23 julho 2007
22 julho 2007
Não a sigas
Viu-a no momento em que ela chegou e se aproximou de outro que não ele, e o outro sorria como ele sorria quando ela chegava, e sentiu o beijo e o olá que ela sussurrou ao ouvido do outro como lhe sussurrava a ele, quando eram dele ela e olá, e o outro sorria o dia enquanto ela se afastava na direcção da casa de banho, e ele recordou quando a seguira num café como aquele depois dela lhe dito, “volto já vou ao wc”, e ele chegara ao pé dela no minuto em que a porta se fechava para ela sozinha, e entrara, e fechara-a para os dois e disse-lhe, “quero-te tanto”, e ela surpresa, e ele, “quero-te tanto agora”, e ela com medo de serem surpreendidos como fora surpreendida por ele…
E ele pensando, olhando a mesa e o outro que a esperava,” não te levantes, não a sigas… “
E ela presa entre ele e a parede, as palmas das mãos coladas à parede já rendida, ela que nunca se rendia, e ele querendo-a tanto que o corpo lhe doía, que o corpo tremia, e ela rendida, e as mãos dele na roupa dela abrindo a camisa, a boca colada ao pescoço, mordendo, “quero-te tanto”, e ela rendida…
E ele pensando, olhando o outro e a mesa, não te levantes, não a sigas…
E as mãos dele na roupa dele, abrindo calças, expondo o sexo que gritava e doía e a queria a ela que rendida gemia, e ele levantando-lhe as nádegas, abrindo-lhe as coxas … E ele pensando olhando o outro, “não te levantes, não a sigas…”
E o outro a levantar-se sorrindo o dia porque ela chegara, e a tocar a mão dela que ele queria sua, que fora sua, e os dois a sair e ele ali sentado, querendo-a e tremendo, e doendo e pensando…
“Não te levantes, não a sigas…”
Encandescente
Foto: Stanmarek
Entre gajos
Os aplausos verbais dos ouvintes não se fizeram esperar e se um alvitrava que ela não era de cá, logo outro concluía que ela estava era mal fodida e outro mais avisado corrigia que ela não gostava era de foder, não fosse o narrador sentir-se melindrado com a alusão de incompetência. Em roda livre avançavam que a gaja não tinha ponta por onde se pegasse, que um gajo não podia ser assim ofendido por uma gaja e sentenciavam que ela precisava era que a comessem por trás e lhe dessem umas palmadas no rabo nesse ritual masculino cuja origem se perde nos primeiros pastores de ovelhas neolíticos.
Pediram mais umas bejecas para animar a festa e ele sentiu-se reconfortado e recompensado com tamanha masturbação colectiva.
21 julho 2007
a propósito d'"o tesão das compras" da maria-árvore...
cum camandro! gritou ele para a mulher
saltitando quarto fora alucinado
ela atónita ouve-lhe em tom gazeado:
“- Entalei os guizos no fecho éclair!”
ai-ai-ai percorre o quarto a gemer
ui-ui-ui ora em pé, ora deitado
mete a mão quer de frente quer de lado,
mas não vê forma de se descoser
na aflição cai ao chão, bate na cama,
esperneia, grita tal se o matavam
enquanto ela tanto ri que a cama abana
e por entre os vizinhos que escutavam
o alarido, o chinfrim, ganhou a fama
de ser na cama maior do que julgavam…
Piadinha
Um ladrão decide assaltar uma loja do Benfica. Quando é apanhado pela polícia defende-se, dizendo:
“São Rosas, senhor, são rosas”!
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"e as papoilas saltitantes
nesse campo da vitória
desbotaram radiosas
nunca mais como eram dantes
e da relva nasce a história
talvez «orgulho das rosas»..."
Alcaide
Viagem interactiva
ShowStudio - interactive
Sugestão da Fresquinha
20 julho 2007
A política pode ser altamente erótica...
"Ferreira Leite «é uma terceira via muito excitante»"
(título de uma notícia do Público de hoje,
sobre o que pensa António Capucho
... mas também pode ser (e é-o sobejas vezes) pornográfica:
"IVG: Alberto João Jardim admite que a lei está em vigor, mas não vai ser aplicada na Madeira por falta de verbas"
(dos jornais)
Bom fim de semana
Foto: Igor Amelkovich
uma carta
hoje resolvi escrever-te uma carta, não te vou escrever um poema
vou falar-te dos homens na minha vida, daqueles que não são como tu
estes gostam de sexo, gostam do meu corpo, gostam do prazer que lhes dou
tu também gostavas, também me desejavas...
mas abriste mão desses momentos de paixão que sentimos
as minhas estavam fechadas, apertadas, com medo que escorresses entre os meus dedos!
mesmo assim, não te consegui segurar...
fui tua, tão tua que nem podes imaginar!
a ti me entreguei, em ti me perdi, em ti vivi de sonhos
agora já não sou assim, agora já não me entrego
dou o meu corpo em troca de sensações
recebo desejo em troca de ilusões
e eles gostam...
imaginam que me conquistam, mas a conquista é minha
são um brinquedo nas minhas noites, perdem o interesse quando passa a novidade
eles pensam que o brinquedo sou eu...
palavras que pronuncio, gestos que exibo, olhares que desafio
provoco-os, seduzo-os, uso-os...
sem sentimentos, para além do bem estar, do prazer
a eles, não digo que amo... meu amor...
Publicado aqui a 26 de Janeiro de 2005