18 dezembro 2018

A queima dos soutiens

Gravura em folha A3 com assinatura original do autor e reprodução em folha A4 da capa da revista «Inimigo Público» nº 39, suplemento do jornal «Público» aonde foi utilizada.
Junta-se a outros trabalhos de Nuno Saraiva, este grande artista e amigo na minha colecção.



A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

15 dezembro 2018

«eras tu» - Susana Duarte

eras tu, a árvore da minha vontade
de voar para onde as aves
falam de naufrágios
e de arribas
escondidas

pela erosão fácil da alma.

perdi os dias a falar com as ondas,
e as noites à procura do ar
lento que as aves
soletram,
apátridas

como as almas que deambulam
ao largo, onde o sargaço se move
e a praia é um lugar longe.

longe de ti, longe de mim
e do mundo das pessoas,
procurei ainda a sombra
azul das águas
entristecidas

pelas marés estranhas do ser.

não soube ir além da foz e, todavia,
eis o sorriso fácil da árvore
da vida, nascido
dos teus olhos
e derramado
como luz sobre a maré

onde, outrora, me uni
às arribas fósseis da vontade
de navegar,

para, em ti, ser soluço,
voz de ave,
maré indissolúvel.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
Facebook

«Negue» - Mário Lima



"Que o corpo cristalino deixa ver-se, 
Que tanto bem não é para esconder-se."
Camões

Mário Lima

«Um Natal diferente» - Rui Felício

(Há muitos anos, em Bissau,no tempo da guerra de África)

O Clube de Oficiais do QG de Bissau, tinha restaurante, bar, cinema, piscina e uma ampla área arborizada de mais de 20 hectares, ponteada por pequenas vivendas, onde viviam as altas patentes do exército. Era da capital que dirigiam a guerra da Guiné. Bem instalados, a maior parte deles nunca tinha posto os pés no mato que esse era o lugar para os milicianos...
Naquela sexta-feira à noite, véspera da noite da Consoada, o Major Beltrão estava em casa e mirava a sua mulher a arranjar-se para ir ao Clube de Mulheres de Bissau à reunião semanal de chá beneficente a favor da população desprotegida.
Aquela reunião iria ser diferente, mais sofisticada, por ser época de Natal.
Olhava-lhe a longa racha do vestido azul que deixava ver a parte lateral da coxa bem desenhada, apetitosa, provocante. O decote generoso mal escondia os seios alvos, firmes, palpitantes. Em frente ao espelho, ela retocava com baton vermelho vivo os lábios sensuais e o desejo do Major começava a tornar-se incontrolável. Não resistiu e pediu-lhe para ela não ir. Que ficasse em casa, que a sexta-feira era um dia especial e adequado para fazerem amor.Ela respondeu-lhe que também era isso o que lhe apetecia, mas que, sendo mulher de um oficial superior, parecia mal não ir. Era por causa do bom nome dele que fazia o esforço de assistir àquelas enfadonhas e cínicas reuniões de mulheres.
O major estranhava era que ela se aperaltasse toda, que se vestisse de forma tão sensual, para ir àquelas reuniões semanais. Além de que a maior parte dos seus colegas nunca lhe tinha falado nesse clube de mulheres. Já à porta, ela sorriu-lhe, beijou a palma da mão, soprou-a em direcção a ele, a simular um beijo, saiu e meteu-se no carro.
O major, desconfiado, chamou o ordenança, meteu-se no jeep e ordenou-lhe que seguisse o carro da mulher.
Pelo caminho, perguntou ao soldado se a mulher dele também ia ao Clube de Mulheres. O soldado sorriu e esclareceu-o que ela nunca saia de casa sozinha. Isso é que era bom!, dizia ele...Àquela hora estava a lavar os tachos e as panelas e a preparar as coisas para a Consoada do dia seguinte.
«Mulher escoltada»
1960. Taça em porcelana com mulher levantando
a saia, com meias de ligas, mostrando dois
soldados de chumbo. Peça de Raymond Peynet
para a Rosenthal, da colecção de
arte erótica «a funda São»
Na sua opinião, as mulheres têm de ser tratadas sempre com duas pedras na mão.
Ná! Com ela isso não aconteceria nunca. Andava sempre de rédea curta. E quando, por distracção, punha o pé fora do estribo, levava logo uma arrochada para se manter no lugar que lhe competia...- Ponho as mãos no lume por ela! Desculpe-me dizer-lhe, meu major, mas tem que ser mais rigoroso com a sua esposa para ela não descarrilar.
Chegados à baixa da cidade, viram a mulher do major a bambolear as ancas e a entrar no edifício do tal clube.
Desconfiado e roído de ciúmes, o major ordenou então ao soldado que fosse lá dentro e a trouxesse à sua presença. Ela é loura, como tu sabes, e está com um vestido azul. Minutos depois, o soldado saiu aos berros, arrastando uma mulher, toda descomposta, ao mesmo tempo que lhe ia descarregando uma saraivada de murros e pontapés.
O major saiu do jeep e gritou-lhe:
- Ouve lá, estás maluco? Essa é morena e tem um vestido vermelho. Não é a minha mulher, que é loira e traz um vestido azul!
- Pois não, respondeu o soldado, fora de si. Esta é a minha! Já lá volto para ir buscar a sua.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

14 dezembro 2018

«Café da manhã»

A Starbucks, com a sua rede de 30 mil lojas, proibiu a pornografia no seu WiFi gratuito, a partir de 2019. A YouPorn respondeu com a proibição do café da Starbucks nos seus escritórios.

Nus



HenriCartoon

#portasetravessas - Ruim

Bater em mulheres - apesar de fácil - não tem piada nenhuma. Hoje em dia é crime público, mas durante bastante tempo era uma coisa *não sei dizer isto sem soar mal* aceitável. Não me interpretem mal. Sou totalmente contra, por muita razão que se tenha. O que acontecia é que os homens levantavam a luva, maquilhavam a senhora a custo zero e depois tornavam todos cúmplices com a cantiga do "foi contra uma porta!". Ora, eu já fui contra portas e nenhuma delas me deixou parecido com um guaxinim (quanto muito, ganhei um galo). Eu sei o que estão a pensar: estou a usar demasiadas comparações com animais!

"Ela foi contra uma porta!" e todos fingiam acreditar. Isto era mau por duas razões: a primeira é que todos sabiam o que tinha acontecido mas não podiam fazer nada e alinhavam naquele teatrinho de merda. A segunda - que considero a pior consequência de todas - era a difamação de todos aqueles homens de bem que viviam com desajeitadas de merda que iam realmente contra portas e andavam sempre de focinho partido. "Ela foi contra uma porta outra vez! diziam eles. Ninguém acreditava nestas vítimas casadas com destrambelhadas e eram logo metidos no mesmo saco que os abusadores.

Essas deveriam ter levado a sério.

Ruim
no facebook