14 março 2012

«Ned sem Nel - ou de ginjeira» - por Daniel Abrunheiro

Por uma destas frias, áridas e maninhas noites de sexta-feira, fui a um baile-das-velhas. Vocês sabem: aquelas matinées de lázaros & lázaras que parecem ressuscitar os passamentos geriátricos través o milagre simples do organista-vocalista.
Mandei vir uma ginja e um pires de tremoços, acalentando durante um arremedo de esperança quanto a encontrar alguma avó divorciada que comigo aceitasse merengar um bocadito de Nelson Ned ou de Nel Monteiro. A bola-de-espelhos tinha a translacção avariada, pelo que as estrelas eram fixas no céu de popelina do estaminé.
Lá fora, as motorizadas e os táxis enregelavam à lua triste na antemão de cópulas só dérmicas, que a idade não doa nem perdoa, só dói.
Derredor, cavalheiros encanecidos como cisnes anacrónicos faziam pé-de-alferes (que o mesmo é cortejar d’arrastão) a araras aramaicas de rugas as mais cuneiformes. Havia botelhas de malvasia à base de beterraba sacarina (daquela que dizem vai voltar a haver em Coruche). Também havia tremoços. E mais próteses dentárias do que milímetros de asfalto na Rua das Manteigas da freguesia de S. Nicolau. Deixei-me estar naquele transe de melancolia atenta que confere a um pré-cinquentão, no referido contexto, toda uma aura de efebo o mais púbere, o mais sumarento e o mais acamável, se o ponto de vista fosse o de uma septuagenária comichosa ainda e ainda com dinheiro para o táxi, que eu nem motorizada tenho.
A septuagenária lá acabou por vir e chegar e pedir-me o obséquio (aos anos que eu, tirando a leitura do Altino Tojal de Os Putos, não ouvia o pedido, e aliás a fineza, de um “obséquio”!) de uma moda do Nelson Ned. Acabei a quarta ginja, palitei o interstício frontal e acrílico da placa de cima, levantei-me e fiz-me à pista.
Já manteiguenternecida, a dama (que era Ivone e reformada dos Correios, para mais com um netinho aviador nos alemães de Beja), perguntou-me que fazia eu. Eu disse-lhe que nada, que só escrevia no Ribatejo. Vai daí, diz-me ela assim: - Ah, então o senhor é aquele que escreve muito bem, o coiso, ai!, o Moita Flores?”
E eu rosnei-lhe que não, que quando escrevo é mesmo a sério e sem auto-beatificação, e sem projeto ou sem “projétil”, e que quando eu escrevo é mesmo mesmo a sério para ninguém. De modo que a seguir, já nem Nel Monteiro.

Daniel Abrunheiro [blog]

«conversa 1879» - bagaço amarelo

Ela - Não compreendo os homens.
Eu - Então porquê?
Ela - O meu namorado passou quatro anos a dizer que não queria compromisso nenhum sério comigo, que a nossa relação era só de passagem e tal. Agora, de repente, pediu-me em casamento.
Eu - Parabéns!
Ela - Parabéns, nada. Eu disse-lhe que no princípio até tinha casado, se ele me tivesse pedido, mas agora habituei-me à tal relação sem futuro e estou muito bem assim.
Eu - Ah!
Ela - Acho que à medida que um homem e uma mulher se vão conhecendo, há um processo de inversão sentimental.
Eu - Inversão sentimental?! Que é isso?
Ela - Ele vai gostando cada vez mais dela, ela vai gostando cada vez menos dele.
Eu - Nalguns casos é capaz de ser verdade. Isso quer dizer que há um momento excelente, em que ambos gostam igualmente um do outro.
Ela - Sim, o nosso foi há um ano, mais ou menos. A partir daí vejo-o cada vez mais frágil e carente. Detesto homens carentes.
Eu - Preferes homens que te digam que não querem nada a sério contigo?
Ela - Sim, definitivamente. Têm muito mais interesse.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fruta 77 - Fruta magrinha

Frases do Ricardo Esteves - perspectiva



O Ricardo Esteves está no Facebook, no YouTube, no blog Quotidiano Hoje e no Tumblr

13 março 2012

E damos tudo por uma boa vizinhança

Sempre achei que deve existir um elo de ligação forte entre nós, eu e o coiso agarrado a mim. De resto, ainda há dias numa troca de impressões com uma passarinha que frequento amiúde veio à baila a sua relação com a coisa agarrada a ela e, garanto-vos, se fosse de chorar tinha sido ali que me desfazia em lágrimas.
A prontidão com que a coisa agarrada a essa passarinha se predispunha a acolher-nos constituiu sempre uma grata constatação para mim. No entanto, nunca me deu para pensar acerca do que distinguia aquela coisa das outras apesar de achar recomendável todo aquele arejo que, toda a gente sabe, só dá saúde e boas cores.
Mas naquele dia a passarinha resolveu abrir-se ainda mais para mim e partilhou uma inconfidência, estava eu a louvar a atitude tão porreira da coisa que tantas vezes a libertava do tecido opressor quando fiquei a saber em segunda mão (a canhota tinha por lá passado um nadinha antes) que a passarinha era claustrofóbica. E a coisa agarrada a ela parecia sentir-lhe a aflição que tentava exprimir por todos os meios ao seu alcance, nomeadamente tentando até afogá-la (pelo que tenho visto até era bem capaz de conseguir…).
Felizmente nunca precisara de ir tão longe, tamanha a facilidade de comunicação, o tal elo de ligação que deve existir entre as partes e que tanta diferença faz na hora das decisões que só as coisas e os coisos podem tomar por nós e que permitia aquela maravilhosa sintonia, a passarinha a toda a hora fora da sua gaiola de pano e a coisa agarrada a ela sempre a irradiar alegria e boa disposição.
Quando me penso no contexto desta parceria forçada com o coiso tendo muitas vezes a negligenciar o culto de proximidade, os dias passam a correr e as noites ainda mais e uma pila acaba por não ter tempo nem cabeça (credo, que imagem horrível me aflorou a mente) para solidificar os tais laços que, bem vistas as coisas, facilitam a vida a toda a gente. Mas acabo por perceber que a nossa relação acabou por se moldar na mesma à semelhança da que a passarinha tanto louvou.
É que eu não sofro de claustrofobia mas não gosto nada de roupa e nunca soube manifestar esse desagrado sem ser à marrada. Todavia, a minha ligação com o coiso foi sendo construída sobre alicerces sólidos até se tornar num imponente edifício (sim, eu sempre fui o elevador…), chegando o dia em que a sua mais importante fracção mergulhou de cabeça na onda da propriedade horizontal e o coiso, que funciona como uma espécie de administração do condomínio, parece mesmo eu na forma como privilegia com entusiasmo o usufruto frequente e a liberdade inerente à partilha intensa de traseiras, de terraços e das outras partes comuns.  

Repensar o cancro da mama: «o teu homem relembra-te»

Eva portuguesa - «Taras»

Prometi já há tempos contar-vos algumas das situações mais esquisitas com que me deparei nesta vida de putaria. E como promessa é dívida, vou descrever algumas das mais bizarras taras que me foram pedidas... porque todos nós temos um lado "mais negro" mas alguns manifestam-no de uma maneira quanto a mim incompreensível e até escabrosa...
Sem ordem de acontecimentos e/ou importância.
Tive uma vez um cliente, boa pinta, quarentão, bem vestido, educado, ar de empresário bem sucedido. Nada disto me preparava para o que aí vinha... mas realmente as aparências iludem...
Pediu-me para forrar o chão do quarto com jornais, a que acedi. Na altura trabalhava noutro sítio e o quarto até nem era pequeno. A seguir mandou-me sentar na borda da cama, de perna fechada, vestida de lingerie e mantendo os sapatos calçados. Despiu-se, ficando todo nu e ordenou-me que lhe fixasse o "instrumento", não tirando de lá os olhos nem me podendo mexer. Ficou uma hora certinha (cronometrou-a) sem ter uma erecção nem uma ejaculação, fazendo uma espécie de dança em que punha as mãos nas ancas e rodava, deitando gotas de esperma em seu redor... (daí os jornais! Pelo menos era limpo!).
Só falou quando eu, já dormente, tentei discretamente mudar de posição: não te mexas! Assim perturbas o meu psicológico!
Desculpe, respondi eu. E pensei: calha-me cada maluco! Uma hora da dança do pinga-pinga!... Ao final, perguntou se podia ir-se lavar e depois de pronto perguntou quanto devia. Eu cobrei o valor de fantasia (que afinal foi do que se tratou).
Bem, foi a pior "não-queca" que já dei na vida!
Outro que também não me hei-de esquecer foi logo ao início desta minha actividade.
Ligou, disse que tinha uma fantasia, perguntou se podia ser e valores.
Passada cerca de meia hora aparece, acompanhado de uma senhora mais idosa.
Resumindo: era um miúdo de vinte e poucos anos que me queria comer com a mãe a assistir... a senhora ficou toda nua mas sem, em momento algum, se intrometer entre nós os dois; olhando fixamente para o que fazíamos...
Ora bem, evidentemente, entre aqueles dois tinha que existir algum tipo de relacionamento sexual ou pelo menos libidinoso.Se ela era mãe dele ou não, não sei, mas tinha idade para o ser e, não o sendo, era esse o papel que encarnava numa relação claramente incestuosa...
O meu papel no meio daquilo tudo, não o compreendi nem faço questão...
Com toda a certeza, Freud explicaria...
E por hoje acabo por aqui as histórias"sórdidas"...
Tenho muito mais para contar mas aguardem os próximos capítulos... ;)
Beijinhos.


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Frasquinhos de perfume do Japão, em diversos materiais

Pequenos frascos em osso, porcelana e vidro.
O frasquinho em vidro é pintado por dentro, à mão, com paciência de Chinês (ou de Japonês), usando pincéis finíssimos.


12 março 2012

Ah, sortudas crianças da Europa do Leste...

«respostas a perguntas inexistentes (194)» - bagaço amarelo

sobre a decisão de Amar

O maior equívoco sobre o Amor é acreditar que ele acontece sem mais nem menos. Não acontece. O Amor é sempre uma decisão, tal como o é deixar de pôr açúcar no café, fazer uma viagem à América do Sul ou ficar a dormir num Domingo à tarde. Decidimos aquilo que vai modelar em grande parte os nossos dias, e normalmente as pessoas que andam sempre mal de Amor são aquelas a quem falta a coragem de tomar uma decisão.
O problemas das decisões é que nem sempre estão certas, e isso deve-se à nossa condição humana. Errar é humano, dizem. Pois nesse aspecto eu devo ser o mais humanos de todos. Passei a vida a tomar decisões erradas das quais, no entanto, não me arrependo. Foram decisões que, apesar de tudo, me foram permitindo Amar. É verdade que talvez tenha tomado algumas decisões menos boas porque, em vez da solidão, sempre fui preferindo os Amores possíveis. À falta de melhor era por eles que me decidia. Ainda bem que o fiz, no entanto, pois foi com eles que aprendi isso mesmo: que o Amor é uma decisão.
Sempre que me acreditava apaixonado por alguém, o meu primeiro pensamento era o de ter esse Amor que estava ali à mão de semear. Foi assim toda a vida, e só percebi esse meu grande erro quando me apaixonei pela Raquel. Quero que este Amor me tenha, pensei. Nessa noite ela ensinou-me que o Amor é maior do que eu e tomei a decisão de a Amar.
A diferença entre um Amor que temos, por muito bom que seja, e um Amor que nos tem a nós, tem exactamente a ver com a capacidade de decidir sobre ele. Perdemos o controle sobre tudo o que nos tem a nós e, por isso, também a capacidade de decidir o seu fim. É que o fim de um Amor também é sempre uma decisão.
Percebem?


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«A Imaginação Pornográfica» - livro de Susan Sontag


Neste pequeno ensaio (34 páginas) de 1967, Susan Sontag aborda a pornografia vista como "modalidade ou uso menor no interior das artes". Mais especificamente, "o género literário para o qual, na falta de um nome melhor, estou disposta a aceitar (na privacidade do debate intelectual autêntico, não nos tribunais) o duvidoso rótulo de pornografia".
Segundo Susan Sontag, "a avalancha de obras artísticas comerciais vendidas ilegalmente por dois séculos e, agora, cada vez mais, fora de mercado, não impugna a condição de literatura" de livros pornográficos como "Trois Filles de leur Mère, de Pierre Louys, Histoire de l’Oeil e Madame Edwarda, de George Bataille, e as pseudónimas História de O e A Imagem", por exemplo. E adianta: "A proporção de literatura autêntica em relação ao refugo, na pornografia, talvez seja um pouco menor que a proporção de romances de genuíno mérito literário face a todo o volume de ficção subliterária produzida para o gosto popular".
Susan Sontag alerta que "a pornografia é uma doença a ser diagnosticada e uma ocasião para julgamento. É alguma coisa frente à qual se é contra ou a favor". E em que os extremos se tocam: "a mesma abordagem fundamental do tema é partilhada por eloquentes defensores recentes do direito e da obrigação da sociedade em censurar livros sujos e por aqueles que antevêem as consequências perniciosas de uma política de censura, muito piores que qualquer dano causado pelos próprios livros. Tanto os libertários como os presumidos censores concordam em reduzir a pornografia a um sintoma patológico e a uma mercadoria social problemática".
Constata que "a pornografia raramente é vista como mais interessante que textos que ilustram uma interrupção deplorável no desenvolvimento sexual do adulto normal". "A crescente produção de livros “sujos” é atribuída a um legado maligno da repressão sexual cristã e à mera ignorância psicológica", ao "impacto dos drásticos deslocamentos nos modos tradicionais da família e da ordem política" e à "mudança anárquica nos papéis sexuais".
Susan Sontag identifica quatro razões apontadas pelos que excluem a pornografia da literatura:
1) "a maneira completamente unívoca em que os livros de pornografia se dirigem ao leitor, propondo-se a excitá-lo sexualmente, é antitética à complexa função da literatura";
2) "nas obras de pornografia falta a forma de começo-meio-e-fim característica da literatura. Uma peça de ficção pornográfica mal inventa uma indisfarçada desculpa para um início e, uma vez tendo começado, avança às cegas e termina nenhures";
3) "o texto pornográfico não é capaz de evidenciar nenhum cuidado com seu meio de expressão enquanto tal (a preocupação da literatura), uma vez que o propósito da pornografia é inspirar uma série de fantasias não-verbais em que a linguagem desempenha um papel secundário, meramente instrumental";
4) "o tema da literatura é a relação dos seres humanos uns com os outros, seus complexos sentimentos e emoções; a pornografia, em contraste, desdenha as pessoas plenamente formadas (a psicologia e o retrato social), é desatenta à questão dos motivos e de sua credibilidade, e narra apenas as transações infatigáveis e imotivadas de órgãos despersonalizados"...

... e rebate-as nas páginas seguintes deste estudo, acusando os padrões e a hipocrisia existentes: "os valores usualmente aplicados à pornografia são, afinal, os pertencentes à psiquiatria e aos estudos sociais, mais que à arte. (Desde que a cristandade elevou a fasquia e se concentrou no comportamento sexual como a raiz da virtude, tudo aquilo que pertença a sexo tem sido um “caso especial” na nossa cultura, provocando atitudes peculiarmente inconsistentes)". E faz uma comparação nada católica: "a pornografia que é autêntica literatura visa “excitar” da mesma forma que os livros que revelam uma forma extrema de experiência religiosa têm como propósito “converter”".
Defende "que “o obsceno” é uma noção primal do conhecimento humano, algo muito mais profundo que a repercussão de uma aversão doentia da sociedade ao corpo".
Em algumas constatações, Susan Sontag assusta-me. Por exemplo, esta: "Por domesticada que possa ser, a sexualidade permanece como uma das forças demoníacas na consciência do homem – impelindo-nos, de quando em quando, para perto de proibições e desejos perigosos, que abrangem do impulso de cometer uma súbita violência arbitrária contra outra pessoa ao anseio voluptuoso de extinção da consciência, à ânsia da própria morte". E defende que "o tema da pornografia não é, em última instância, o sexo, mas a morte". A morte "é o único fim para a odisseia da imaginação pornográfica quando ela se torna sistemática; vale dizer, quando ela se centra nos prazeres da transgressão, e não no mero prazer". Mas depois, sinto algum alívio: "A pornografia, considerada como uma forma artística ou criadora de arte na imaginação humana, é uma expressão daquilo que William James chamou “mentalidade mórbida”. Mas James, sem dúvida, estava correto quando propôs, como parte de sua definição de mentalidade mórbida, que essa abrangia “uma escala mais ampla” de experiência que a mentalidade saudável".
Susan Sontag conclui: "Se há tantos que oscilam à beira do assassinato, da desumanização, da deformidade e do desespero sexuais, e se devêssemos agir de acordo com esse pensamento, então uma censura que jamais imaginaram os inimigos indignados da pornografia pareceria adequada. Se é esse o caso, não somente a pornografia mas todas as formas de arte e conhecimento autênticas – em outras palavras, todas as formas de verdade – são suspeitas e perigosas".

O texto está disponível para descarregar aqui, em formato pdf.

Saber perdoar

É algo que nosso amigo Jesus Cristo ensinou.




Meninas estão permitidas para fazer cagadas no trânsito.

Capinaremos.com

11 março 2012

"um filme, uma foda"


No dia combinado encontrávamos-nos à porta do cinema que exibia o filme escolhido muito limpinhos e perfumados como manda o manual da sedução e de mão dada mergulhávamos na sala ainda iluminada para o primeiro ritual em que ele retirava os óculos da respectiva caixinha e os ajeitava às orelhas com ambas as mãos.

Saíamos da sala em risinhos cúmplices a debulhar as primeiras impressões do filme e a correr para a saída para acalmar a minha necessidade de acender um cigarro e seguir para outras quatro paredes onde a película aderente fosse o seu corpo no meu. Despi-lo era o grande plano do espanto de uma pele macia à luz coada da tarde pelos cortinados e o suspense do momento em que as suas mãos apalpadeiras de nalgas se intrometeriam entre as minhas coxas percutindo cada milímetro de superfície alagadiça. Talvez as minhas mãos firmadas na cómoda a empinar-me lhe permitissem um melhor enquadramento da sequência em que as suas ancas imprimiam o andamento ronceiro.

O beijo quase sufocante dos seus lábios a desmaiarem nos meus era o prenúncio da última cena em que aproximava o cinzeiro e de uma assentada eu acendia dois cigarros espetando um na boca dele para retomar a crítica do filme que se eu fosse dada à escrita intitularia como "um filme, uma foda".


[Imagem: Cartaz de
O pecado mora ao lado, de 1955]