21 março 2005

Cântico lamento

foto: Yuri Bonder

- Que farás quando eu me for?
- Procurar-te-ei em todos os recantos
Percorrerei todas as ruas
Pisarei todas as calçadas
Refarei todos os teus passos
Gritarei nas ruas o teu nome
Acordarei a cidade
E até te reencontrar não dormirei.
- E se não me encontrares?
- Então... Ficarei preso no tempo
Em que estavas presente
Voltarei aos lugares
Onde juntos fomos um
Amaldiçoarei as estrelas
Por brilharem sem tu estares
Cantarei revolta à lua
Por sem ti não se extinguir
E direi baixinho o teu nome
Para que ouças o meu lamento
E viverei para o momento
Em que sejas de novo presente
E te direi:
- Meu amor quanta demora.

Encandescente

Poeta (uma vez)




Quero escrever a mel
A ideia de mim
Na tua pele
Quero dizer no teu corpo
Palavras que inventámos
Em versos que escrevemos juntos
Quero inscrever-te sílaba a sílaba
Contos de aventuras
Na cama, no chão, nas ruas da cidade
E no vento ao pé do mar
Acrescentar ponto por ponto
Em todos os teus recantos
Detalhes de escrivão
Hipérboles, elipses, metáforas
Deixar impressas imagens grandiosas
Gravar com o aparo do desejo
Os sabores de natas com bagas selvagens
Os aromas dos dias de verão
E as cores do vento da floresta
Por uma vez
Sentir que posso ser poeta

Ferralho

E nem todos se podem gabar de receber comentários como estes:

"E és poeta!"
Encandescente

"Centímetro a centímetro
penetras a tua poesia em mim
e inundas-me na metáfora de uma chuva poética."
Maria Árvore

Odes no Brejo - Da complexa linguagem

(Dia Mundial da Poesia, como lá diz o outro, é quando a gente quiser...)


Não me amarres
Não me cales
Não me afogues
Não me amoles
Não te coles
Não te isoles
Não te consoles
Não chores
Fode-me só
Não me fodas...

OrCa

O AnjoÉlico adora oder o OrQuita (sim, sim, isto anda perigoso) :

Cala-te amarrando-me
Afoga-te com o duro de ti, chateia-me sim?
colando-te a mim. Isola-me, tapa-me!
Consola-te com as lágrimas do prazer
com que me fodes.

Meninas, quem precisa de mascar pastilha elástica?


Os japoneses inventaram uma pastilha elástica que faz crescer as mamas.
Como seria de esperar, é um sucesso em Tóquio. Por mais ou menos € 15, compra-se um frasco com 200 pastilhas cor-de-rosa.
Pesquisem Bust-Up Gum no Google e leiam as instruções... em japonês.

O Monstro Horrendo AdamastoR chama a isto "Mamas elásticas":
- Olha, querida, não queres
uma pastilha? É que andas tão stressada ultimamente...

Video macho

Macho que é macho
é assim... eu acho!


(ponham som na máquina)

(enviado por J. Longo)

Á poizé! Á poizé!


(vige des cuberta pro Jokapata)

20 março 2005

A construção do amor





Ele começou no Domingo a construir o amor
Porque não era dia de descanso mas o primeiro dia
E no Domingo, dia primeiro do amor,
Olhou-a nos olhos, estendeu-lhe a mão
Disse-lhe: - Eu quero-te.
E nada pedindo e nada esperando
Colocou a primeira pedra
Iniciou a construção.
Na segunda-feira ao falar-lhe deu-se verdadeiro:
- Dou-te todo o tempo, dou-te os meus dias,
O meu tempo será o teu enquanto quiseres.
Ela olhou-o, entendeu a espera,
Entendeu a esperança e a construção.
Na terça-feira ela disse do medo
De todas as dúvidas e interrogações,
Ele ouviu-a em silêncio, calmo e tranquilo
E deu-lhe na voz o que sentia dentro:
- Estarei sempre aqui, nada pedirei,
Só para te ver, só para te ouvir.
E ao dizer de um amor que nada esperando se dava
Na terça-feira dia três da construção
A terceira pedra foi colada e colocada.
Na quarta-feira quando a noite se punha
E a hora sombria para ela começava
Ouviu a voz que lhe afastou o medo
Que segura e serenamente lhe dizia:
- Estou aqui, velarei por ti
Acenderei uma luz, guiar-te-ei os sonhos.
E no quarto dia, quarta-feira, noite,
Não dormiu por ela noite e madrugada
E protegeu-lhe o sono e afastou o escuro
E dando-lhe o seu sono, ofereceu-lhe a paz.
No quinto dia da construção do amor
Ofereceu-lhe o riso e a alegria
Inventou palavras, brincadeiras tantas
Que na quinta-feira a pedra colocada
Tinha tantas cores, tinha tanto brilho
Que ela redescobriu o riso, as cores do dia.
Na sexta-feira ele nada fez
E ela sentiu a ausência no dia,
A ausência da mão que lhe guiava os passos
A ausência do amor que ele lhe trazia.
E ao fazer-se ausente ela descobriu
O que no silêncio ele lhe dizia:
Que seria o silêncio se ela assim quisesse
Que ficaria calado, vendo-a de longe
Que seria sombra que a seguiria.
No sétimo dia ela procurou-o
Procurou-lhe o corpo, encerrou-se nos braços:
- Tudo o que me deste te dou hoje a ti,
Disse-lhe com voz de quem se entrega inteira.
E no dia último da construção do amor
Fizeram amor como antes ninguém fizera
Porque era sábado
Último dia da construção
Porque era o dia último e a vez primeira.

Encandescente

"Chega mais p'ra cá!"

(encaixadas por PortoCroft)

Fundamentalismos

Ai Manela, tou que nem posso, como diria o Pedro Tocha da Frize!... Tu não queres ver que fui tomar o meu cafézinho antes de vir para aqui, como habitualmente e estava eu a deliciar-me com o dito, quando ouço um voz grave, dizer alto e bom som para que todos fossem obrigados a ouvir que « é aos 40 anos que os homens querem verdadeiramente amar, enquanto as mulheres querem é foder…» .

Oh Manela é óbvio que não resisti a voltar-me, para fuzilar com os olhos o energúmeno que nos seus músculos flácidos de cinquentão típico do «Elefante», mostrava a sua sabedoria adquirida a exibir notas e chaves do carro. E toca de disparar a questioná-lo sobre se tinha algum problema com o facto de as mulheres expressarem desejo, de gostarem de foder, com o facto de as mulheres se masturbarem e terem prazer nisso.

Foi um sururu naquele café que nem imaginas, mas eu não me conseguia calar e defendi que os homens ou se apaixonam antes dos trinta ou nunca saberão o que é isso, quanto muito amam quem lhes facilite as tarefas domésticas, inclusivé aquelas para que se acham tão dotados, passando mesmo a deixar o trabalho da corrida para elas.

É verdade, Manela, que as mulheres precisam de alguns anos a assar frangos para optarem pelos temperos que realmente apreciam, para adequarem o tempo de cozedura e também, para se convencerem que não têm de ser a Branca de Neve, a Heidi, ou a Cláudia Schiffer. Mas dizer que os homens só se apaixonam quando lhes baixa o nível de testosterona é o mesmo que dizer que só têm uma cabeça.

19 março 2005

Demasiado Profano??!


Mais imagens em Clash of Cultures

Eu conheço uma!

O Jotakapa enviou-nos este pensamento:
Dizem que mulher satisfeita não trai...
mas alguém já viu uma mulher satisfeita?

Eu já:

Santa Teresa de Ávila
esculpida em êxtase por Bernini


Mais informação aqui

A punheta - mais uma reflexão do Jorge Costa

"As pívias estão omnipresentes.
É que a pívia faz mais parte do crescimento de todos nós do que qualquer outra mundanice.
A pívia foi, é e será sempre algo acima de qualquer suspeita. Toda a gente, em algum momento, tocou uma.
Sempre que passarem por alguém - amigo, desconhecido, familiar, pais, irmãos e afins - pensem: 'Estes tambem já tocaram uma punheta'. E, podem crer, não falham.
A punheta é o acto de amor mais democrático: Cada um aperta o ganso como lhe der na veneta. É o mais à vontade do freguês que há.
Vá-se lá saber o porquê da esmagadora maioria ter alguma contenção, para não dizer muita, para falar sobre o acto. É quase como alguém perguntar se já teve uma caganeira. Toda a gente já teve uma caganeira. Começa logo de bébé. Mas nao se fala sobre isso.

Sobre as punhetas, o mesmo se passa. É demasiado natural para merecer a atenção? Sim, é que toda a gente se toca. Mas toda a gente. Até os bébés.
É claro que não estou à espera que se chegue a uma reunião social e se pergunte:
- Então? Já tocou a sua punhetita hoje?
Mas com um pouco mais de tempo (após o 3º ponche, por exemplo) porque não?!
Um gajo olhar para a mão, com um olhar distante e lânguido e comentar:
- Nunca me deixa mal... é uma companheira de folguedo... até os olhinhos me faz revirar!
E não pensem que é um acto que acaba na adolescência.
Isso (ai, tu deves bater umas, deves!) é que era bom.
E quando são batidas?! Uiiii...
Pois é, muito se diria sobre punhetas se a coisa não fosse tão banal. Tão banal... que nem se fala delas."

Jorge Costa

E as mulheres ainda menos falam, Jorgito...

18 março 2005

Odes no Brejo - Boa Fada Má

Fada má ou fada boa
Fada curta
Fada à toa
Não sejas bruta
Fadinha
Que a bruteza magoa
Fada má
Sê fada boa
Fada-me
Com um bom fado
Que de fadário
Fatal
Já me farto
Até à medula
Fada má
Que boa és
Tens-me
Se quiseres
Aos pés
Se me fadares
Numa boa
Fada que fadas meu fado
Não me fodas
Tão à toa
P’ra te sentir como és
Uma fada má tão boa.

O OnanistÉlico também quer experimentar a varinha mágica:

Boa, boa fada
Má fadada por me teres
Enfeitiçado pelo teu fado.
Fado-me sempre no querer-te
por crer-te boa, boa fada
fada-me até que me doa
a varinha má minha mágica
por mor de sair o líquido que voa.
Má fada? Boaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa