16 maio 2005

Virtual

foto: Declan McCullaghpressiono ao de leve o dedo no rato
e teclo alfabetos e traços e marcas
e no monitor do teu corpo lasso
eu mordo
e arranho
estremeço e abraço
sei da tua boca da língua a textura
e em cada seio saboreio um poema
no ventre que beijo eu provo o melaço
doce aveludado dessa tessitura
e sinto o afago das coxas que enlaço
quando entro em teu corpo
espaço a espaço
ah como te sinto o ardor
a ardência
e o suor na tua pele
e a reticência
que exclamas por fim
à beira da urgência
que eu me abandone e que assim grite
que me venha em ti
antes do delete...

Gathering Party em Lisboa

A nossa repórter Mad informa que em 28 de Maio vai haver uma festa para amantes de BDSM, bondage e fetichismo em Lisboa.
Os detalhes estão aqui.
O par ideal para estas festas é um(a) sádico(a) e um(a) masoquista. Ambos têm prazer:
Masoquista - Bate-me! Bate-me!
Sádico - Não bato! Não bato!

15 maio 2005

Dick Hard no castelo de Barbarella

VERSÃO A (para pseudo-intelectuais)
Bem na tua pele.
Até fazer corar a tua dor.

«As lâminas da alma sabem cortar fatias melancólicas da desesperança»

Disse Barbarella.

Bem na tua pele.
Até fazer corar a tua dor, Dick.
O que Hard cura.

Vou enfiar-te um dedo de vinil pelo ânus acima, Dick. E quero ouvir-te a suar de desejo, quero saber-te à mercê dos meus medos. Disse Barbarella. Ou não?

Tudo isto não passa de um sonho cruzado de Cronenberg e Lynch? Temperado por uma pitada de filosofia estanque à emoção? Ou foi o indomável marquês Donatien Alphonse que se sentou aos comandos do meu cérebro e se pôs a vomitar maldades pelas teclas de um Direct Acess Keyboard?

Chove nos cabelos roxos de Barbarella. Dick Hard está solidamente agrilhoado às paredes húmidas de um castelo em demanda do Santo Graal do Erotismo. E ouve-se ao longe um lobo que uiva «maladie d’amour chantait le coeur d’Emanuelle».
E mil formigas com nervos de nylon deixam-se invadir pela sede do corpo e circulam livremente em Dick Hard. Entram pelo ouvido esquerdo, saem pela narina direita. Entram pela narina esquerda e saem pelo ouvido direito. E lambem de malícias um pénis hirto que se ergue à entrada de uma dama no salão escuro e viscoso, onde os candelabros sabem tremer de frio e as luzes se banqueteiam de mágoas com as sombras.

Boa-noite. O meu nome é Clarice Lispector. Tenho mesa reservada para duas.
Duas? Disse duas, Clarice?
Sim, a Dining Room do castelo de Barbarella tem mesas com anões robóticos em permanente erecção de eunucos de Marte.
E Clarice tem mesa reservada no castelo de Barbarella.

As palavras fazem sentido? Ou são apenas caudais, rios de lava orgânica em bacanal de sílabas?

"Sorry, Dave, I can’t do it", disse Hal para Barbarella. E as naves dançaram ao som de Strauss, porque não sabiam dançar ao som de AC/DC.
INTERVALO
(pipocas, WC, um cigarro, essas merdas)


VERSÃO B (para os habituais leitores destas ordinarices)

Salão Erótico de Lisboa

Já há mais informações sobre a ExpoFoda, como nós carinhosamente por aqui lhe chamamos, na página do evento.
Relembro que será na FIL (Parque das Nações), entre 30 de Junho e 3 de Julho.
Agora sabemos que terá, além dos expositores e artistas, uma hard zone de acesso restrito, um boulevard erótico, arte erótica (com destaque para o artista plástico português Ddaco, de quem já aqui falámos), cinema XXX, um Clube Bizarre, luta em óleo, zona de relax (só por milagre haverá por ali relax), uma zona gay, conferências, oficinas temáticas e mesas redondas (embora, se fosse eu a organizar, substituisse as mesas por camas redondas).
Cada entrada custa € 20.
Não sei porquê, mas é proibida a entrada a menores de 18 anos . Outra coisa que não entendi: proíbem a entrada com mochilas e sacos... mas um preservativo é um saco, Noé?
Não te esqueças que a Funda São irá organizar uma excurSão à ExpoFoda, com jantar algures em Lisboa, no dia 2 de Julho (sábado). Marca já na tua agenda que os detalhes combinamos depois.
E o nosso detective Dick Hard irá cobrir (muito ele gosta de cobrir) todos os dias da Expofoda, com crónica especial aqui, no blog porcalhoto do costume.

14 maio 2005

Verso fodido

Calvato

Escrevo o verso
Risco o verso
Rasgo o verso
Volta zangado
Fodido
Tramado
Querendo ser rima.
Fecho o caderno
Parto a caneta
Recuso ao verso a rima
Recuso ao verso ser.
Raio de verso
Convencido
Fodido
Tramado
Querendo ser escrito
Querendo ser fado
O meu
Que só quero o verso esquecer.

Avé, Encandescente e Webcedário!

O Bits & Bytes, suplemento de Informática do JN e do 24 Horas que desde sempre faz um óptimo serviço público (*1), homenageia còmilfô (*2) a nossa querida, amada e adorada poetusa Encandescente; e o genial, sublime e atarefado Webcedário. É só (e não é pouco) justo. Leiam aqui (*3).
Mais mérito ainda tem este destaque por ser púbico e notório que andam em más companhias (*4).
______________________________________
(*1) ao serviço púbico é que ninguém liga;
(*2) para quem não sabe, é «como deve ser» em francês;
(*3) estás a fazer o quê aqui em baixo? Eu disse "aqui" mas não é na nota de rodapé e sim no link. Tem que se explicar tudo...
(*4) Uí, muá méme!

Alguém sabe o que se passa com o monumento fálico do Ferro?

Este monumento está agora colocado junto a outras pedras, tombado e ao abandono
Terá já ido servir de pilar para a casa de um artista qualquer?

Se não leste o que já escrevi sobre este tema, podes ler aqui e aqui.

Dançar

Sabes São, no fim de semana passado um casal amigo convidou-me a ir a um clube de swing, onde oficialmente se pode cobiçar o homem e a mulher do próximo e lá fomos os três, Vasco da Gama abaixo, com os máximos ligados.

No lusco fusco daquele enorme salão, encostámo-nos ao bar e apresentaram-me a vários conhecidos seus, beijinho para cá, beijinho para lá e escorregou-me da boca um “muito prazer” para uma face de olhos morenos e penetrantes que prontamente me retorquiu “querida, agora é muito gosto que o prazer fica para depois”. Apeteceu-me dizer-lhe que querida era o raio que o parta mas numa questão de segundos ponderei que não seria apropriado contrariar o dialecto local.

Fui beberricando o meu vodka com laranja, com os olhos na pista de dança. No tubo, uma ruiva de formas arredondadas ora espreguiçava os braços longos ora chocalhava os seios como assadeiras de castanhas. Mulheres com meias de cinto de ligas e saias a raiar o fundo das nádegas dançavam com homens de polo de navegação à bolina. Mulheres de blusas apertadas até ao último botão do pescoço, com fios e medalhinhas a pender, enfiavam os seios pelos peitos adentro de homens de gravata e calças de pinças. Os corpos das fêmeas afixavam-se nos machos em ritmos encrespados.

Uma rapariga de pernas atléticas, tapada num top que mostrava o piercing do umbigo, ondeava as ancas como se fosse árabe a música de fundo enquanto um homem ajoelhado abanava a cabeça por entre as pregas da sua saia. Outro jovem, cabelo completamente rapado e tatuagem a despontar nos ombros, por entre a camisola de alças, estava colado à espinha dorsal dela e segurava-a, preenchendo os dedos longos com a polpa das mamas arrebitadas das quais sobrassaiam os mamilos mais escuros no corpete translúcido.

Depois, continuando a ondear o ventre, ela puxou a cabeça das suas pernas e arrastou-a, em passos compassados de mambo, até à outra sala escurecida que dava acesso aos quartinhos escuros.

E São, acho sinceramente que devia ter bebido antes vodka com cola, para não ter ficado ali especada a ver os corpos dos outros a dançar.

13 maio 2005

Homem sofre.

Já alguma vez tiveram um dia assim?


Este gajo já deve ter tido vários assim...

Cartas


Querido amigo

Temos uma amizade muito especial, já o temos comentado.
Por vezes sinto que nem olhas para mim como mulher, mas sim como uma companheira de loucuras inenarráveis!
Ontem vieste contar-me mais uma das tuas aventuras.
Já me tinhas contado o "antes". Pediste-me conselhos e eu, como sempre, respondi-te com um "vai em frente"!
(O que eu queria mesmo era que fosses em frente comigo... mas isso nem nas entrelinhas te deixo ler!!)
Ontem contaste-me o "durante". Como se encontraram, para onde a levaste, o que fizeram juntos. Como ainda tinhas na tua boca o sabor do corpo dela.
E eu a imaginar bocadinho a bocadinho!
(Ou terá sido a recordar cada momento que passámos juntos na intimidade?)
Quando me fazes relatos destes, sinto um nó na garganta.
Cada vez mais suave, admito. Acho que com o tempo vou acabar por nem ter ciúmes das mulheres com quem te deitas...
Se calhar nem os devia ter: elas passam pela tua vida, eu vou ficando...
Isto de ser a confidente de um homem que amámos um dia, tem que se lhe diga!
(Mas quem é que me mandou apaixonar-me pelo meu melhor amigo??)
Cá estarei sempre para ouvir os teus desabafos,

um beijo grande



Amigo querido

Ainda ontem me contaste como ela é maravilhosa, linda (e mais aquelas coisas todas que me disseste)... e hoje já me vens pedir ajuda?
Que não sabes o que fazer, que ela passa o dia a ligar-te e a mandar sms?
Tu achavas mesmo que ela te queria só pelo sexo, sem sentimentos?
Até tu sabes que não é assim...

Beijos... e cá estarei para ouvir a versão de amanhã...

A propósito de pívias - Deve ter sido duro...

... para o Marcelo...
... quando eu e o Chico Padeiro andávamos aos passarinhos na cerca do Conde. Eu atrás, como observador-buscador-transportador das vítimas, e o Chico à frente, com a pressão de ar, como dono da arma e caçador emérito.
O Chico fez-me sinal para não fazer barulho e apontou-me para o muro da quinta da família Quevedo Pessanha, do outro lado da estrada. Atrás desse muro, junto a uma oliveira, estava o nosso conterrâneo e contemporâneo Marcelo. Com as calças ao fundo das pernas e com o braço direito a trepidar freneticamente.
Ficámos a apreciar uns momentos, rindo silenciosamente, até que fiz sinal ao Chico para irmos embora e deixarmos o Marcelo em paz. Mas não foi essa a opção do dono da arma. Vi-o a apontar a pressão de ar um pouco ao lado do Marcelo... e "TAU", sai chumbo.
Coitado do Marcelo. assustado com o barulho do disparo, olhou para o lado de cá da estrada (lado de lá dele) e de imediato puxou as calças para cima e desatou a correr.
O que o Chico fez, não se faz, carais.
Por estas e por outras é que não se vê nenhuma pintura rupestre de uma pívia campestre: os nossos antepassados já deviam ter medo de pressões de ar.

"A barriga do réu em causa apresenta-se num aspecto duvidoso"

Coitado do Domingos Mathavele,
recluso queixoso da
Cadeia Central de Maputo...
Lê a informação do
graduado de serviço,
Carlos Cabral Madiliza

(em pdf - precisas ter o Acrobat Reader)

12 maio 2005

Cisterna da Gotinha





Bonecada erótica

Willy Dick: o site do Guilherme Pilocas.

Erotica vintage : para recordar os bons velhos tempos...

Joguito: para adultos.

Guitarra: o som deve ser bastante erótico...