Eram os finais dos anos sessenta, na Telecine. Um dia, estava eu no estúdio, chamaram-me ao telefone.
- Agora?
- Parece que é urgente.
- Quem é, Eugénia?
- Desculpe. É o senhor Ary dos Santos. Muito Urgente! Posso passar?
- Passe lá.
- Luís Couto?
- Sou eu. Diz.
- Luís, acabo de saber que fizemos um filme pornográfico!
- Um filme quê?!
A voz do Ary adquiriu aquela sonoridade por que ficou conhecida.
- POR NO GRÁ FI CO! Temos o filme PROIBIDO PELA CENSURA, a não ser que se repita um plano.
- Repete-se o plano.
- Quando?
- Suponho que amanhã. Eu já telefono. Mas que é que nós fizemos? Qual é o plano?
- O do pé. Ao sair da banheira.
- Mas até é um plano muito fechado.
- Não os conheces? Como NÃO se vê A TOALHA, é evidente que toda gente pode PERCEBER que a rapariga está PORNOGRAFICAMENTE NUA! Vamos repetir, para que se veja MUITO BEM que HÁ toalha.
Os comentários que se seguiram não vale a pena transcrever.
E lá se fez o filme como os senhores queriam, para poder passar na televisão de então.
Luís Couto
(via meu amigo Luís Gaspar)
Nota da rede à São - Por estas e por muitas outras, o meu nome hoje não é São Rosas e sim São Cravos.
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