Pela escrita, e também pela conversa, se nota quem escreve mais do que aquilo que pratica. Não pela ausência ou fartura da sua prática, mas mais pela desfasagem entre o desejo e o acto consumado. A verborreia alimenta-se da necessidade de preencher o vazio que só quem escreve sente, lá bem no fundo. Este desejo profundo que cria prosadores e poetas, quer sempre mais. Numa insatisfação permanente, qual musa, usa e abusa das palavras como escape para o acto que não lhe enche as medidas. Que fica sempre aquém do desejado. Que se desculpa com a ausência, com a distância, com a correspondência, com o desencontro. E por isso fala com o resto do corpo...
A satisfação contenta, coarcta, colmata, faz perigar o desejo.
A insatisfação não consegue, mas tenta. Não acalma, mas perturba. Não conserva, mas corrói. Não assimila, mas chupa do corpo, intumescendo a vontade...
Finalmente descobri por que razão eu escrevo pouco :O)
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