29 fevereiro 2012

Pelagem

Há mulheres tão peludas mas tão peludas que , quando se depilam, aquilo é um corta-mato! :D

Fruta 73 - Chouriço caseiro

«os senhores dos anéis» - bagaço amarelo

Às vezes ponho-me a pensar nas coisas que nós fazemos e que não têm sentido nenhum. Manter um casamento onde já não existe pinga de Amor, por exemplo, é uma delas. O absurdo chega ao ponto de haver quem mantenha o casamento sendo vítima de violência doméstica. E eu, que acho que o Amor tem sempre que estar primeiro do que qualquer relação contratual, não compreendo.
Um casamento é isso mesmo, para o mal e para o bem, um contrato. Como é também, ou devia ser, por exemplo, o programa eleitoral dum partido. No casamento está-se a contratualizar, sobretudo, um Amor. Não se está a abrir portas para que o cônjuge use e abuse da vida do outro. Casamos, assinamos um papel, trocamos anéis, beijamo-nos e a vida continua. Deve continuar, aliás, como era antes, com Amor e cuidado de parte a parte.
Às vezes ponho-me a pensar nas coisas que nós fazemos e que não têm sentido nenhum. É quando percebo, por um momento, porque é que os portugueses (ou a maior parte deles) são uns falhados no Amor. É porque são absurdamente capazes de manter um casamento sem sentido. Sem sentimento também. São os senhores dos anéis e de mais nada. Talvez seja uma questão de comodidade e de aparência. Talvez. Só isso.
Um dos piores casamentos que os portugueses (ou a maior parte deles) mantêm é com políticos estúpidos. Casam repetidamente com eles de quatro em quatro anos assinando um contrato, dizendo que sim no mais importante dos altares, fazendo a festa, trocando anéis. Depois encolhem-se perante a violência de que são vítimas diariamente. Sofrem todos os dias em silêncio e, quando finalmente parece que o martírio está a acabar, lá vem o agressor com as desculpas do costume. Promete que vai mudar, pede mais uma oportunidade, que a vida vai ser melhor, que vai deixar as más companhias. Por fim, que ainda sente Amor. Mas não, não sente.
A Democracia não se pode limitar a um casamento de quatro em quatro anos, depois dessas desculpas esfarrapadas, porque o Amor não se pode confundir com casamento nenhum. É por isso que os portugueses (ou a maior parte deles) falha no Amor e na vida, mas é também por isso que pode, duma vez por todas, acertar o passo em ambos. Divorciem-se, porra! Casem com outr@. Agora que já nos levaram os anéis, só somos senhores de nós mesmos. Levantemo-nos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Frases do Ricardo Esteves - três pratos



O Ricardo Esteves está no Facebook, no YouTube, no blog Quotidiano Hoje e no Tumblr

28 fevereiro 2012

Piroca Colossal - O Regresso

É natural que nesta altura muitos (e muitas, e muitas) de vós já assumam um ligeiro desconforto próprio de quem já sente alguma falta de piroca.
Não serei hipócrita ao ponto de afirmar que entendo esse fenómeno, pois em matéria de piroca só sentiria falta de mim mesmo e isso parece-me tão lógico e razoável como uma rapidinha dada em cima do tapete de pregos de um faquir.

Feito este intróito e deixada no ar uma imagem tão sedutora começo por apresentar as minhas desculpas pelo intervalo de tempo tão prolongado (mas por isso mesmo coerente) desde a última que vos dei.
Como devem calcular, e a menos que permitam que me aproxime imenso da vossa genitália, estou dependente do coiso agarrado a mim para comunicar. Ou seja, só vos posso dar uma (ou mesmo duas) quando ele entende colaborar. Claro que isso é de uma injustiça flagrante, pois quando trocamos de posições neste raciocínio eu assumo de imediato a condição de porta voz(*) dos seus anseios e expectativas e ergo-a (a voz) até que o prepúcio me doa ou o coiso esteja à beira de uma coisinha má, o exagerado.

Contudo, também se escreve direito por pilas tortas e cá estou eu de novo com a carola no ar em busca de novos aspectos interessantes para partilhar convosco, querendo aproveitar o ensejo para vos enfiar pelos olhos uma verdade insofismável: este período de abstinência não permite associações fáceis de ideias tolas em matéria de inactividade da parte da piroca, de todo! Com esta piroca colossal ninguém morre à míngua.
A abstinência foi apenas verbal. E esse departamento é mais da língua...

(*) sim, daí aquela conotação fálica popular ao microfone. Tenho que vos explicar tudo...

Penacova, 24 de Fevereiro de 2012

"Tenho duas possíveis legendas para a foto que vos envio.
«Uma boa poda!» ou «Queres fiado? Toma!»
Abraço"
Jotta Leitão

Eva portuguesa - «Quero-te!»

Saíste há pouco da minha cama mas ainda sinto o teu cheiro nos lençóis...
Esse cheiro agridoce, másculo, que tem nome de prazer e de pecado...
Qual abelha procurando o pólen, enfio o meu nariz na tua almofada, fecho os olhos e recordo toda a loucura vivida momentos antes naquele que foi o nosso mundo, o nosso tempo...
E sinto ainda o teu calor na minha pele, arrepiando-me, excitando-me, fazendo com que te queira ainda mais...
A tua língua percorreu caminhos proibidos, abrindo autoestradas de prazer no meu corpo sedento de ti...
Quero-te!
Quero sentir a tua respiração no meu pescoço, o teu suor misturado com o meu, o teu sabor na minha boca, a tua masculinidade forte e doce ao mesmo tempo enterrada em mim...
Quero contigo dançar a dança dos sentidos, embalando nossos corpos numa viagem sem retorno...
Quero que em mim te esqueças de ti e que faças dessa forma única, que só tu sabes, que me esqueça de mim...
Beijos, suspiros, gemidos,dentadas, lambidelas, arranhões... a viagem ao nosso mundo... Prazer tão forte que chega a doer... lágrimas, não de dor, nem felicidade, simplesmente a derradeira manifestação de uma intensidade que se desconhecia, que não se acreditava existir...
E porque só tu és o meu capitão nesta viagem, só tu conheces este caminho, preciso que voltes, que me tornes tua de novo...
Porque eu...
Quero-te!


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Pequenas figuras do Japão esculpidas e pintadas à mão, em marfim

Se forem medidas pelo peso ou pelo tamanho, são certamente das figuras mais caras da minha colecção. Além destas, tenho outras em marfinite (pó prensado de marfim) e em osso.

27 fevereiro 2012

À procura da cuequinha

«por gestos» - bagaço amarelo

Quando conheci a Sónia não consegui estabelecer contacto com ela a não ser através do olhar. Ela nasceu assim, sem ouvir e sem poder aprender a falar. Observei-a discretamente durante o resto da noite, a cortar o seu próprio e imenso silêncio com gestos mais ou menos bruscos, como se tivesse uma faca nas mãos e tentasse abrir caminho numa selva densa. Comunicava apenas com as poucas pessoas presentes que sabiam linguagem gestual, três ou quatro, e de vez em quando o irmão dela apresentava-a aos que iam chegando à festa da mesma forma que a tinha apresentado a mim. É surda e muda, dizia.
A festa devia-se, pelo menos pelo convite que me tinha sido feito, ao seu divórcio. O seu casamento tinha sido uma união violenta de quase quatro anos, e portanto o seu fim significava verdadeiramente um princípio. Era esse princípio que se festejava, embora ainda não se soubesse muito bem do quê. Talvez, pelo menos, duma vida melhor.
O irmão queria que esse princípio fosse rodeado por muitas e diversas pessoas, e por isso até a mim me pediu para participar. Eu, que era apenas um seu conhecido colega de trabalho com quem nunca trocara mais do que um "bom dia" ou "boa tarde". Às vezes podemos gostar muito de alguém com quem nunca falamos, disse ele justificando o convite inesperado.
E foi assim que me apaixonei por ela. Sem palavras e sem sons. Apenas um olhar tão profundo como um poço e um gesto tão universal como o de levar a minha mão ao peito dela. Corei. Toquei-lhe. Afastei-me e passei o resto da noite a segui-la disfarçadamente com os meus olhos nervosos.
Propositadamente fui ficando para o fim, e enquanto a porta daquele pequeno apartamento ia pingando para o exterior os convidados, eu ia ganhando espaço para o que o nosso olhar se pudesse tocar de novo, tal como a minha mão tocara no seu peito. Era o meu objectivo da noite, para depois poder adormecer aninhado nesse sentimento.
Há muitos anos que eu não dormia tão bem, que é como quem diz, tão perto dum Amor tão longínquo. No dia seguinte passei as horas do trabalho a pensar no que podia dizer ao irmão para me conseguir aproximar dela. À saída da fábrica cruzei-me calculadamente com ele e anunciei-lhe que, por coincidência, tinha começado a frequentar aulas de linguagem gestual. Era mentira, mas uma mentira inofensiva se eu começasse mesmo a fazê-lo num dos dias seguintes. Aliás, uma mentira que funcionou, porque ele convidou-me para ir lá a casa treinar com a irmã. Se eu quisesse, claro. Sorri-lhe.
Nessa mesma noite investiguei todas as possibilidades que havia na cidade para aprender a nova linguagem da minha vida. Fiz uma lista que percorri com o meu dedo indicador ao som do meu ritmo cardíaco, acabando por escolher um curso duma associação qualquer sem fins lucrativos. Inscrevi-me por email e compareci à primeira aula nessa mesma noite.
Primeiro bati à porta e ninguém abriu. Depois carreguei num interruptor e percebi, através dum vidro fosco, que uma luz vermelha se acendia lá dentro. Ouvi passos e senti a maçaneta rodar. Era ela, a Sónia, a professora. A mesma que me tinha ensinado que me podia apaixonar por gestos e na enormidade dum silêncio. Trocámos um olhar, ela pegou na minha mão e levou-a ao seu peito. Toquei-lhe, corei, entrei.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Poesia de Maria Teresa Horta lida por Luís Gaspar

Ouçam aqui o nosso amigo Luís Gaspar a ler o poema «modo de amar» de Maria Teresa Horta.

Modo de amar – I

Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura
usa-me as coxas
devasta-me o umbigo
abre-me as pernas põe-nas
nos teus ombros
e lentamente faz o que te digo:

Modo de amar – II

Por-me-ás de borco,
assim inclinada …
a nuca a descoberto,
o corpo em movimento …
a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo …
Por-me-ás de borco; Digo:
ajoelhada …
as pernas longas
firmadas no lençol ..
e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos
como quem consome …
(Por-me-ás de borco,
assim inclinada …
os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)

Modo de amar III

É bom nadar assim
em cima do teu corpo
enquanto tu mergulhas
já dentro do meu
Ambos piscinas que a nado
atravessamos
de costas tu meu amor de bruços eu

Modo de amar – IV

Encostada de costas
ao teu peito
em leque as pernas
abertas
o ventre inclinado
ambos de pé
formando lentos gestos
as sombras brandas
tombadas
no soalho

Modo de amar – V

Docemente amor
ainda docemente
o tacto é pouco
e curvo sob os lábios
e se um anel no corpo é saliente
digamos que é da pedra em que se rasga
Opala enorme e morna
tão fremente
dália suposta
sob o calor da carne
lábios cedidos
de pétalas dormentes
Louca ametista
com odores de tarde
Avidamente amor
com desespero e calma
as mãos subindo
pela cintura dada
aos dedos puros numa aridez de praia
que a curvam loucos até ao chão da sala
Ferozmente amor com torpidez e raiva
as ancas descendo como cabras tão estreitas e duras
que desarmam
a tepidez das minhas que se abrem
E logo os ombros descaem
e os cabelos
desfalecem as coxas que retomam das tuas
o pecado
e o vencê-lo
em cada movimento em que se domam
Suavemente agora velozmente
os rins suspensos os pulsos
e as espáduas
o ventre erecto enquanto vai crescendo
planta viva entre as minhas nádegas

Modo de amar – VI

Inclina os ombros e deixa
que as minhas mãos avancem na branda madeira
Na densa madeixa do teu ventre
Deixa
que te entreabra as pernas docemente

(... e, tal como os modos de amar VII a XV, podem todos ser ouvidos no Estúdio Raposa)

Vida Bandida da Morte

Será a Vida a mãe da Morte?



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