09 abril 2019

«entristecidas» - Susana Duarte

eras tu, a árvore da minha vontade
de voar para onde as aves
falam de naufrágios
e de arribas
escondidas

pela erosão fácil da alma.

perdi os dias a falar com as ondas,

e as noites à procura do ar
lento que as aves
soletram,

apátridas

como as almas que deambulam
ao largo, onde o sargaço se move
e a praia é um lugar longe.

longe de ti, longe de mim
e do mundo das pessoas,
procurei ainda a sombra
azul das águas

entristecidas

pelas marés estranhas do ser.

não soube ir além da foz e, todavia,
eis o sorriso fácil da árvore
da vida, nascido
dos teus olhos
e derramado
como luz sobre a maré

onde, outrora, me uni
às arribas fósseis da vontade
de navegar,

para, em ti, ser soluço,
voz de ave,

maré indissolúvel.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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Matura idade

Um gajo da minha geração que desdenha mulheres acima dos 50 anos de idade só pode ser virgem. Ou murcho. Ou talvez imbecil.
Sim, discuto gostos. E atão?


Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Mulher e bicho

Estatueta em estanho de uma mulher nua deitada com um animal indeterminado (cão?) entre as suas pernas.
Quem me consegue ajudar a identificar este bicho, nesta peça da minha colecção?









A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

08 abril 2019

Já vos disse que adoro publicidade?


Prison Blues

«a mulher do táxi» - bagaço amarelo


Uma vez apaixonei-me por uma mulher num táxi. Como não lhe vi a face, do que me lembro é das luzes tristes dos candeeiros públicos da cidade e da estrada a passar por mim da mesma forma que todos os outros Amores da minha vida já tinham passado.
Quando abri a porta de trás para lhe perguntar se me podia levar até ao bairro de Darvenitsa, ela não virou a cara. Disse "da", que em búlgaro quer dizer sim, e fixou o olhar no vidro da frente como se a vida não tivesse mais opções do que seguir por aí, sempre em frente.
Ia a chorar e tinha olhos negros. Mais negros do que a noite, digo. E grandes. Vi-os no espelho retrovisor central durante dois ou três segundos. Por qualquer motivo que não sei explicar, percebi que ela chorava por Amor. Talvez tenha sido o choro, que é sempre diferente dos outros choros.
Todos sabem que chorar por Amor é fazer um pedido à vida, que uma situação se reverta. Depois, como nunca nada se reverte, deixa-se de chorar e olha-se em frente, o único caminho possível. As lágrimas são uma desilusão porque nunca fazem nada do que lhes pedimos, mas pelo menos servem para percebemos a direcção que devemos tomar.
No rádio do táxi passava uma música inglesa da qual me lembro que o primeiro verso era "In the morning I am a recluse lost in memories, ideal situations and convulsions" e o refrão apenas uma repetição da frase "We don't need nobody else".
Quando ela parou o táxi no bairro onde eu vivia, o contador marcava quase dez levs. Dei-lhe a nota por cima do ombro direito dela e as nossas mãos tocaram-se por um segundo. Depois ela amassou a nota como se odiasse dinheiro e a minha mão caiu-lhe nesse ombro como se fosse um floco de neve. Desejei-lhe boa sorte em pensamento, mas tenho a certeza que ela ouviu como se eu tivesse gritado.
Foi nesse momento que me apaixonei por ela. É impossível não me apaixonar por uma mulher capaz de ouvir o que eu penso.
O táxi dissolveu-se na noite enquanto eu atravessava a estrada. Nunca mais a vi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Precisa de um impermeável

Crica para veres toda a história
Aguaceiros


2 páginas

(crica em «next page» para continuares)

06 abril 2019

«À cautela» - Fernando Gomes

Jerivaldo tinha doze anos quando, ao espreitar pela fechadura da casa de banho, viu a madrasta nua no duche. Da esbelta figura, saltaram-lhe à vista os fartos seios e um orgulhoso membro, bem maior que o do pai. Esse momento marcá-lo-ia para sempre. Ainda hoje, casado para mais de quinze anos, espia a sua mulher a tomar banho, não vá o Diabo tecê-las.

Fernando Gomes

«Solta-se o beijo» - Mário Lima



"Solta-se um beijo teu, quando aos meus se vão juntar"

Mário Lima

«Rythmos da Hellada» - Narciso de Azevedo

Livro de poesia de 1919.
Oferta de Lourenço Moura para a colecção. Exemplar com ex-libris de Dr. Pedro Veiga.









A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 2.000 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
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Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

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