21 março 2013

«Diário do Patife IV» - Patife

Nesta rubrica, um dia do diário de notas do Patife é aqui transcrito todos os meses sem censuras.

20 de Outubro

Do outro lado do bar do hotel está uma mulher sozinha a fumar um cigarro. Pergunto-me qual seria a sua reacção se a mandasse sugar-me a trombeta com a justificação: É só um pénis. Não te fará pior que um cigarro.

Continuo a acreditar que o sexo anal é das coisas mais sobrevalorizadas do mundo. É isso e o sabor do caviar. Mas não é por isso que deixo de os comer.

A empregada de mesa do restaurante disse-me que o prato estava quente e que era melhor começar a tirar das bordas. Acabei de lhe entregar um bilhete a dizer que para tirar das bordas, primeiro tenho de o meter.

Hoje fizeram-me um bico enquanto eu estava a guiar o carro. Registo o momento de euforia interior quando passei por Pinheiro de Fora enquanto estava com o pinheiro dentro da goela da moça. É o facto de encontrar felicidade nestas pequenas coisas que me faz acreditar ser alguém especial e o sonho húmido de qualquer psicoterapeuta. Em particular esta última.

Não sei por que raio as mulheres são tão obcecadas por sapatos e penteados. É que os homens reparam em tudo o que está precisamente ENTRE os pés e os cabelos. Escutem-me bem: Não queremos saber das extremidades para nada. A não ser da extremidade do nosso pincel.


Patife
Blog «fode, fode, patife»

Estórias de um passado-presente (V)


Era chegado o dia em que eu já não tinha como arranjar subterfúgios para escapar. Tinha-me comprometido a estar ás 16h no apartamento, e além disso, tinha de começar a resolver a bola de neve que me levou lá e que se avolumava.
Passei a noite em claro, a ler tudo o que me aparecesse pela frente que pudesse preparar-me para o que seria aquele meu dia. De manhã preguicei entre roupa, cabelos, maquilhagem, e os atavios que achava necessários... Parecia que a minha indecisão em tudo o que eram pequenas escolhas era o reflexo mais óbvio da indecisão do propósito.
Pus pés ao caminho, e tentava não pensar. Tentava a todo o custo tornar-me uma folha em branco onde não se pudesse começar a escrever com algo a condicionar o rumo do texto.
Quando cheguei, fui apresentada à "fauna" local, que no dia anterior não estava por lá. Uma miuda bonitinha, cujo nome não recordo, e exageradamente simpática, com a qual não tive tempo de conversar por mais de dez imnutos seguidos porque estava num corropio de marcações e atendimentos. Uma tipa com o maior ar de janada da história, que se abandonava a não-sei-onde numa das espreguiçadeiras da sala de espera. E a madame...
Tentava articular perguntas que me parecessem coerentes com as minhas dúvidas. E lá me foram explicando o que queriam dizer cada vez que atendiam o telefone... E entretanto, uma hora volvida, a Madame achava que eu já estava suficientemente esclarecida e pronta para ser "largada" ás feras. Perguntou-me que nome queria que me chamassem, e eu - tonta - disse-lhe o meu. E ela pergunta-me qual era o meu nome de baptismo, ao que eu lhe respondo que tinha acabado de lho dizer. "Não pode ser, podes ter problemas... ninguém usa o nome verdadeiro!". Naquele momento, numa conjunção de acasos, começa a tocar na TV "Luís Represas - Mariana". Mariana era um nome com o qual eu vivia - no papel - desde há muito tempo. Fez-me sentido. E ficou...
A campainha toca... eram "clientes dos táxis". Três amigos, e duas meninas disponíveis. Lá me apresentei, a tremelicar e meia aparvalhada. Eram emigrantes no Reino Unido, e estavam de férias. Dois deles decidiram que partilhariam a mesma menina, e o outro calhou-me a mim.
Percebeu que eu estava terrívelmente desconfortável... Percebeu que estava assustada, e tentou acalmar-me. Foi simpático - acho -, e tentou dizer-me que se precisasse de ajuda para não continuar o procurasse. Ignorei tudo. Despiu-me, beijou-me o corpo, e seguiu... Recordo-lhe o rosto e as mãos ao ponto de o poder desenhar! Mas não me recordo de mais nada. Fiquei em choque, quando terminou, e acho que nem sequer o acompanhei à porta, despedi ou coisa que o valha. Fiquei ali, recém-nascida e sem saber o que estava sequer a sentir. Refugiei-me no cigarro, e desliguei a mente.
Sei que nessa noite saí de lá com a certeza que não voltava. Não para aquele sítio...

Mimi
blog «Sometimes It Happens...»

«Makkuro Kurosuke» - por Luis Quiles


"Otro dibujo eliminado de deviantART, según ellos por sexualizar menores, que incluya personajes de Totoro no significa que la chica sea una menor, ignorantes de mierda!"

Luis Quiles

20 março 2013

Penicos de Prata - "Balofas Carnes" de António Botto

Os Penicos de Prata apareceram recentemente no programa «5 para a meia-noite».
Mas já tínhamos apresentado este grupo aqui no blog, em 27 de Dezembro de 2009.
São 4 elementos:
João Lima: guitarra portuguesa e voz
André Louro: composição, guitarra e voz
Catarina Santana: ukelele e voz
Eduardo Jordão: contrabaixo e voz

"Cordas, Falas e Falos
Músicas marotas...
sonetos com garotos e garotas..."



Fica aqui também um documentário muito interessante sobre os Penicos de Prata:



Se querem contactá-los, escrevam para Booking@seivabruta.org.

Para quem quer mais:
Penicos de Prata- "Resposta da Quinteira" - António Maria Eusébio (O Calafate)

Raciocínios de joelhos

Falar é fácil mas fazer é outra conversa,
tanto na prática da fé como na do amor
(que também parece reunir mais crentes do que praticantes).

«respostas a perguntas inexistentes (228)» - bagaço amarelo

o homem que tirava a camisa pelos amigos

Acho que me enganei, durante grande parte da minha vida, sobre essa noção comum que é ser simplesmente amigo de alguém. Talvez por causa de expressões como aquela que diz que se tira a camisa por um amigo. Lembro-me de a ouvir, por exemplo, relativamente a um homem que frequentava um café mesmo ao lado da casa onde cresci. Ouvi dizer que ele, durante a sua vida, tinha provado que era capaz de tirar a camisa pelos amigos. Ganhei-lhe respeito mesmo sem o conhecer, mas passei a estranhar a sua condição.
Era um homem só, tão encolhido quanto envelhecido, envolto numa enorme nuvem de solidão. Cheguei a pensar que eram os pequenos copos de bagaço, que bebia de forma trémula, que o mantinham vivo. Eu devia ter uns doze ou treze anos e fiquei com uma enorme curiosidade pela vida dele. Pelo pouco que sabia, para além de dar a camisa pelos amigos, tinha sido um activo revolucionário antes da Revolução de Abril e torturado várias vezes nas cadeias da PIDE.
Houve uma tarde em que eu estava a ler um livro nesse café (para quem conhece Aveiro, estou a falar do Convívio há cerca de trinta anos) e ele estava, como habitualmente, a beber alguns bagaços e a ser devorado por cigarros sôfregos, que fumava uns atrás dos outros como se quisesse antecipar a própria morte. O silêncio sepulcral dessa tarde foi invadido por gritos dum novo cliente, completamente alterado, que entrou no estabelecimento a chorar e a partir os cinzeiros de vidro que se encontravam nas mesas. Os empregados chamaram imediatamente a polícia e, em grupo, agarram-no e mantiveram-no preso numa cadeira.
Antes que a polícia chegasse, vi o homem capaz de tirar a camisa pelos amigos levantar-se, acalmar todos os presentes, e pedir para ir lá fora dar uma volta com aquele suposto tresloucado. Lá acabaram por soltá-lo e saíram os dois para a rua. Eu continuei a ler.
Já não me lembro muito bem, mas voltaram os dois, passada talvez um hora. Sentaram-se à mesma mesa a conversar. Tudo estava calmo e o café acabou por ser indemnizado pelos cinzeiros partidos. A polícia, entretanto, já tinha chegado e partido sem poder fazer nada.
Esta história seria apenas mais uma história sem importância nenhuma, não fosse eu ter conhecido pessoalmente, no mesmo café uns dez anos mais tarde, esse meu ídolo de infância. Um dia, já nem sei bem como, acabámos na mesma mesa a conversar. No princípio senti-me um miúdo imberbe perante ele, mas fiquei imediatamente à vontade quando ele me disse para o tratar por "tu". Acabei por lhe contar tudo o que sabia dele, mesmo sem o conhecer, incluindo essa coisa pela qual ele era conhecido: tirar a camisa pelos amigos.
A resposta dele surpreendeu-me tanto, mas tanto, que nunca mais a esqueci.

- Eu não tenho amigos, tiro é a camisa por todos os homens que precisarem que eu o faça, porque são homens, tal como eu. Ser amigo é muito fácil do que isso. Se uma amizade não for fácil, então não é amizade.

Fiquei de boca aberta e ele continuou.

- É assim que gostamos duma mulher, quando a nossa relação com ela é fácil, então estamos a falar de Amor.

Por um momento percebi aquela permanente aura de solidão que o acompanhava. Tinha estado apaixonado por uma mulher que já morrera e não se sentia capaz de se renovar emocionalmente. Disse-mo com um enorme hálito a bagaço, mas às vezes é esse o hálito mais sincero que se pode encontrar no mundo.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Prostituição tem idade?


 Fonte: WTSP


Sygun Liebhart, uma mulher de 71 anos de Connecticut, foi detida em um hotel, depois que a polícia encontrou um anúncio dela na seção de escorts do Backpage, um site de anúncios dos EUA.

A senhora, "tudo natural" e "seios tamanho 38DD" atendia com o nome de Lola. Quando soube do anúncio, a polícia tratou de marcar um encontro com Sygun e efetuar a sua prisão.

Há algo de errado em idosos venderem seus corpos?





Obscenatório

Há quem goste de se pavonear

Crica para veres toda a história
Homens pássaros


1 página

oglaf.com

19 março 2013

«Hotel for Women» - The Nails (1980)


HOTEL FOR WOMEN from MARC CAMPBELL on Vimeo.

Eva portuguesa - «Rezo»

[Dezembro/2012]
Rezo a um deus que nem sempre reconheço para que me venhas visitar.
Para que assim o meu Natal possa ser completo, cheio, abundante e despreocupado.
Rezo para que contribuas para a minha felicidade, com a tua meiguice, respeito e generosidade.
Porque a tua generosidade será também a minha, porque ao dares-me a mim permites que eu presenteei outros.
Rezo para continuar a ser o teu fruto proibido, o teu pecado inócuo, o teu segredo, a tua prenda de Natal.
Rezo para que continues a achar-me apetecível, única, insubstituível e assim me continues a visitar hoje, para a semana e sempre.
Rezo para que tudo te corra bem, porque mereces e porque só a vida te correndo bem, podes fazer com que a minha também seja boa.
Rezo para que continues a desejar-me, a tratares-me com meiguice, respeito e simpatia, que continues a ver-me, a ter-me fugazmente.
Rezo para que não te esqueças de mim, para que não me substituas por outra ou outras, para que não desistas de mim.
Rezo para que continues a ver em mim não só a acompanhante mas também a mulher e pessoa que sou.
Rezo para que tenhas saúde, amor, dinheiro e paz, sendo eu "apenas" o teu prazer momentâneo, a tua companhia de horas mortas que precisas de preencher.
Rezo para continuar a ser a tua "psicóloga de alcova", a tua médica sem diploma,o teu remédio sem que estejas doente.
Pois é apenas e tanto isso que quero ser: a tua outra faceta, que existe por uma hora, uma hora apenas nossa, em que dás e recebes, em que dou e recebo...
E porque rezo para que venhas, espero que o telefone toque a dizer que vens...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«não sei ser sem ti» - Susana Duarte


sauda-me a tristeza, a partir das janelas de onde, antes, brilharam estrelas de vida, ante a visão de ti e das tuas carícias. sauda-me, e eu deixo. sauda-me a saudade, e eu deixo. sauda-me a vida que tive dentro, quando contigo sonhava. e eu deixo. saudas-me tu, no abraço demorado que me deste e, todavia, me prometes. e eu deixo. sauda-me a tristeza, mas não te deixo partir. sauda-me a vida antes ...de mim própria. e eu deixo. sauda-me o brilho dos teus olhos. e eu deixo. neles vivo. neles morro. e eu deixo que a vida me preencha de vida. e eu deixo que a vida me preencha de morte. e eu deixo. mas deixo sobretudo que o sonho não morra. deixo que me vivas. deixo que me habites cada movimento das pálpebras. deixo que me sonhes. deixo que tenhas saudades de mim. mesmo quando a tristeza me habita. mesmo quando a saudade me desespera. habitas-me. não sei ser sem ti.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

«Plaisir des Dieux» - canções malandras francesas

Em França há uma tradição muito curiosa: as «chansons paillardes» (canções tradicionais libertinas, cantadas em privado, entre amigos), também conhecidas como «chansons de salles de garde». A página chansons-paillardes.net recolhe músicas, letras, publicações sobre o tema.
Um livro que comprei recentemente, «Anthologie des chansons paillardes» de Pierre Enckell, explica:
"Georges Brassens, Serge Gainsbourg,... muitos artistas marcaram a música popular e cantaram alegremente o erotismo e a sensualidade. Muitas vezes foram chamadas de «músicas de quartos de custódia», em referência aos internos dos hospitais, que supostamente as deveriam saber todas de cor, ou mesmo «canções de alunos», como se tivessem tido origem exclusivamente nas tradições perpetuadas em universidades e escolas. No entanto, as canções obscenas experimentaram uma distribuição extremamente ampla. Em todos os níveis da sociedade e em todas as ocasiões, os seus versos foram cantados ou gritados, desde há mais de um século, na cidade e no campo, nos quartéis e na vida civil, durante jantares de casamento ou viagens de autocarro. Estas «gaulesices» em verso formam, assim, um fundo cultural amplamente compartilhado, condenado a viver para sempre na memória colectiva de França. Transmitida de boca em boca, com o passar das gerações e transformações culturais, as canções deformam-se, perdem elementos ou caem gradualmente no esquecimento."
As colectâneas, estudos e gravações ajudam a preservar esta tradição.
Na minha colecção, além dos livros que já tinha, há agora 5 discos em vinil da colecção «Prazer dos Deuses»: