02 janeiro 2014

«O naco» - Patife

Esta convidou-me para jantar. Sendo mais virado para o sim do que para o não, acabei por aceitar. Confesso que com esta idade já não tenho muita pachorra para ter de as levar a jantar antes de as pinar. Um gajo com uma picha deste tamanho não devia ser sujeito a isto. O Pacheco já varreu muita pachacha ao longo da vida para ainda ter de passar pelos pró-formas de uma refeição pré-pranchada. Mas como sou educado aceitei. Pensei que íamos comer, beber e sair num instante para começar a pinar desenfreadamente. Mas não. Ao que parece esta queria conversar e “conhecer-me melhor”. “Conhecer melhor” antes de pinar é coisa de quem já tem muitos quilómetros de picha na senisga e que agora tenta, em vão, recuperar alguma da honra fodenga. Mas como eu já tenho muitos anos disto, apressei-me a pedir o prato ao garçon para despachar o assunto. E não me enganei. Eu comi naco. Já ela comeu nacona.

Patife
Blog «fode, fode, patife»

Gajas!...

Crica para veres toda a história
Inveja


1 página

01 janeiro 2014

E...



Marco António

«Sem esforço, nem acerto» - João

"Acordei sem razão especial nem hora marcada. Rodei a cabeça na direcção do relógio e passava pouco das três da manhã. A tua perna estava lançada sobre mim, como tantas vezes acontecia. Gostavas de fazê-lo, e eu também. Talvez fosse para eu não fugir. Não sei. Não me importa. Sentindo o meu corpo mover-se, mexeste-te e mudaste de posição, de costas para mim. E eu cheguei-me a ti, encostei-me ao teu corpo, também como tantas vezes. Gostava de fazê-lo. E tu também. Por felicidade da nossa anatomia, enquanto perdia o meu nariz no teu cabelo e as nossas coxas se tocavam, perfeitamente alinhados e tu molhada, o meu caralho cresceu até entrar sozinho na tua cona. Sem esforço, nem acerto. Só compasso, naquela hora do lobo, em que afundado nos teus cabelos e tu gemendo baixinho nos permitimos vir, ficando depois assim, agarrados, apertados, alheios ao frio do mundo, até ser dia novamente e partirmos, mundanos, aos afazeres interrompidos, a espaços, por sorrisos silenciosos que ninguém sabia ao que vinham, mas eram apenas a antecipação de mais uma noite, de mais um inconfessável entre as nossas paredes."
João
Geografia das Curvas

«conversa 2037» - bagaço amarelo

Ela - Mas que naco de gajo que conheci hoje!
Eu - Então?
Ela - Um homem com umas mãos enormes. Sempre adorei homens com mãos grandes.
Eu - Mãos grandes?! A que propósito?
Ela - Tenho mesmo que te explicar?
Eu - Tens.
Ela - olha bem para mim.
Eu - Sim...
Ela - O que é que eu tenho grande e que precisa de mãos grandes para apertar?
Eu - O nariz?
Ela - Eu tenho mãos pequenas, mas levas já duas chapadas.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Aceita os meus cumprimentos...



Via Bernard Perroud

31 dezembro 2013

«Balkan Erotic Epic» - Marina Abramovic

A ideia é esta: Marina Abramovic explora neste trabalho/ instalação a forma como a sexualidade foi definida pela tradição pagã balcânica.


Marina Abramovic - Balkan Erotic Epic - from HaufenMag on Vimeo.

A FODA COMO ELA É (VII) - Formação Profissional: Escolas de Putedo

Ginásio do Instituto de Formação Profissional do Amor, projecto de Tomás Taveira
Por esta altura, já todos se puseram de acordo sobre o assunto, entretanto despido das vestes garridas da controvérsia. Os préstimos ancestrais das mercenárias, mercenários, bi-trans-mercenários - puta de confusão! - do amor, deviam ser legalizados, profissionalizados e tributados, como acontece em países de civilização mais fina. Mas em momentos de cavaqueira, o "ora veja" amiúde fica-se pela tributação, dada a irresistível tendência lusitana para a torpe inveja. Avancemos um pouco no exercício conjectural.

Está, então, a prostituição regulamentada por decreto-lei, publicado em Diário da República, e quem a exerce passa factura, paga IRS e o cardápio inclui preços com IVA. O negócio organiza-se e complica-se, nascem empresas de serviços generalistas e especializados, com entrega ao domicílio, departamentos de recursos humanos, linhas de apoio ao cliente, livro de reclamações e toda a parafernália. Naturalmente, aumenta a exigência sobre as competências das horizontais, no exercício de seu mister. A saída da clandestinidade desvia parte da atenção do cliente, da situação para a qualidade do serviço. E já não chegam as dicas de calejadas, nem os work-chupe das madames para se manterem as páginas imaculadas de reclamações. Impõe-se formação sistematizada, com teoria e prática, oficialmente certificada pelo ministério competente. Não é só escachar o chispe, arregaçar prepúcios a eito, enfim passar o rato reclinada numa poltrona, tasquinhando tremoços de uma selha em plástico ao alcance da mão, enquanto o outro se alivia. A profissional de categoria conjuga na mesma pessoa a hábil, delicada gueisha com a mais devassa Messalina. Um comentário desacertado pode inutilizar um broche de valor histórico. Pelo contrário, sempre que puta de talento sabe predispor, o êxtase de seu amigo é completo. Ficai certos de que levará dali mais do que uma insistente comichão no escroto, em jeito de recordação. 
Diz-se ser a mais velha das ocupações, mas será também a que sofre os piores efeitos da falta de profissionalismo. É por estas que critico putanheiro que esfregue as mãos de contente à ideia da legalização. Não estão a ver bem o filme: sem uma Escola Técnica de Putedo, encartada pelo Estado, seria o mesmo que transformar esquinas em casas de banho públicas. Muito higiénico, mas nada erótico.

«Verbo» - Susana Duarte

um dia, saberei conjugar todos os verbos
-mesmo os verbos de ser arriba
escarpada
sobranceira-
e, ao conjugá-los, saberei onde estás:

manhã orvalhada de todas as palavras
de antes, desfloradas em neblinas
onde gotas de geada quebram folhas
suaves, lentas folhas
de chuva antiga
que me acende (caminhos?)

conjugo o verbo-palavra mitigada
pelo bater de asas suave
da leve
ondulação das águas
e, ao dizer da eloquência
dos sons, procuro ainda.

procuro o abrigo das asas

rectrizes de todos os uivos,

voos lentos dos meus braços curvos.



Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Casal asiático

Peça trabalhada em madeira com mecanismo articulado.
Origem: Ásia?
A partir de agora na minha colecção.




Casal asiático from São Rosas on Vimeo.

30 dezembro 2013

Aula de boquete (sim, sim, um broche)

«respostas a perguntas inexistentes (262)» - bagaço amarelo

Regresso à luz que costuma visitar-me todas as noites sós. Aquela que vem, trémula, dum fraco candeeiro público e se deita silenciosamente no meu sofá. Deito-me com ela, sem sexo, e abraço-a. Conversamos sobre a pressa dos dias que passam e se ultrapassam, sobre como o Amor neles se acanha e, finalmente, sobre o sabor dum copo de uísque novo. Digo-lhe que contei pelos dedos os sorrisos que vi hoje, durante todo o dia, na rua e no café da esquina. Enfim, no meu pequeno mundo.

- Quantos?
- Cabem todos numa só mão.
- Então fecha-a e guarda-os.

Regresso a um baloiço velho, já velho quando eu era criança, onde os dias baloiçavam numa tontura desigual. Era a Helena, que ia sempre mais alto do que eu e depois punha-se em pé. Chegava a ficar na horizontal, quando atingia a altura máxima atrás ou à frente e eu, com medo, a dizer-lhe que não me apetecia baloiçar. Quando o fiz, caí, e ela saltou lá de cima para me secar as lágrimas. Deu-me a mão para me ajudar a levantar e eu fechei-a, para guardar a sensação do toque dela.

Regresso a uma incerteza que nada sôfrega no meu copo de uísque.

- Lembras-te de mim?


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «Para atravessar…» de Sofia de Mello B. e Andresen

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Sofia de Mello B. e Andresen
(Porto, 6 de Novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004) 
foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX. Foi a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões, em 1999.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa