Encostado a uma coluna, com um cigarro nos lábios, cigarro que usava só nesses momentos para uns instantes de “banga”, de estilo que a puberdade nos dá mesmo que não tenhamos estilo nenhum, mas é próprio da idade, olhava para mais um rodopio no salão onde tantas vezes nos víamos. Outros pares dançavam mas eu não tinha pressa. Sabia que mais tarde ou mais cedo iríamos enlaçar nossos braços.
A esperança que domingo a domingo me fazia ali voltar era que não havia volta a dar que não fossem as voltas ao som de uma música que nos enlevasse, nos transportasse para um outro lugar e nada mais contaria.
Os rapazes de longe faziam sinais para as “garinas”, de longe e não de perto não fossem levar uma “tampa” e seria um riso perdido e de chacota entre os amigos por esse motivo.
As músicas continuavam e eu sem me mexer, aguardando a música ideal.
Aqui e ali os pais olhavam as filhas não fosse o “marmanjo” aproveitar-se da ocasião, afoitar-se demais e colocar a sua perna entre as pernas da menina, ou encostar-se aos peitos e mesmo com “travão” não havia forma de evitar o aperto. O olhar severo do pai tudo dizia, nada de excessos!
De repente ouvem-se os acordes de um tango, Apago o cigarro, dirijo-me para o local onde te encontravas com as tuas amigas.
Faço-te sinal com a cabeça, dirigiste-te a mim, enlaçamos os braços, tudo parou e o salão foi só nosso.
Mário Lima
Blog O sonhador