20 março 2019

19 março 2019

«poema por escrever» - Susana Duarte

há um poema por escrever
onde a vida alucina e uiva,

onde as ondas são marés
ruivas de desalento, e o poema


decadente
se inscreve nas veias
azuis de todos os dias.

onde mora o poema,
demoram-se as aves

apátridas
e os sonhos dúbios
das mulheres. são sempre dúbios,
os sonhos das mulheres.
são azuis e são negros
e são brancos
e vermelhos,

os sonhos das mulheres.
como os poemas por escrever,
as mulheres demoram-se
nos beirais dos dias. esperam

pelas aves, pelas palavras,
pelos filhos, e por serem apenas

isso: mulheres, poemas por escrever,
apátridas como as noites
onde gatos ciciam diálogos

incompreensíveis, e caminham
sós pelas ruas de antes.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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"Sharkinho retweetou"

- Por que razão a tua namorada te deixou?
- Ela perguntou quem eu escolheria para fazer um trio.
- E tu escolheste uma amiga dela...?
- Escolhi duas.


Amontoadora de palavras

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«Un Été à la campagne...

... Correspondance de deux jeunes parisiennes, recueillie par un auteur à la mode, et illustrés de douze gravures originales par Gaston Barret».

Romance de autor anónimo com 12 ilustrações de Gaston Barret.
Livro com caixa e folhas soltas. Exemplar nº 314 de 471.
Uma obra de arte na minha colecção.












A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

18 março 2019

Já vos disse que adoro publicidade?


HIV Foundation

«pensamentos catatónicos (349)» - bagaço amarelo


O rapaz caiu no meio da estrada. Estatelou-se no alcatrão ao mesmo tempo que gritou. Não percebi porquê. À partida não havia nada que o pudesse fazer cair, mas quando olhei já ele estava no chão, já a mãe corria na sua direcção deixando um saco de compras pelo caminho, já um carro travava a fundo para não o atropelar.
Foram dois segundos em que nada mais interessou para aquela gente. Só a vida.
Eu fechei os olhos para não ver, mas ainda vi mais. O carro não conseguiu parar a tempo e passou por cima do jovem do corpo do rapaz, que passou a ser cadáver. A mãe ajoelhou-se e abraçou a morte em silêncio. O condutor deixou-se estar com as mãos no volante e o olhar no infinito, em estado de choque.
Depois abri os olhos e nada disso tinha acontecido. O rapaz levantava-se devagar e sacudia a roupa com as próprias mãos, a mãe apanhava as compras do chão e o automóvel já passara por mim e desaparecera na primeira curva.
Fiquei parado por um momento. Os dois passaram por mim e pude reparar na força com que as mãos de mãe e filho se agarravam. Era a força de quem precisa de agarrar a vida a si mesmo e acabou de perceber que em alguns momentos não há força que chegue para o fazer.
Continuei a caminhar. Quando te vir de novo vou-te dar a mão com a mesma força, pensei. Só para que entre nós nada morra hoje.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Ela avisou... só não disse tudo!

Crica para veres toda a história
Toque de medo


1 página

17 março 2019

O fundo Baú - 8

O baú que deu início à colecção de
arte erótica «a funda São»
Em 10 de Dezembro de 2003, numa publicação com o título «Mulheres sentem-se desconfortáveis com a palavra "vagina"... mas São criativas», apresentei uma sugestão de nome para os genitais femininos. E terminava com esta constatação:

Como bem perguntou Graham Greene,
"para que é que Deus nos deu os genitais se queria que nós pensássemos de forma clara?"

Quatro milhões de visitas...

... em pouco mais de 15 anos, dá uma média de mais de 700 visitas por dia.
É obra!


Fenda


Via mon ami Bernard Perroud

Ex-voto 11


16 março 2019

«Eça tem Graça» - Fernando Gomes

No Largo Barão de Quintela, em Lisboa, a dois passos do Camões, ergue-se a estátua de Eça de Queiroz (1845-1900), obra de António Teixeira Lopes (1866-1942), inaugurada três anos após a morte do escritor. Devido a frequentes actos de vandalismo, a escultura original, em mármore, encontra-se no Museu da Cidade desde 2001, tendo sido substituída por uma réplica em bronze. Gravada na base do monumento, a frase que inspirou o escultor gaiense, retirada d’A Relíquia: Sobre a nudez forte da verdade, o manto diaphano da phantasia.

Consta que um velho criado da família da mulher de Eça, levado a ver a obra, terá dito:
— O patrão está bem, mas nunca pensei que a senhora dona Emília se prestasse a estas figuras.