12 abril 2015

Paolo Pasolini - «Salo 120 Giornate di Sodoma» (filme completo)


Paolo Pasolini Salo 120 Giornate di Sodoma from Vitruvius Technologos on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Os lagartos ao sol» de Alexandre O’Neill


Expõe ao sol a perna escalavrada,
no jardim do Príncipe Real,
uma velha inglesa. Não há nada
tão bonito (pra mim), so natural.

E conversamos: “Helioterapia
medicina barata em Portugal”.
Accionista do sol, ajudo à missa:
“But, não muito, que senão faz mal”.

Gozosos, eu e a velha, ali ficamos
à mercê de meninos e marçanos.
Ela, a inglesa, de perninha à vela;
e eu, o português, à perna dela.

Talvez que, se Briol nos conservara,
alguém um dia nos ajardinara.

Alexandre O’Neill
Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill (Lisboa, 19 de Dezembro de 1924 - Lisboa, 21 de Agosto de 1986), ou simplesmente Alexandre O'Neill, descendente de irlandeses, foi um importante poeta do movimento surrealista.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Elevador do Lavra


(Foto © J.P. Sousa, 2007, Creep)

Desde que a pila passou a despertar todas as manhãs como um relógio suíço optou pelas mulheres mais velhas para se livrar da camada de rococós necessários para uma miúda fazer uma coisa tão simples como abrir as pernas e deixá-lo ir.

Mais a mais, o tempo ensinou-lhe ainda estudante que as mulheres independentes em matéria financeira não se importavam com a falta de dinheiro nos bolsos desde que não faltasse o afluxo sanguíneo à charrua e pagavam tudo e mais umas botas. E para manter o trabalho de campo bastava fingir agrado em satisfazer o mais pequeno capricho, como uma inenarrável visita a uma loja para escolher uma roupinha.

Lavrando nestes procedimentos conseguiu da sua primeira chefe privilégios no trabalho e muitas farras até com férias pagas mas nada em seu nome pelo que começou a amanhar as amigas da casa com mais de sete anos de casamento e rapidamente aumentou o seu património com muita saliva e crescente técnica de retenção do produto mais tempo na fonte.

Neste efeito bola de neve conheceu e finalmente casou com uma viúva proprietária de um império hoteleiro onde combate o tédio dando aulas de golfe a jovenzinhas de pernas esguias com um capitel de calçõezinhos flutuantes e palas na testa a fazerem sombra no peito que estrebucha no pólo porque cada um é para o que se faz e é isto que ele sabe cultivar.


É o fado...

A minha maior desilusão é só ter 30cm de pila. Fiquei a um escasso centímetro de poder usar a expressão “31 de boca” com toda a legitimidade

Patife
@FF_Patife no Twitter

11 abril 2015

Fashion Fetish


SHOWstudio: Fashion Fetish - 'Oyster' by Marie Schuller from SHOWstudio on Vimeo.

«Prazer» - por Rui Felício

Pedi à Sandra que me dissesse o que era, para ela, ter prazer.
A resposta escrita, bela, mas inesperada, foi esta:
Ter prazer é a sensação do chocolate a derreter-se lentamente na boca e a língua a passar nos lábios para os limpar do liquido doce e acastanhado que escorre.
Prazer é sentir a chuva a bater na cara e no corpo ou adormecer ao crepúsculo de um dia quente, na praia.
Também é prazer o cheiro da terra seca amaciada pelas primeiras chuvadas de Outono.
Sentir prazer é o cheiro e o ruído da lenha a crepitar na lareira nas noites frias de inverno.
O máximo prazer, porém, é estar numa dessas noites, enrolada no sofá em frente à lareira, descalça, e adormecer agarrada àquele ente especial , meigo e adorado, que me acorda horas depois, sussurrando-me ao ouvido com o seu melodioso: Miaaauuu!

Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Mulher nua com serpente e com dedo na boca

Estatueta em resina da minha colecção.


Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

«Vamos brincar?» - Adão Iturrusgarai


10 abril 2015

«Bohemian Carsody» - SketchShe

Não sei porquê mas adoro esta versão da «Bohemian Rapsody» dos Queen.
"Mamaaaaa!..."

Oh, que saudades do Verão...


Via Native Nudity

«Ladrão de beijos» - João

"Atrás de ti só a parede. Há sempre uma parede, vês? Parece um fetiche qualquer. Mas havia uma parede, e a porta encostada, devagarinho, para não fazer barulho. E o teu corpo pressionado contra o edifício que nos segurava, suspensos no ar, a metros do chão, a metros das outras pessoas. Pressionava-te eu, encostava-me eu a ti. Roubei-te beijos, fui ave de rapina. Havia escadas. Também havia escadas. Havia sempre escadas e um pedacito de privacidade fugaz, e roubei-te beijos. Roubei-te muitos beijos. Ao sol, à chuva, devagar e com pressa. Desculpa se não sei beijar de um modo que aproxime o Sol de nós, desculpa se não tive tempo de aprender, se não me pudeste ensinar. Tive de fazer outras coisas, e tu viste tão à frente, e eu lembro-me de me surpreender com sugestões de não fazer um almoço, fazer antes um jantar, mais tarde, agora não, mais tarde, ao final do dia, mas tu viste tão à frente, e eu tão cego. Beijo-te depois, ensinas-me depois, com parede ou sem parede, a metros do chão ou deitados a ondular com a água e o vento, a subir ou a descer escadas, não importa. Roubei-te muitos beijos, mas não precisava, porque estavas sempre ali para mos oferecer. E às vezes, às vezes quando chegava já as trancas estavam caídas no chão. Assalta-me, parecias pedir. Rouba-me os beijos todos. E eu fazia-me malandro. A maltratar uma donzela indefesa, que só tinha amor para dar, nas mãos, na ponta dos dedos que me buscavam, num ronronar ao Sol que entrava diagonal e traçava linhas no chão e curvas em nós. De todos esses beijos que roubei, nem um vendi, nenhum ofereci, guardei-os todos."

João
Geografia das Curvas