27 abril 2012

"O Shunga japonês" ou "As imagens da Primavera”

Quando há uns anos atrás descobri o Shunga fiquei fascinada. Por essa altura andava eu a recolher imagens de desenhos e pinturas eróticas, sobretudo anteriores ao século XX, com o intuito de fazer um estudo a respeito da representação de conteúdos sexuais e da relação com a sexualidade no dito “Ocidente Civilizado”. Logo me surpreenderam as primeiras imagens de Shunga que encontrei: era qualquer coisa de inteiramente novo. Completamente diferente de tudo o que já tinha visto…

O Shunga, em japonês, “imagem da Primavera”, é uma forma de arte erótica ou, se quisermos, de pornografia, muito difundida no Japão entre os séculos XVII a XX. Supõe-se que tenha tido início no século XI, mas só com a invenção da xilografia alcançou o seu pleno desenvolvimento, na generalidade de forma clandestina, para mais tarde se extinguir com a invenção e difusão da fotografia. Continuo a ler sobre isto, e em busca de artigos que versem a perspectiva que mais me interessa: a dos conteúdos sexuais propriamente.

Pelo menos até ao final do século XIX, o Shunga é “amoral”. Apenas uma forma de arte onde se reúne a estética e a educação sexual num tom de alegria pelo prazer da união dos sexos. Os órgãos sexuais são representados com intenção expressiva e a uma escala desproporcionada, o que, curiosamente, em nada perturba a delicadeza e naturalidade predominantes nas cenas. Mas o que mais me impressionou nestas imagens por relação às da nossa cultura, foi a equidade da preocupação com o prazer sexual do homem e da mulher e a representação de um claro envolvimento emocional do casal, algo que ainda hoje raramente encontro no Ocidente. Porta sim, porta sim, surgem massagens ao ponto G, por vezes detalhadas, e é frequente encontrar-se um homem a foder uma mulher enquanto lhe massaja o clitóris. Na cópula parece um pouco indiferente que seja o homem ou a mulher a estar em cima ou em baixo, quando não, estão de lado ou em posições exóticas, mas as caras voltam-se com frequência uma para a outra, trocando beijos, olhares, expressões… Um aspecto curioso é que no Shunga ainda não encontrei mamadas. Não estou a dizer que não existam… mas a existirem hão-de ser um fenómeno muito raro. Mais frequentes, ainda que não abundantes, são os minetes. Como é evidente, eu não tenho nada contra as mamadas (muito pelo contrário), mas o que é interessante aqui, é o facto de, quaisquer que sejam os conteúdos sexuais, não se transmitir uma ideia de instrumentalização da mulher ou de bestialização do sexo. Algo que ainda hoje é um lugar-comum na nossa cultura: a mulher servida a frio como objecto de prazer num sexo de essência animalesca que amiúde não aparenta ser mais que um embrulho de “carnes” destituídas de “alma” aos tombos pelas valetas da indiferença, da usura, da violência, e da perversidade extrema. Consequência, por certo, de uma mentalidade muito perturbada pela “moralização do sexo”…

… tenho-me perguntado que impacto efectivo na vida sexual dos japoneses terá tido a invenção da fotografia e a globalização da pornografia… por curiosidade, quando tiver tempo tentarei obter uma resposta…

Para quem tiver interesse, está a nascer aqui ao lado... Shunga Virtual Collection

[blog Libélula Purpurina]

Será mesmo um Super Mário?



Tentamos escapar ou fazemos sexo?


Crica para veres toda a história
Mobília


3 páginas (cricar em "next page")

oglaf.com

26 abril 2012

A hora do Conão!


Um programa de entretenimento infantil genialmente concebido no seu alinhamento. Primeiro os miminhos gulosos e só depois a hora do Conão! Faz sentido, não faz?

«respostas a perguntas inexistentes (197)» - bagaço amarelo

uma pedra

Faz cinco anos andava eu a dar pontapés na minha solidão, desses que se dão a tentar enxotar qualquer coisa. Uma pedra da rua, o cadáver duma bola de criança ou uma mola de pendurar a roupa que caiu duma varanda. A solidão, como esses objectos inertes, nunca se afasta o suficiente. Apenas alguns metros. À medida que continuamos a caminhar tornamos a encontrá-los e a pontapeá-los de novo. Sempre para o mais longe possível, que é sempre demasiado perto. É assim a solidão. É assim uma pedra da rua.
Nunca consegui pedir desculpa à Elsa pelo pontapé que lhe dei. Às vezes ainda a imagino caída numa berma qualquer do passeio, à espera doutro solitário à deriva que passe por ali aos pontapés às coisas. E às pessoas. Estávamos num restaurante a beber cerveja importada e ela era bonita. Era também o único ombro de mulher que eu tinha acessível naquela noite. Pousei-lhe a minha cabeça, e depois o corpo. Brandamente, acho eu. O corpo vai sempre atrás de uma de duas coisas: a cabeça ou o coração. Se eu lhe pedisse desculpa agora, dizia-lhe que lamento nunca a ter Amado, mas a sério que tentei. Não consegui.
Despedi-me dela com um "até qualquer dia", que é mesmíssima coisa que dizer "até nunca". Um homem não se despede assim de quem Ama. "Até qualquer dia" é só mais um pontapé certeiro em alguém, até um dia em que talvez surja de novo. Se não surgir, paciência.Um homem que Ama quer sempre levar o número de telefone, uma data em concreto, um olhar certeiro com um beijo daqueles que se prolongam um pouco para além da despedida. Eu não levei nada. Sorri-lhe e virei costas. Até qualquer dia.
Por mais que tente, não consigo perceber porque é que nunca me apaixonei por ela. As mulheres às vezes têm essa capacidade estranha de me afastar. São tão boas que se tornam automaticamente inacessíveis. Como se estivessem num pedestal, ligado a um alarme contra solitários, e se fossem quebrar ao primeiro toque. Dão medo. É isso. Dão medo. Depois penso para mim mesmo que são demasiado frias e afogo a distância num lanche quente duma pastelaria de bairro. Um galão e uma mista, por favor.
Faz cinco anos andava eu a ser pontapeado. Pela Elsa também. Acho que fui o único homem disponível naquela noite e ela lá fez o favor de aceitar. O ombro dela recebeu-me, depois o corpo também. Quando se levantou pegou nas peças de roupa espalhas pelo chão, uma a uma, sempre disfarçando a sua nudez com a pequena toalha de hotel que trouxera para a cama, e foi-se vestir para a casa de banho. Nenhuma mulher apaixonada se vai vestir para a casa de banho. Deixei-me estar. Depois despedi-me com um "até qualquer dia" e ela virou costas sem me beijar. Tenho a certeza que não olhou para trás. Eu também não.
Há bocado fui ver o mar. Às vezes faço isso: vou ver o mar e cumprimento-o da mesma forma que cumprimento o guarda-nocturno do prédio onde vivo. Estão sempre ali no mesmo sítio, ele e o mar, à espera que eu passe por lá. Digo "boa noite" a um e "bom dia" a outro. Bom dia, disse-lhe. Pontapeei uma pedra que foi engolida por uma onda. Talvez seja isso. Talvez o Amor nos vá dando pontapés até simplesmente deixar de o fazer. De um dia para o outro. Assim, sem mais nem menos. Uma pedra.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Fruta 81 - Pêssego careca ou não

Encaixe

25 abril 2012

Postalinho de Vila Franca de Xira, com direito a poema e a enquadramento geográfico e histórico

"Para a minha querida São Rosas, a foto mais erótica deste meu fim de semana por terras de Vila Franca de Xira.


'Desliza o poema
por entre água
numa fenda
entreaberta
pela natureza:
cheguei e vi-te.
Poderia sucumbir?'


Paula Raposo"

O Alexandre Carvalho esclarece:
"Secullo XVII, data da construção desta abertura que jorra encosta abaixo, emprenhando as margens da ribeira de Santa Sofia, onde há mais de 3.000 estava estabelecida uma comunidade Fenícia, até se abraçar de prazer nas aguas do velho Tagus."

«Diário de Coimbra» de 2012-04-24 - Arte erótica no Recordatório Rainha Santa Isabel


«Em Abril pachachas mil» - Patife

Desde pequeno que ouço esta expressão e desde que comecei a pinar descobri que é a uma verdade insofismável. Há quem diga que a época mais propensa ao pinanço é o Verão e as suas feromonas em brasa, mas na verdade, o mês de Abril é que mete as chonas aos saltos encarpados. Ou isso ou sou eu que atinjo um pico de sensualidade neste mês que faz o Pacheco atrair pachachas com o mesmo magnetismo que o olhar hipnotizante da cobra atrai as suas presas. Mais uma vez, este ano comprova a minha teoria. Estava eu sentado, entretido comigo mesmo, a ler num café, ainda a descansar das sete horas de grandioso chavascal em chona nortenha, quando levanto o olhar e reparo que não uma mas duas gajas me estavam a observar com ar de devassa-que-já-levava-na-chona-lassa. Uma do lado esquerdo, a outra do lado direito. Como sou um cavalheiro ia respondendo ao olhar de uma e de outra indiscriminadamente, pelo menos até decidir qual é que iria afiambrar. Ainda pensei em ficar com as duas a preço de saldo mas elas estavam nitidamente a disputar-me e havia chamas quando os olhares das duas se cruzavam. Queria olhar para ambas para as comparar mas já estava quase a ficar estrábico. Tive inveja do camaleão. Pudesse eu esquinar as duas ao mesmo tempo sem estarem lado a lado. A da esquerda tinha ar de majestosa cavaleira, sábia dominadora na arte de me cavalgar no bacamarte. A da direita mandava ares de cabra brocheira, com uns lábios muito mais proeminentes do que lhe seria exigido pelas leis do abocanhamento da corneta. Analisei os índices de fodenguice, o glamour ao enrolar o cabelo, a forma como bebiam café, a forma de cruzar e descruzar as pernas, o sorriso e o Pacheco a sete e não me conseguia decidir. Na dúvida, fiz o que qualquer homem de sensibilidade e bom-senso faria: Escolhi a que tinha as mamas maiores.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

«por uma vida melhor» - bagaço amarelo

Há muitos tipos de ditadura. Tantos, que às vezes se veste com o nosso dia-a-dia e é fácil perder a noção de que se vive sob uma. Todas as ditaduras têm duas coisas em comum. Primeira: o poder executivo confunde-se com o poder legislativo, isto é, quem faz as leis é também quem executa. Segunda: as ditaduras surgem sempre em nome dum valor qualquer que se supõe ser mais importante que todos os outros. É por isso que na política, no Amor, assim como em tudo na vida, é fácil cair em tentação ditadura.
Por exemplo, até ao dia 25 de Abril de 1974 vivemos, em Portugal, na ditadura dum pequeno-fascista. Uma ditadura da direita social, portanto. Matou-se, prendeu-se e torturou-se, tudo em nome de valores tão falaciosos como Deus, Pátria e uma família sem pensadores e sem vontades. Nem Deus, se existisse, nem nenhuma pátria ou família, dependeriam uma vez que fosse dum regime que pode, quer e manda.
Actualmente vivemos uma Ditadura diferente. A dos Mercados e do capitalismo selvagem. Uma ditadura da Direita Económica, portanto. Leva-se pessoas à fome, à miséria e ao desespero, tudo em nome duma suposta Democracia. As pessoas votam e pensam que controlam tudo. Só que não controlam nada. Zero. O voto está sempre viciado à partida, principalmente através duma Educação que não o é, e também do contexto mediático.
As ditaduras de Estado, neste aspecto, são muito parecidas com as ditaduras no Amor. Aquelas em que, por exemplo, nasce a violência doméstica. Agride-se e tortura-se uma pessoa durante anos a fio, tudo em nome do Amor. Uma mulher pensa que é Amada, mas de facto não o é. Zero. O Amor está viciado à partida por uma relação de posse, de propriedade da pessoa como se ela fosse uma coisa. E sim, eu sei que também pode acontecer com um homem.
O Amor não existe em nenhuma ditadura. Nem o Amor, nem mais nada. Todos os dias luto, com as limitações que tenho, para que se faça um 25 de Abril nesta nova ditadura em que vivemos, ou melhor, em que sofremos. São os recibos verdes, é a falta de acessibilidade à saúde, à educação, à mobilidade e aos recursos naturais. É a fome e o desemprego propositado. Olho para este país e só vejo ditadura e o consentimento de quem é agredido todos os dias.
Pode haver quem não perceba isso, mas o 25 de Abril que eu quero ver neste país é o mesmo 25 de Abril que eu vejo no meu Amor. É justo, sem violência e sem propriedade privada. É igual em ambos os sentidos. É Amor. Por uma vida melhor.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Eu, falo de esquerda


Como se aproximam as comemorações de mais um aniversário sobre a Revolução de Abril e porque nem as pirocas podem alhear-se dos benefícios que a efeméride representa vou nesta ocasião explicar exactamente isso: o que representam para uma pila os valores de Abril.
Bom, desde pequenina (que nunca fui) tenho uma inclinação para a esquerda que não me deixa mentir. Mas nem vou por esse caminho fácil da predestinação, pois é óbvio o meu apego à liberdade. É em liberdade que atinjo o meu apogeu! Livre de roupas, livre de constrangimentos, livre para exibir a melhor pila que sou.
Mas a essa liberdade estão associadas outras não menos relevantes (relevo é o meu apelido do meio), como é o caso da liberdade de expressão. Sim, a expressão do meu potencial deve ser livre e não constituir um embaraço na praia para o coiso agarrado a mim e que me enterra na areia para dissimular essa manifestação de apego à vida que ofereço ao mundo com toda a naturalidade de que vos falo. E sei sempre do que falo, por inerência.
Existe ainda a liberdade de escolha, tão reprimida no passado e que mergulhava as pilas na falta de alternativas ou as forçava à clandestinidade promíscua no interior de serviços públicos de satisfação, sempre em busca de uma variação que o Regime conservador proibia com a veemência que murchava a vontade a qualquer cravito mais arrebitado. Agora a oferta ainda abunda e a procura não cessa de evoluir, pois até a economia do país conheceu os inúmeros benefícios da maior abertura aos mercados! Isto, claro, até ao dia em que os malabaristas da finança  foderam o poder de compra ao pessoal.
Mas nem só em tempo de vacas gordas nós pilas apreciamos a liberdade que a Revolução nos ofereceu de forma directa (nudismo nas praias antes do 25 de Abril? Filmes porno em exibição nos cinemas antes do 25 de Abril? e por aí fora...) ou indirecta, pelo quanto influencia o estado de espírito dos coisos agarrados a nós.
Também eles funcionam melhor quanto mais livres se sentem para dar voz à felicidade como gostam de a experimentar que, falo por mim, é à fartazana.
Por isso voltarei a erguer a minha voz quando a juntar à do coiso agarrado a mim, enquanto ecoar pela vizinhança o Grândola Vila Morena bem alto, com a afirmação inequívoca da força na verga para lutar contra os que ameaçam, castradores, a liberdade de que nem as pilas algum dia abdicarão.

24 abril 2012

A Kona está a dar que falar....

No sábado 21 de Abril de 2012, deu mais um episódio da série «Encantador de cães» de que gosto muito! Apanhando já o fim do episódio, apercebo-me que a cadela que andava a pular a cerca se chamava Kona! Claro que tive logo de aparvalhar no facebook comentando o que tinha visto. A conversa foi longa e gostaria de a partilhar convosco, porque sei bem que o vosso desejo secreto é terem uma Kona para passear!!! :D