15 agosto 2013

Angélica Liddell - «Love Exposure: Yoko's Corinthians 13 Speech. Beethoven - Symphony No 7»

Teatro Taborda, Lisboa
35º CITEMOR - Festival de Montemor-o-Velho
Julho de 2013
Vídeo de Hugo Barbosa e Pamela Gallo
Criação: Angélica Liddell
Interpretação: Angélica Liddell, Gumersindo Puche e Lola Jiménez
Produção executiva: Gumersindo Puche
Assistente de produção: Mamen Adeva
Iluminação: Octavio Gomez
Tradução: Maria José Vitorino
Apoios: A Escola da Noite, Escola Superior de Dança, Festival Temps d'Images, Teatro da Garagem.


ESPECTÁCULO I "LOVE EXPOSURE: YOKO'S CORINTHIANS 13 SPEECH. BEETHOVEN - SYMPHONY NO 7 " I ANGÉLICA LIDDELL from CITEMOR on Vimeo.

Postalinho alentejano

"Às portas de Alvito (de quem chega de Évora), junto à estrada.
(Por momentos, perde-se a concentração na condução...)"
Marco António

nós

esta noite,

meu amor,

tu e eu

fomos nós...

Nem... consigo... pensar... num título... para isto...


Foto VanWyck Photography

Via Danish Principle

14 agosto 2013

«A cara-metade» - João

"Que coisa é essa da cara-metade, minha gente? Deixai-vos disso, que as caras não se querem metades. Não se querem pessoas incompletas, que apenas estão inteiras quando estão juntas a alguém. Eu não quero que sejas a minha cara-metade, nem tão pouco quero eu ser a tua, por muito que saibamos ser cada um a parte que o outro quer. Ser-se cara-metade de alguém é ser-se imcompleto. E o que queremos, bem vistas as coisas, não é isso. Queremos ser um, e que o outro seja também um, e que um e outro sejam, juntos, mais que dois, criando uma união cuja cumplicidade se torna maior que a soma das parcelas.
Só está bem quem está inteiro. Uma relação não se faz de fracções. As fracções criam clastos, dão origem a relações com fissuras que abrem ou deslizam com o tempo, e nada se aguenta quando está fissurado porque as pessoas não estão inteiras. As relações fazem-se de gente inteira. Gente que é una, que está ciente de si, de quem é, capaz de sobreviver por si própria. A magia é ser capaz de sobreviver inteiro e sozinho, e querer fazê-lo com outra pessoa que também é capaz do mesmo. Não há dependência nem anulação. Um e um. Mais que dois. O amor é coisa para isso e eu não quero que sejas a minha cara-metade. Quero-te inteira."

João
Geografia das Curvas

Postalinho dos Paos feitos de Beja

"Mais um mimo da minha cidade"
Madalena


«conversa 2009» - bagaço amarelo

Ela - Os homens são qualquer coisa, realmente. Um vizinho meu, casado e com filhos, desceu ontem comigo no elevador e fez-se a mim.
Eu - Fez-se a ti, como?
Ela - Perguntou-me se eu estava bem, depois começou a dizer que eu parecia muito bem e que sempre me achou muito bonita. Já na porta do prédio, disse-me que a relação dele com a mulher não está muito bem...
Eu - Sim, é conversa de engate.
Ela - Pois, mas ele é casado e com filhos. Pior ainda, eu conheço a mulher dele.
Eu - Também só o aturas se quiseres...
Ela - Sim, isso é verdade. Agora há duas hipóteses.
Eu - Que hipóteses?
Ela - Ou corto definitivamente com o gajo e deixo de lhe dar confiança, ou então vou uma vez para a cama com ele, na casa dele, e esqueço-me das minhas cuecas bem lá no fundo dos lençóis...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Nua cheia» - o Amigo de Alex


Montagem d'O Amigo de Alex

13 agosto 2013

Tax free

Realmente, se excluirmos a complicação das emoções que lhe estão associadas, o sexo é uma forma muito simples de passar tempo de qualidade.

«Foi a primavera que te trouxe» - Susana Duarte

Foi a primavera que te trouxe,
como a todas as coisas raras.

Foi a primavera que te trouxe.

Vieste com as camélias refulgentes da cor rubra
dos meus olhos quando, por entre os cílios,
antevi os dedos dos teus dedos, a salvação
escrita no peito, e a eternidade do brilho
das águas.

Foi a primavera que te trouxe,
como a todas as coisas raras.

Sobre as ondulações do peito,

escrevi todos os lexemas
que, na foz da palavra,
se ditaram
na alma.

E tu, que vieste com a primavera,

escreveste em mim todos os significados
das noites
e dos dias.



Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Dois desenhos originais...

... da minha colecção, em tinta da china, no formato A4.



12 agosto 2013

no dia da morte de Urbano Tavares Rodrigues...

... os poderes estabelecidos, uma vez mais, pouco mais fizeram que silenciá-lo. E, no entanto, aí está um exemplo acabado de um escritor inconformista a quem devemos tanto da coragem das palavras e das ideias que elas nos dão como alimento.

Singela homenagem esta, a minha, mas aqui a deixo, recorrendo a um belíssimo texto de sua autoria que tem tanto a ver com tudo quanto por aqui se vai passando:


O Fim do Amor Trágico e Romântico?

Vivemos, de facto, numa época em que a noção de amor trágico e romântico, que herdámos do século dezanove, se tornou inactual, embora continue ainda a ser vivida por muitos - e até com o carácter de construção moral e estética - essa relação extremamente apaixonada, exigente e exclusiva. A reclamação da liberdade erótica não me parece que de algum modo tenda a degradar a vida, conquanto possa dessublimizá-la e do mesmo passo desmistificá-la, precisamente no propósito de a tornar mais lúcida e mais generosa. Afigura-se-me que na contestação de todas as prepotências firmadas em preconceitos, em princípios estabelecidos apriorísticamente, há sempre um nexo muito íntimo entre a reinvindicação da liberdade erótica, da liberdade no trabalho e da liberdade política. E, naturalmente, quando se dá uma explosão desta espécie, é como uma pedra que rola e que vai agregando uma série de materiais e descobrindo a sua própria composição até às zonas mais profundas da sua estrutura.

- Urbano Tavares Rodrigues, in "Ensaios de Escreviver".

A falta imensa que sempre nos fazem os espíritos lúcidos e esclarecidos...