06 maio 2013
«conversa 1970» - bagaço amarelo
(ao telefone)
Eu - Até que enfim que te apanho. Preciso falar contigo.
Ela - Apanhaste-me na casa de banho.
Eu - Okay, desculpa. Ligo-te daqui a cinco minutos.
Ela - Não, não. Diz agora, que é o momento certo.
Eu - Não estás na casa de banho?
Ela - Estou. É na casa de banho que aproveito para fazer os meus telefonemas todos, ler revistas e livros, etc. Além disso, não saio daqui a cinco minutos, mas sim daqui a uma hora, mais ou menos.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Eu - Até que enfim que te apanho. Preciso falar contigo.
Ela - Apanhaste-me na casa de banho.
Eu - Okay, desculpa. Ligo-te daqui a cinco minutos.
Ela - Não, não. Diz agora, que é o momento certo.
Eu - Não estás na casa de banho?
Ela - Estou. É na casa de banho que aproveito para fazer os meus telefonemas todos, ler revistas e livros, etc. Além disso, não saio daqui a cinco minutos, mas sim daqui a uma hora, mais ou menos.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Luís Gaspar lê «Prazer”» de Gigi Manzarra
A minha mão percorre deslizando, a pele bronzeada pelo sol. Desenha riscos imaginários que deliciam teu corpo moreno e aquecem meu desejo de mulher. Escultura esbelta e quente, que povoa meus sonhos e os transforma em filme colorido exibido só para mim.
Teus olhos brilham, mergulhando no fogo ardente dos meus, aumentando a labareda alta do prazer!
O teu perfume, que conheço sem precisar te ver, acorda todos os meus sentidos, ao deixar transbordar a vontade de te possuir.
Meu corpo estremece numa entrega total, se abandonando ao sabor louco e selvagem de sensações incontáveis que nunca serão iguais. Sou presa fácil e espontânea de um comando que vem de ti, numa voz macia e rouca, que me fala em silêncio, com a força de um grito!
Minutos de êxtase, pedacinhos soltos de sedução, que escreverão na memória, uma folha de vida para não mais esquecer. Tatuagem profunda que rasgou a minha pele, marcando para sempre meu corpo com o teu amor!
Gigi Manzarra
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Gigi Manzarra
Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
05 maio 2013
«Alcatruzes da vida» - por Rui Felício
Pegou no maço de Definitivos, tirou mais um cigarro e acendeu-o.
Como acontecia há várias noites, a insónia vencia-o e assim como as cinzas fatídicas do cigarro se pulverizavam, também as ideias se lhe esfumavam, incapaz de as encadear, de forjar um raciocinio coerente.
Ali do alto do Penedo da Saudade, os olhos espraiavam-se pelo vale do Calhabé, corriam sem se deter pelo estádio municipal, pela igreja de São José, pelo apeadeiro do comboio e quedavam-se no extremo nascente do planalto onde tinha sido plantado, numa geometria irrepreensivel, o casario do Bairro. Era ali que dormia a sua amada, lá para os lados da Rua da Guiné.
Nunca se tinham falado, mas apaixonara-se por ela desde o primeiro dia em que a viu num baile do Greco para onde tinha sido convidado por um colega de faculdade há um mês atrás.
Névoas silenciosas vindas do Mondego e do Pinhal de Marrocos começavam a cobrir lentamente, em farrapos obliquos, as casas do vale deixando aqui e ali a descoberto os fantasmagóricos picos das suas chaminés, como pontas de jazigos, numa desolação madornal de cemitério, sepultando e escondendo no seu ventre os funcionários, os operários e os camponeses que habitavam aquele plácido e húmido recanto da cidade ainda rural, planificado na bruma.
Mal adivinhava o seu pai, lá longe em Mangualde, que, com sacrificios imensos o mandara estudar em Coimbra para ser doutor, alugando-lhe um quarto numa casa perto do convento das Carmelitas e do Penedo, que o seu filho Pedro, em vez de pegar nos livros, passava as noites a esfumaçar à janela, de coração apaixonado, obstinado naquele bairro.
Ou, melhor dito, numa determinada casa daquele bairro.
Ou, para sermos mais precisos, na janela daquela casa onde dormia o seu amor.
Mal começou a romper a aurora, passou a cara por água, tentando disfarçar as olheiras profundas, penteou-se, vestiu a capa e batina, meteu dois livros debaixo do braço e saiu de casa.
Em vez de se dirigir à Universidade para ir às aulas, desceu a pé pelo Cidral, estugou o passo com a capa a ondular e dirigiu-se até à passagem de nivel. Como de outras vezes, era ali que esperava que ela passasse para ir às aulas do Liceu Feminino onde frequentava o 7º ano.
Nunca antes lhe tinha falado, mas desta vez estava resolvido a abordá-la e a declarar-lhe o seu amor.
Pouco depois, viu-a descer a rampa que vinha da Rua de Angola em direcção ao apeadeiro, acompanhada de outras colegas, numa algazarra juvenil, de gargalhadas e dichotes.
Mas o seu coração baqueou. Num amplexo apertado, um rapaz envolvia a Graça com o braço em redor dos ombros.
Afinal ela já namorava!
Desistiu de lhe dirigir a palavra.
Macambúzio, acabrunhado, com o coração a sangrar de desgosto, virou costas em direcção à paragem do Calhabé para ir apanhar o trolley para a Universidade.
Muitos anos mais tarde, o Dr. Pedro Matias, já médico em Mangualde, viu a Graça entrar-lhe no consultório, pedindo-lhe que a observasse e medicasse. Precisava de se tratar de uma gripe que a vinha apoquentando há uns dias e aproveitara uma diligência no tribunal de Mangualde para ir ao médico.
Era agora advogada em Nelas...
Reconheceu-a, falaram de Coimbra, do Bairro e do Greco.
Receitou-lhe umas aspirinas que é prescrição que nunca falha.
Só então o Pedro ficou a saber que aquele rapaz que a abraçava, naquele tenebroso dia no apeadeiro, era o irmão da Graça que se dirigia para as aulas no D. João III, acompanhando-a até ao Infanta D. Maria.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Decalcomania
Ele não apareceu e eu sabia que o funeral estava feito. Para grandes males, grandes remédios, não é Senhor Doutor?... Saquei do número de um amigo especial, daqueles muitos coloridos mesmo e aferi se estava disponível.
Em minutos estava na porta da saída e entrei no primeiro táxi que passava. Um rapazito de t-shirt e jeans acolheu-me com um largo sorriso e mais olhadelas ao espelho retrovisor do que à condução. Começou a desfiar o seu rosário de que a vida dele não era aquilo, que até cantava em casas de fado do Bairro Alto e era convidado para muitos lados e até tinha um rapaz que lhe escrevia letras e estendeu-me uma folha pautada cheia de erros ortográficos que foi logo o que me saltou aos olhinhos, com uma história de amor trágico que só me lembrava aquela de que andava a desgraçadinha no gamanço para sustentar os seus três filhinhos. Mas acenei que aquilo era mesmo fado e sorri. E ele aprumou o pescoço e começou a cantá-lo. E depois mais outro e outro até num sinal vermelho, ao sol abrasador, puxar de duas cervejas, estrategicamente guardadas numa geladeirazinha entre o assento e a sua porta. Abriu-as com um abre-cápsulas que também era porta-chaves e estendeu-me uma avisando que estava incluindo na bandeirada. Não sei se era notório que eu estava à beira de um ataque de nervos ou se era apenas o reflexo das minhas pernas sob a pequenita saia preta esvoaçante no espelho mas para mim aquele táxi era Almodovariano.
Quando finalmente cheguei ao pé do meu amigo alagou-nos a urgência dos beijos e a azáfama de despir as roupas na premência de tocar pele conhecida como o baú do sótão da avó. Línguas e mãos em desvario, dos rostos até meio do corpo, na pressa de nos absorvermos. E quando as suas coxas roçavam as minhas nádegas e os meus mamilos subiam e desciam sobre o seus, abri então os olhos e vi o seu rosto transfigurar-se no do outro, o ausente, que ali ganhava contornos de nitidez indescritível. E naquele aperto continuei a ondular aquilo que o cérebro tornava virtualmente real.
Em minutos estava na porta da saída e entrei no primeiro táxi que passava. Um rapazito de t-shirt e jeans acolheu-me com um largo sorriso e mais olhadelas ao espelho retrovisor do que à condução. Começou a desfiar o seu rosário de que a vida dele não era aquilo, que até cantava em casas de fado do Bairro Alto e era convidado para muitos lados e até tinha um rapaz que lhe escrevia letras e estendeu-me uma folha pautada cheia de erros ortográficos que foi logo o que me saltou aos olhinhos, com uma história de amor trágico que só me lembrava aquela de que andava a desgraçadinha no gamanço para sustentar os seus três filhinhos. Mas acenei que aquilo era mesmo fado e sorri. E ele aprumou o pescoço e começou a cantá-lo. E depois mais outro e outro até num sinal vermelho, ao sol abrasador, puxar de duas cervejas, estrategicamente guardadas numa geladeirazinha entre o assento e a sua porta. Abriu-as com um abre-cápsulas que também era porta-chaves e estendeu-me uma avisando que estava incluindo na bandeirada. Não sei se era notório que eu estava à beira de um ataque de nervos ou se era apenas o reflexo das minhas pernas sob a pequenita saia preta esvoaçante no espelho mas para mim aquele táxi era Almodovariano.
Quando finalmente cheguei ao pé do meu amigo alagou-nos a urgência dos beijos e a azáfama de despir as roupas na premência de tocar pele conhecida como o baú do sótão da avó. Línguas e mãos em desvario, dos rostos até meio do corpo, na pressa de nos absorvermos. E quando as suas coxas roçavam as minhas nádegas e os meus mamilos subiam e desciam sobre o seus, abri então os olhos e vi o seu rosto transfigurar-se no do outro, o ausente, que ali ganhava contornos de nitidez indescritível. E naquele aperto continuei a ondular aquilo que o cérebro tornava virtualmente real.
04 maio 2013
«pelo dedo mindinho do pé» - bagaço amarelo
Existem as pessoas que dizem frequentemente asneiras, as que só as dizem de vez em quando e as que quase nunca as dizem. As caralhadas estão longe de ser uma questão transversal à sociedade e, suspeito eu, são também uma questão de género.
Os homens são, em geral, mais asneirentos do que as mulheres. Nunca fiz essa conta, claro, mas estou convencido que sim. É que as mulheres, embora também as digam, fazem-no menos vezes e apenas quando estão chateadas. É preciso ser mulher para conseguir tratar bem um palavrão, de forma a dar-lhe delicadeza suficiente para a transformar num aromático voo de borboleta.
Nas mulheres, assim, as asneiras são para ser levadas a sério. Quando o vocabulário vernáculo mais pesadão ultrapassa os lábios femininos é porque alguma coisa está realmente mal. É por isso, e só por isso, que um homem não deve dizer muito asneiredo quando está acompanhado por uma mulher. Descredibiliza o palavrão. Retira-lhe substância e torna-o ordinário. É uma espécie de história do Pedro e do Lobo: se um gajo diz asneiredo a mais, chegará o dia em que quer dizê-lo porque está realmente fodido chateado com a vida e ela não o leva a sério.
Aliás, quando um homem chega a esse intenso nível obscurantista do vocabulário, é quando uma mulher começa a fazer contas e a pensar que escolheu como companheiro para a vida, não um homem, mas sim um martelo pneumático com pénis. É também quando ela, para se distanciar de tal alarvidade, passa ao nível zero de asneiredo.
É claro que uma mulher que afirma nunca ter dito nenhum palavrão na vida mente descaradamente, a não ser que nunca tenha batido com o dedo mindinho de um pé na esquina de um móvel, percalço que já aconteceu a todos os habitantes deste planeta que vivem em casas ou apartamentos. Portanto é essa a forma de fazer uma mulher entender o armazém interminável de palavrões que existe dentro de cada homem. Pelo dedo mindinho do pé. Aí, garanto eu, somos todos iguais.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Os homens são, em geral, mais asneirentos do que as mulheres. Nunca fiz essa conta, claro, mas estou convencido que sim. É que as mulheres, embora também as digam, fazem-no menos vezes e apenas quando estão chateadas. É preciso ser mulher para conseguir tratar bem um palavrão, de forma a dar-lhe delicadeza suficiente para a transformar num aromático voo de borboleta.
Nas mulheres, assim, as asneiras são para ser levadas a sério. Quando o vocabulário vernáculo mais pesadão ultrapassa os lábios femininos é porque alguma coisa está realmente mal. É por isso, e só por isso, que um homem não deve dizer muito asneiredo quando está acompanhado por uma mulher. Descredibiliza o palavrão. Retira-lhe substância e torna-o ordinário. É uma espécie de história do Pedro e do Lobo: se um gajo diz asneiredo a mais, chegará o dia em que quer dizê-lo porque está realmente fodido chateado com a vida e ela não o leva a sério.
Aliás, quando um homem chega a esse intenso nível obscurantista do vocabulário, é quando uma mulher começa a fazer contas e a pensar que escolheu como companheiro para a vida, não um homem, mas sim um martelo pneumático com pénis. É também quando ela, para se distanciar de tal alarvidade, passa ao nível zero de asneiredo.
É claro que uma mulher que afirma nunca ter dito nenhum palavrão na vida mente descaradamente, a não ser que nunca tenha batido com o dedo mindinho de um pé na esquina de um móvel, percalço que já aconteceu a todos os habitantes deste planeta que vivem em casas ou apartamentos. Portanto é essa a forma de fazer uma mulher entender o armazém interminável de palavrões que existe dentro de cada homem. Pelo dedo mindinho do pé. Aí, garanto eu, somos todos iguais.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
03 maio 2013
«Vagina, essa incompreendida» - Webzine Muro
A malta amiga da Webzine Muro publicou este post que pedi para divulgar aqui:
"Cheguei hoje à conclusão que os homens têm medo da vagina, a maior parte das guerras acabam por ser devido ao medo irracional do desconhecido, neste caso, a vagina. Todas as guerras religiosas e todas as regras fanáticas das religiões acabam por se basear na máxima "epa tu tapa-me isso que eu nem sei!" Os homens, provavelmente têm receio da responsabilidade de serem pais ou assim. Quando se vai para Padre (que quer dizer mais ou menos "pai" ironicamente) conseguem fugir a essa responsabilidade, mas depois, como começam a ressacar, pegam (por trás) nos filhos dos outros Pais, e estes, quase que começam a acreditar em milagres para ver se aquilo acaba rápido. Fica assim uma dualidade entre ser crente ou descrente, mas acho que isso depende da quantidade do lubrificante não sei. Em relação às guerras islâmicas com os seus fanáticos fofinhos e explosivos... eles rebentam-se para irem para o paraíso, para terem assim imensas virgens (já mencionei isto antes em sede própria). Portanto... Pregam uma religião que censura tudo e que vê pecado em quase tudo para terem direito a um harém cheio de gajas."
Webzine Muro
"Cheguei hoje à conclusão que os homens têm medo da vagina, a maior parte das guerras acabam por ser devido ao medo irracional do desconhecido, neste caso, a vagina. Todas as guerras religiosas e todas as regras fanáticas das religiões acabam por se basear na máxima "epa tu tapa-me isso que eu nem sei!" Os homens, provavelmente têm receio da responsabilidade de serem pais ou assim. Quando se vai para Padre (que quer dizer mais ou menos "pai" ironicamente) conseguem fugir a essa responsabilidade, mas depois, como começam a ressacar, pegam (por trás) nos filhos dos outros Pais, e estes, quase que começam a acreditar em milagres para ver se aquilo acaba rápido. Fica assim uma dualidade entre ser crente ou descrente, mas acho que isso depende da quantidade do lubrificante não sei. Em relação às guerras islâmicas com os seus fanáticos fofinhos e explosivos... eles rebentam-se para irem para o paraíso, para terem assim imensas virgens (já mencionei isto antes em sede própria). Portanto... Pregam uma religião que censura tudo e que vê pecado em quase tudo para terem direito a um harém cheio de gajas."
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