
Os homens são, em geral, mais asneirentos do que as mulheres. Nunca fiz essa conta, claro, mas estou convencido que sim. É que as mulheres, embora também as digam, fazem-no menos vezes e apenas quando estão chateadas. É preciso ser mulher para conseguir tratar bem um palavrão, de forma a dar-lhe delicadeza suficiente para a transformar num aromático voo de borboleta.
Nas mulheres, assim, as asneiras são para ser levadas a sério. Quando o vocabulário vernáculo mais pesadão ultrapassa os lábios femininos é porque alguma coisa está realmente mal. É por isso, e só por isso, que um homem não deve dizer muito asneiredo quando está acompanhado por uma mulher. Descredibiliza o palavrão. Retira-lhe substância e torna-o ordinário. É uma espécie de história do Pedro e do Lobo: se um gajo diz asneiredo a mais, chegará o dia em que quer dizê-lo porque está realmente fodido chateado com a vida e ela não o leva a sério.
Aliás, quando um homem chega a esse intenso nível obscurantista do vocabulário, é quando uma mulher começa a fazer contas e a pensar que escolheu como companheiro para a vida, não um homem, mas sim um martelo pneumático com pénis. É também quando ela, para se distanciar de tal alarvidade, passa ao nível zero de asneiredo.
É claro que uma mulher que afirma nunca ter dito nenhum palavrão na vida mente descaradamente, a não ser que nunca tenha batido com o dedo mindinho de um pé na esquina de um móvel, percalço que já aconteceu a todos os habitantes deste planeta que vivem em casas ou apartamentos. Portanto é essa a forma de fazer uma mulher entender o armazém interminável de palavrões que existe dentro de cada homem. Pelo dedo mindinho do pé. Aí, garanto eu, somos todos iguais.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»