morre-se azul sob os escolhos de sal das (des)contruções
de areia. é no lugar das sementes, e dos sóis
verdes dos cabelos, que se morre azul.
com o sal das neblinas dos olhos, morre-se sombrio
ante as ondas submarinas do ventre, e escolhe-se
a vereda estranha dos dias salinos das lágrimas.
é no lugar delas que se morre, palavras
escorridas por entre as águas do peito.
são escuras, as palavras.
são claras, as palavras.
morre-se dentro delas, mar imprevisto de ondas alteradas.
morre-se. navega-se no sal dos cabelos, onde
o futuro é o olhar percorrido pelos dias
de antes.
morre-se. as ausências desmesuradas do sal
dos beijos são a morte silabada
dos dias.
os dias silabados serão sempre teus,
pequenos e intermitentes,
como a morte dos dedos.
mas serão dela, da mulher, os dias escritos com o sal-flor
das mãos inteiras.
Susana Duarte
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