19 março 2018

Mulheres de pêlo na venta

Esta manhã acordei com um espalhafato bairrista à minha porta. Ainda mal tinha iniciado o processo de apaziguamento do morning glory do meu pincel, que me obriga a fazer o pino todas as manhãs para conseguir acertar na sanita, quando ouço o bradar do meu nome, em exaltação total: “Anda cá, Patife! Abre a porta que temos de falar! Não julgues que te escapas assim. Eu não sou como as outras. Não aceito isto! Se não me queres mais, vais ter de me dizer isso nos olhos. Isso de pinar e zarpar é para as gajas da margem sul!”. Curiosamente nenhuma mulher da margem sul me fez um espetáculo de pé de chinelo destes à porta de casa. Mas pronto. Podia ser do fraco raciocínio matinal mas nunca percebi esta mania do dizer as coisas nos olhos. Achas que o discurso muda por ter a tua linda cara à minha frente, patetinha? Olha lá, não posso só assomar-me à janela e dizer-te para ires para casa, que não estou assim tão interessado? Eu acho que só tenho paciência para aturar estas coisas porque reconheço que quem leva com este portentoso bacamarte, secundado por um menear de ancas digno de ginasta olímpico, depois fica “ó-cio ó-cio que não consigo agora voltar para aquelas coisinhas murchas e enfadonhas”. Tento ser compreensivo porque lhes dei a conhecer um admirável fundo novo e depois têm medo de não encontrar uma pichota que lhes preencha o vazio criado pelo meu bordalo de proporções epopeicas. Daí a histeria que algumas não sabem gerir e eu tenho o cavalheirismo e acto cívico de a tentar aplacar. Por isso, mandei-a subir. Ouvia-lhe os passos a subir as escadas, trémulos, apesar de vir a treinar o discurso, que bem a ouvi entrementes. Uma vez cá em cima a ira parecia ter desaparecido. Quase que lhe encontrei um olhar terno. Mas eu cá sou sabido e sei que aquilo ainda lhe está ali à boca de cena a arder no peito. Como não queria prolongar o jogo, expliquei-lhe simplesmente que para o Patife uma vez é ocasional, duas é relacional. Ui. O que fui dizer. Aquela estouvada da crica, possessa da pachacha, pantufeira de bocarra brocheira, devassa de bardanasca lassa, ficou com os olhos raiados de sangue, vociferando que as coisas não são assim e que ela é diferente e que não permite coisas destas porque é uma mulher que se dá ao respeito e muito senhora de si. A forma como a aviei à canzana a noite passada perante uma chuva de impropérios sexuais tira-lhe alguma credibilidade. Depois acabei por finalmente conseguir abrir os olhos ainda meio-adormecidos e reparei no seu singular rosto sob a luz solar que entra alaranjada e morna pela minha sala adentro e se desmancha em cheio na sua face esquerda. E tudo se iluminou. Não me entres de manhã pela casa a dizer que és uma mulher cheia de pêlo na venta, quando na verdade o que tens é buço.

Patife
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"Podíamos estar na nisto a vida toda... digo, na morte!"

Crica para veres toda a história
Entretanto, no inferno...


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18 março 2018

«coisas que fascinam (210)» - bagaço amarelo

fotografia

A beleza física interessa, claro que sim. Não é daquela beleza que leva uma mulher a ser Miss Colômbia que falo. Mas é beleza, é corpo e é importante.
Falo da beleza que leva um homem a conhecer uma mulher através duma fotografia, mesmo que não a tenha conhecido pessoalmente nem sequer por cinco segundos. A beleza que lhe permite imaginar-lhe uma voz, um comportamento, um abraço, um beijo ou uma frase. Na verdade, permite-lhe imaginar cada segundo sobre ela.
É muito possível que ela não corresponda a nada disso. Não faz mal, porque chega para ele se apaixonar por ela. É por isso que a beleza física interessa.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Auto-retrato» de Helmut Newton


Ponto de marmelo



O marmelo tinha uns trinta anos mas vociferava para o comensal da frente, segurança de profissão como ele, que a honra é que é o ponto. Contava em decibéis largos que tinha sido abandonado pela mulher com quem vivia há bastantes meses e infernizava-o ela ter feito questão de lhe comunicar a coabitação com outro, logo a ele, que era como o seu paizinho que nunca traíra a sua mãe, que ele bem o sabia, embora já ela, coisa que ele nunca lhe perdoaria, se tivesse metido na cama com outro homem que não o seu paizinho, mesmo tendo ela pedido desculpa e recordado que o pai lhe batia como ele vira tantas vezes e que não o podia abandonar a ele e à irmã mas que uma mulher não era de ferro e tinha de ter alguma alegria na vida.
O casaco do uniforme militarizado estava nas costas da cadeira e ele cofiava o cabelinho de um milímetro de altura enquanto desfiava o rosário de lhe ter tocado a ele uma coisa daquelas, a ele que nunca gostara de pretos desde os tempos da escola da Damaia e que teve logo de ir meter-se com uma brasileira. Branca claro, mas brasileira que só porque encontra um gajo mais giro o deixa logo apeado, a ele um defensor da monogamia, quanto mais não seja por causa das doenças.
Levou a mão à face para conferir a pele escanhoada e virou-se ostensivamente para a minha bica lhe ler o futuro, quiçá nas borras do café e lá tive de lhe responder que o futuro só podia ser um penso higiénico, branquinho e absorvente mas tão cheio de coisas putrefactas e fétidas que o mais ecológico seria reciclá-lo.

"Dás-me ponta!"

17 março 2018

«o teu corpo» - Susana Duarte

o teu corpo
é no teu corpo
que incendeio o verbo
e colho
a tempestade
das mãos
descubro, nelas,
 o latejar
das luzes
secas 
 as palavras
e o corpo
o meu,
 na memória nua
com que te deito
 os braços
e me cubro
 e vivo.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Postalinho da Feira sem Regras

"Na Feira sem Regras, em Santa Clara (Coimbra), mostra-se que há alguns cafés que fazem melhor companhia do que outros."
Paulo M.



A autobiografia de uma pulga

Romance erótico de autor anónimo.
Uma pulga coscuvilheira junta-se a outros clássicos do erotismo na minha colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

16 março 2018

«Yakigasm lámen» - Puro Êxtase

Cherry Alves enfrenta (com golpes baixos) o Satisfyer Pro 2.

A senhora à beira da A1

Ao escavar os arquivos fotográficos, deparei com esta fotografia que estava esquecida num canto ciberneticamente mais poeirento, registada no decurso de um pequeno périplo pela Croácia.


Mas o que significa afinal isto e onde se situa?


Basicamente, quem viajar pela auto-estrada A1 que liga Split a Zagreb e decidir que precisa de relaxar ou -porque não?- eventualmente de fazer um pouco de exercício, pode sempre parar na área de serviço de Krka e visitar esta senhora, que se encontra todos os dias no mesmo sítio, à beira da estrada. Aliás, ao que parece, é visitada todos os dias por dezenas e, nos dias mais movimentados, até por centenas de viajantes.


Trata-se, evidentemente da Gospa od Puta, Nossa Senhora da Boa Viagem em bom português, e é a maior estátua mariana deste país dos Balcãs. Do sítio onde se encontra tem-se uma vista fantástica sobre o estuário do Brljansko.


Foto tirada daqui


«Sei-te de Cor» - Mário Lima




"Sei de cor as Curvas do teu corpo"

Mário Lima

#pichaférica - Ruim

Tomem lá parte do texto do standup de 28/10/2017 na Mundet Factory

(...) Mas o verdadeiro terror vem a seguir nos balneários quando nos despimos. Estar nu ao pé de um gajo do crossfit é a coisa mais descolhoante do mundo. É que até a picha daqueles gajos é musculada e tem um six pack. A minha picha não é gorda e deveria ser, segundo a mesma lógica *transição*

Amanha já estou a ver a cena: vocês todos na página a dizer que eu olho para as pichas em balneários. “Txiiii… o Ruim curte bué picha!”. Eu gosto de dizer picha. É engraçado, não é? “PICHA”. “PICHOTA”. Tem uma fonia agradável à boca. Eu tenho uma picha. Não tenho uma pila. Os miúdos é que têm pilas. Também não tenho um C#RAAAAAAAAAAAAALHO. Isso é muito agressivo. O meu pénis não é um c#ralho, o meu pénis é uma picha.

Não costumo olhar para pichas em balneários. Elas andam lá. Há uma diferença entre VER uma picha e OLHAR para uma picha. Olhar para uma picha é observar a picha, ok? É tipo *gesto de observação* hmmm.. bela picha!”. É algo intencional e tem um objectivo. Ver uma picha é completamente circunstancial. Algo do momento. E quando ocorre, é devido à visão PICHAFÉRICA. Todos os homens a têm. Num balneário as regras são simples: frente a frente, olhos nos olhos. Fixos *gesto*. Não descola. Aqui em baixo, as sardas *gesto*. Olhos nos olhos, ok? À nossa volta estão dezenas de pichas e nenhum de nós está a olhar para elas, mas a visão pichaférica está a vê-las. Não há nada a fazer em relação às pichas.

Eventualmente e por acidente, num desses momentos se virmos uma picha fabulosa, o nosso olhar pode descair. Há por aí muita picha fantástica e… nós olhamos e “uau.. que picha fantástica”. E não podemos elogiar. É algo que tem de ficar em segredo. O que eu adoraria de dizer a amigos meus que adoro as pichas deles. São pichas fantásticas.

Uma picha fantástica. Algo que eu nunca disse a ver porno... *transição*

Ruim
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