"Inicialmente, o projeto Obscenografica nasceu de uma conversa entre poetas sobre a necessidade de uma antologia de poesia erótica com artistas atuais. Nesse meio tempo, uma onda de censura à exposições e performances se deu no Brasil: a mostra do Queermuseu; a performance "La Bête", de Wagner Schartz, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM); a peça "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu" apresentando um Jesus transexual; o espetáculo de dança ZOE; entre outros casos ocorridos entre 2017 e 2018.
Paralelamente, houve um avanço de movimentos retrógrados clamando por heteroafirmação, pela família cristã, pelo embranquecimento da sociedade, pela cura gay, pelo machismo. Urgia a necessidade de se fazer algo. Vinni Corrêa, poeta que estava idealizando o projeto, teve a ideia de expandi-lo para um manifesto pela liberdade de expressão e que abarcasse a luta pelos direitos civis, pela igualdade de gênero e etnia. Aderiram então ao movimento, além dos poetas, cartunistas, contistas, artistas plásticos, fotógrafos e performistas - 25 artistas brasileiros, entre eles, Laerte, Veronica Stigger, Camila Soato, Glauco Mattoso, Bia Leite, Fabio Baroli... Até que se juntaram artistas de outros países: Frida Castelli (Itália), Oliviero Lazzerini (Itália), Nadia Wamunyu (Quênia), Nayra Martin Reyes (Espanha), Laurent Benaim (França) e Ruddy Travaglini (Martinica). Uma pluralidade de vozes abarcando diversas etnias, gêneros, crenças e pensamentos políticos. Todos por um bem comum: a liberdade de expressão. E a arte tem papel fundamental na forma como um povo pensa e se exprime, na maneira como uma sociedade estabelece sua cultura. A arte tem esse poder. E, por isso, querem calá-la! Não o farão se depender de nós, se depender da sua ajuda para imprimirmos esse manifesto e espalhá-lo pelo mundo. Só pelo fato de estarmos aqui divulgando essa campanha de financiamento coletivo já é uma forma de mostrarmos ao mundo que estamos resistindo com todas as armas, "pedras, noites e poemas", pois todas são boas, como disse Paulo Leminski.
Esse projeto é sem fins lucrativos. Cada artista doou seus trabalhos para compor esse manifesto. Toda a arrecadação será destinada a cobrir os custos envolvendo: impressão e registro do livro; postagem de envio dos exemplares; taxas financeiras, administrativas e logísticas; materiais para o lançamento do livro; divulgação do evento; e recompensas extras caso venhamos a atingir a segunda e a terceira meta."
"O que vem a ser obsceno? Um mamilo feminino à mostra numa postagem do Facebook ou milhares de pessoas na miséria passando fome, mulheres sendo vítimas de violência doméstica, pessoas trans assassinadas por seu gosto sexual e marginalizar alguém pela diferença na cor da pela? Obsceno, do grego OBS (sobre) mais CAENUM (sujeira), pode ser o tapete da política no Brasil que esconde toda a podridão da corrupção.
Obscenografica, por tanto, traz à tona aquilo que o moralismo jogou para debaixo do tapete, seja as sujeiras, denunciando sua hipocrisia, seja aquilo que é essencialmente puro por ser parte da nossa natureza, o sexo, mas que foi relegado ao pecado, ao profano, porque assim o quiseram. Ajudar esse projeto é fazer parte também desta história de mudança de paradigmas, é contribuir para que a arte repercuta pela sociedade, permitindo-a refletir e rever seus conceitos. É permitir o diálogo, o debate, sobre aquilo que querem manter debaixo do tapete, as sujeiras provocadas pelo moralismo, pelo autoritarismo. Ao financiar, você terá seu nome eternizado nos agradecimentos do livro, assinando também esse manifesto, sendo você parte importante deste movimento. Um momento de "tudo ou nada", é agora ou nunca! Temos que atingir a meta para conseguirmos viabilizar o livro, caso contrário, teremos deixado o moralismo vencer essa batalha. Por mais que possam vir outras, não queremos a derrota. Viemos nessa luta para vencer. E é por isso que você é tão importante nessa causa. Contribua com quanto puder, compartilhe essa campanha com seus amigos."