – Tu não falas, não dizes nada. Andas a cair pelos cantos com cara de enterro. – A mulher ajeitou-se no sofá, virando-se mais para ele, e pousou a mão na sua perna esquerda, levando a que ele tornasse a olhá-la e que os olhares se cruzassem. Ela aproveitou: – O que se passa, António? É comigo?... É connosco?
Ele apreciou-lhe os olhos que chispavam dando ao castanho-amendoado ainda mais fogo e cor, reparou no ligeiro arquear das sobrancelhas que lhe dava um ar tristonho mas suplicante e nas pequenas rugas nas comissuras dos lábios que só surgiam quando ela estava tensa e séria. António parecia inocentemente embevecido quando se fixou nos lábios carnudos sem serem grossos e esqueceu as comissuras ou o arquear das sobrancelhas. Ela sentiu o olhar e sorriu. António, que adorava sentir-lhe os lábios e o que ela lhe fazia com eles, temeu que ela percebesse a volúpia no seu olhar e baixou os olhos que, “ó martírio!”, ficaram presos no decote dela. Adorava o que ela lhe fazia com as mamas. “Grisolete”, pensou António, sem saber como se escrevia ou sequer se o termo realmente existia e engoliu um sorriso por suspeitar que, se o mostrasse, o teria de explicar.
– Não, Márcia, não é nada contigo – disse António a meia voz, olhando para a janela da sala. – Nem connosco.
Márcia gostou do tom contido da resposta e do olhar esgazeado que ele lançou para a rua, apertou-lhe a perna com os dedos como se lhe quisesse transmitir força e depois acariciou-lhe o joelho.
António esperava que a mão lhe subisse pela perna. Adorava o que ela lhe fazia com as mãos. Esqueceu o decote, as mamas e a grisolete que, concluíra com mágoa, estava fora de questão e, até, os lábios, mas, sentindo a mão no joelho, pensou em tirar imediatamente as calças, que era o que lhe apetecia; só não o fez por julgar que era prematuro e, provavelmente, contraproducente. “Tenho de ter paciência,” pensou. “O joelho é um mero apeadeiro”, e riu para si.
– Mas, então, o que se passa? – insistiu Márcia, sem afastar a mão do joelho, sentindo que ele não ia continuar a falar.
– No outro dia percebi uma coisa – disse António, sério e compenetrado, ainda que não conseguisse deixar de pensar porque é que ela não lhe largava o joelho e não lhe subia pela perna acima. – Uma coisa em que nunca tinha pensado antes e de que só me apercebi há dias – continuou ele lentamente, fixando-se na mão dela que tentava puxar telepaticamente mais para cima, sem sucesso. Frustrado, esqueceu-se do que estava a dizer e calou-se.
Márcia suportou o silêncio enquanto conseguiu; percebeu que o estava a fazer muito para além do habitual mas quis respeitar-lhe o ritmo. Não o queria apressar ou pressionar. Esperava uma confissão dorida ou a exposição de qualquer coisa séria que o atormentava e, sabia-o por experiência própria, era necessário que a pessoa que se expõe possa fazê-lo nas suas condições, nos seus termos, seguindo os seus próprios ritmos e sentimentos.
Continuaram calados: ele a olhar para a mão, ela a olhar para ele.
– E? – Lançou Márcia num murmúrio respeitoso, na dúvida entre o temor de que o momento tivesse passado e o medo de estar a ser precipitada.
Alheio às dúvidas de Márcia, António dividido entre a decepção dos seus malogrados esforços telepáticos e a enumeração fantasiosa das virtualidades que um poder desses podia ter para melhorar a sua vida sexual que o “E?” subitamente interrompeu, respondeu sem pensar, num tom ressentido e com expressão naturalmente aparvalhada: – E, o quê?
Márcia tomou o tom e o ar de António como a resposta à sua precipitação: ele precisava de mais tempo. “Os homens são assim”, pensou. “Precisam sempre de mais tempo.”
– E… – Márcia falava com ar compungido como se pedisse desculpa. “Coitados!” – O que é que percebeste no outro dia?
– Ah! – António esquecera-se mas relembrou-se e anunciou tristemente: – No outro dia é que percebi que já ninguém me pergunta o que quero ser quando for grande.
15 fevereiro 2012
Eu apenas um, e elas tantas
Por vezes acontece-me conhecer mulheres que gritam silenciosamente, e gritam algo que provavelmente nunca diriam. Como há dias, quando estive numa mesma sala com uma mulher, numa reunião sem destaque, que se apresentava no topo da compostura, de cabelo bem penteado e roupa muito cuidada, discreta, elegante. Desconheço-lhe a idade. De certo modo, é irrelevante. Talvez trinta e muitos, ou quarenta e poucos. Ficaria surpreendido se fosse menos, ou mais.
Falou-me com um cuidado imenso. Num português sempre cuidado. Os gestos pareciam calculados. De extrema boa-educação, não era deferência para comigo. Era, senti, a sua forma de estar. Levou muito tempo a sair da minha cabeça a sua imagem. Fiquei marcado por ela, assim como fico marcado por outras que, ocasionalmente, produzem o mesmo efeito. É que, notem bem, por detrás de toda esta compostura e irrepreensível tacto, havia algo nela, no seu olhar, que gritava de forma muda um “por favor, fodam-me”, e eu dei por mim a pensar que nada a faria mais feliz, naquele momento, senão ver os botões da sua roupa voar pelo ar, arrancados de sopetão, empurrada contra a parede mais próxima com corpos em colisão, em esmagamento até, num rubor fantástico, do proíbido e de sensações que, tristemente, aquela sua expressão facial me dizia não conhecer há muito.
Fiquei embalado nessa ideia. De a ver com as calças escuras pendendo sobre uma cadeira, os sapatos longe, a blusa rasgada e o cabelo despenteado, mas sorrindo, sorrindo rendida de corpo suavemente pousado depois de uma maratona de arrepios e ondulações. Feliz. Às vezes acontece-me notar isso nos olhos das mulheres. Suspiro, porque sou apenas um, e elas tantas.
«conversa 1871» - bagaço amarelo
(ao telefone)
Ela - Vais ter ao café?
Eu - Vou. É só pôr um casaco e saio já.
Ela - Eu também vou só trocar de roupa. São cinco minutos...
Eu - Ah! Se vais trocar de roupa são mas é uns trinta ou quarenta minutos. Então espero mais um bocado.
Ela - Isso foi alguma boca foleira?
Eu - Não, não...
Ela - Bem, demora o tempo que quiseres mas não te arrisques a chegar depois de mim.
Eu - Então diz-me a que horas sais de casa...
Ela - Não digo nada. Não sei bem, por isso não digo. Só digo que não podes chegar depois de mim, senão fico sozinha numa mesa e não gosto.
Eu - Se chegar eu antes, fico eu sozinho numa mesa...
Ela - Claro, que é para eu não ficar.
Eu - Ah!
Ela - É preciso explicar tudo...
bagaço amarelo
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Ela - Vais ter ao café?
Eu - Vou. É só pôr um casaco e saio já.
Ela - Eu também vou só trocar de roupa. São cinco minutos...
Eu - Ah! Se vais trocar de roupa são mas é uns trinta ou quarenta minutos. Então espero mais um bocado.
Ela - Isso foi alguma boca foleira?
Eu - Não, não...
Ela - Bem, demora o tempo que quiseres mas não te arrisques a chegar depois de mim.
Eu - Então diz-me a que horas sais de casa...
Ela - Não digo nada. Não sei bem, por isso não digo. Só digo que não podes chegar depois de mim, senão fico sozinha numa mesa e não gosto.
Eu - Se chegar eu antes, fico eu sozinho numa mesa...
Ela - Claro, que é para eu não ficar.
Eu - Ah!
Ela - É preciso explicar tudo...
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