11 maio 2008

Fantasmas


Despia-me vagarosamente quase em adoração como quem veste uma santa para o andor em dia de procissão e tocava-me tão ao de leve com as pontas dos dedos como se o assolasse o medo de me partir que até quando me puxava lustro aos mamilos nunca sabia se era o seu dedo ou uma picadela de mosca.

No seu ritual de acasalamento estendia-me na cama e espalhava-me os cabelos longos pelo branco dos lençóis para depois pairar sobre mim quase sem peso numa distribuição de beijos do pescoço aos pés como quem beija a imagem do menino Jesus. E pegava-me na mãozinha para a pousar na sua alfaia de culto entumecida e a guiar para o interior dos meus grandes e pequenos lábios onde se derramava em arroubos saltitantes.

Há muito que o seu carinho de me tratar por filha e bebé me friccionava a moleirinha e apesar de ele cumprir religiosamente a regra de baixar a tampa da sanita e seguir à risca a lista de compras do supermercado tive de lhe dizer que já não aguentava a situação de viver em bigamia com os seus delicados fantasmas.

FBI




Dead Dog

Em português: "A ASAE está a vigiar as tuas pívias"

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10 maio 2008

"Love Me, Love My Doll"



BBC Documentary About the Men Who Love Real Dolls and Live With Them

Baby Woodrose - «Blows Your Mind»

Eu sei que não é normal, mas comprei este CD na Amazon só por causa da capa, que causou polémica na Alemanha, para a minha colecção. Só mesmo por isso, que a música é uma bosta... e nada erótica...

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A sedução é uma arte...


(publicado originalmente aqui em Julho de 2005, dedicado ao George Coast, com ode do Charlie e tudo)

09 maio 2008


Bom fim de semana

As mulheres e as mamadas!

É uma reflexão que há algum tempo me ocupa a mente e que hoje exponho no papel (ok... isto não é papel, mas concedam-me alguma liberdade poética!).
O que se passa com as meninas e as mamadas? Alguém me consegue explicar a obsessão do sexo feminino por fazer sexo oral? A razão porque se esquecem das palavras bonitas, dos carinhos, festas e beijinhos, de pequenos mimos e à primeira oportunidade atacam com a boca, cândidos e inocentes pénis? A razão porque nos agarram a mão, a colocam nos ombros delas auto-empurrando-se em direcção ao nosso sexo, prendendo a nossa outra mão na nuca, para nos obrigar a pressionar as cabeças delas em direcção ao nosso desprotegido falo?
Quando tudo o que desejamos é conversar, partilhar o nosso dia, dividir os problemas, elas aproximam-se, apressam-se a abocanhar, passear os lábios carnudos e quentes no nosso indefeso pénis, enfiá-lo todinho na boca húmida, passar levemente os dentes pela glande, insensíveis à nossa necessidade de carinho! Esta incompreensível mania de nos obrigarem a despojar nas suas boquinhas melosas todo o nosso líquido do amor, ficando ofendidas connosco se procuramos impedir que bebam até à última gota!
Acredito que a raiz da necessidade de lamber o sexo oposto se relaciona com reminiscências da infância, que encontrem no pénis do parceiro a tranquilidade do seio maternal! Mas isso não explica tudo: também em bebés usávamos fraldas e nem todos em adultos apreciamos chuva dourada! O prazer de beijar, de sentir um músculo a deambular pela boca, também não explica tudo; quantos de nós não estamos fartos de implorar um bom beijo e elas respondem “beijinhos, só no pirilau!” Ainda por cima, o que torna tudo ainda mais inacreditável, enquanto a mulher chupa o masculino grelo fica impossibilitada de dedicar-se ao seus desportos predilectos: limpar a casa e conversar em longos monólogos!
Sinceramente, apesar de muito meditar, não consigo encontrar uma explicação lógica; apenas me sinto triste e incomodado! Estou farto de me sentir… um gelado, um objecto que as mulheres usam para chupar e lamber, bebendo cada uma das minhas gotas, para se vestirem apressadas, saírem da minha vida, prometerem que depois ligam, que vamos jantar ou passear na praia, quando no fundo já sei que isso é mais um engano!
Estou cansado de ser usado como um objecto sexual, por bocas cruéis e madrastas insensíveis ao pequeno coração que apertado me bate no peito! E por tudo isto, deixo aqui o meu grito de protesto: quem quiser mamar, vai ter que casar!

Sintomas da dengue


Alexandre Affonso - nadaver.com

08 maio 2008

O Esticaralho


Bezidróglio

Dão-se alvíssaras (não, Nelo, não estamos a falar que o alvo são as vísceras) a quem me souber explicar o que é isto, que encontrei numa sex-shop on-line japonesa!
____________________________
Nelson: "Assim de repente... parece uma coisa para esticar o coiso..."
São Rosas: "Sei lá... não será para osso partido?!"
Nelo: "Melhéres, iço que istá ai ei o interior da minha poxete Lui Vitongue cu Lalito me palmôu onteim há noite....
legível:
"serve essa ferramenta
de seu nome zingarelho
enquanto o coiso aumenta
não cresce mais pintelho.
Também comercializada nos Talhos 46, que já ouvi uma dona de casa pedir: «Também quero do zingarelho. Não gosto de carne curta.»"

QJ: "Esticador para o instrumento, para o pessoal que tem ou acha que tem o dito pequeno, pelo menos acho eu que..."
joao: "É para esticar o dito. Aquilo que parecem pilhas, são extensões que um tipo vai colocando. Ao fim de uns anos, usam-se umas de meio metro! Já tenho visto coisas parecidas, embora não precise nada."
pih nah dhor: "É um endireita piçalho."
Condutor de pesadas: "É uma mánica de tocar pívias!"
duke: "Estou a usar para encurtar."
Avis(o): "É um Esticaralho."
maria arvore: "Mas aquilo não serão apenas umas talas para se manter de pé?..."
lady.bug: "Eu acho que faz tostas e assim... e deve ter scanner incorporado..."
Avis(o): "Esticapiças,Aumentapau e Alongalho também não ficavam mal..."

Isto é que é sexo seguro!

O João deu-nos a conhecer ali ao lado, no Chato, esta nova forma de fazer alpinismo. Aposto que atrairá os membros e membranas deste blog para desportos radicais.



Sexo alpinista

árvore genealógica, quero dizer... ginecológica :)

árvore ginecológica

07 maio 2008

Ressaca

As ressacas são detestáveis naquele sabor de papel de jornais colado do esterno até à boca e as batidas constantes de um xilofone na cabeça. E não há panaceia que solucione a descoberta de um gajo que não era suposto estar na nossa cama.

Como as memórias da noite são difusas confio que tenha tido momentos espectaculares com tudo a que tenho direito, um membro a crescer-me nas mãos e entalado nos seios e depois feito cereja a pender-me para a boca, dedadas e pinceladas de língua em mim entremeadas de sorvos excessivos e a ligação do cabo que nos dá energia para estremecer, porque não sei o nome daquela cara que não conheço de lado nenhum. E ao levantar os lençóis para espreitar também não recordo aquele zé-ninguém ali esparramado sobre a coxa esquerda do proprietário.

Quando ele levantou as pálpebras como quem corre os estores pela manhã saudei-o com um olá estranho e indaguei-o sobre a possibilidade de me refrescar a memória. Ele colou as mãos aos seus pertences e gorgolejou um bom dia quase indecifrável. Asseverei que era uma mulher prática e apenas estava interessada em saber se valia a pena levantar-me da cama para ir tomar um Gurosan e aproveitar o dia.

Como despachar um homem após um encontro fortuito


Hot Blonde Gets Rid of One Night Stand - Watch more free videos

Enviado por Eros PT para o grupo de mensagens da funda São. Já te inscreveste?

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05 maio 2008

A Casa da Lanterna Vermelha

Por Charlie

Chovia aquele quase sem chover que fica algures entre a ténue neblina e o gotejar indefinido e suspenso que deixa os cabelos, roupa e penugem do rosto cobertos, sem que o notemos, com um fino e quase imperceptível véu velado em translúcidas teias sob os caprichos dos vestígios de luz quando o tardio da noite lhes incide.
Entrei empurrando leve e familiarmente o puxador da porta.
Havia uns largos anos que não entrava naquele espaço, e confesso a estranha e arrepiante sensação de déjà vu quando, por entre o cheiro a tabaco agora proibido, dei com o leque meio aberto em cima daquela mesa ao canto, junto à passagem que repartia a zona reservada ao acesso do serviço de balcão com a porta que dava para a sala interior.
Sem olhar para mais nada e sem pensar bem o porquê sentei-me de olhos fixos no artefacto.
Quase religiosamente toquei-lhe sentindo um mar de emoções aflorar à pele. O seu rosto, sabores do seu corpo, ecos da sua voz por entre relampejos intensos do negro lembrar dos olhos que tão apaixonara o verde dos meus... Acordei ao sabor da voz quente e um pouco rouca:
- Não viu o que dizia na porta? - Olhei para ela.
- Estamos fechados, não viu?...- Continuou abrandando a inflexão enquanto o rosto se lhe aclarava à medida que me redescobria.
- Tu?... Estou a ver bem? És tu?-
Sorri-lhe em resposta reparando como o seu olhar descaía para os dedos que eu mantinha pousados em cima do leque.
- O que é feito dela?- Perguntei.
- Sabes que ela se foi. Nunca mais soube dela... O que queres tomar?-
Afastou-se apontando com o olhar vagamente para a garrafeira enquanto ia buscar dois copos.
Mirei-a em silêncio seguindo os gestos e acenei afirmativamente aos cubos de gelo que já sentada à mesa serviu e que estalaram ao contacto com os dois dedos de uísque.
- Sabes... As meninas que aqui entram, vêm cá para passar e dar uns momentos agradáveis e governar a vida, mas vocês tem a mania que elas lhes pertencem. Começam a pensar só com a cabeça que têm entre as pernas e põem a outra na prateleira, e depois é o que dá...-
Calei-me enquanto um nó se me fez na garganta e todo um turbilhão de sensações me tomou de novo, agora mais intensas e vivas. Pequei no leque, abri-o seguindo os desenhos em negativo a negro da china e incrustações de fino madre-pérola.
- Este leque... era dela.- Atalhei com um ligeiro embargo na voz.
- Há mais leques no mundo, não há?
- Este foi o que lhe ofereci... - Fez-se uma pequena pausa enquanto ela me mirava fixamente no olhar. Voltei a abri-lo e apontei a um ponto determinado:
- Estás a ver? As minhas iniciais e as dela ao lado...-
Abaixou a cabeça, descomprimindo a tensão com um evasivo; - Deve tê-lo deixado esquecido, às vezes pego nele quando me sento um pouco e descanso. - Esperou um pouco e de brilho nos olhos mudou o tema: - Escuta, tenho agora aí umas miúdas... Se bem te conheço e se continuas o mesmo que eras...- Piscou-me o olho e colocando as duas mãos cheias de anéis em cima das minhas continuou: - Elas contavam-me. - E riu-se tossindo...
- Não... de momento não, mas escuta, eu venho um destes dias por aqui, mas vou deixar-te um cartão. Se tu a vires, se ela aparecer por aqui ou se alguém da casa a vir, dá-lho e diz que gostava de falar com ela...-
Deixei-lhe o cartão em cima da mesa e despedi-me puxando a porta da rua certificando-me que estava fechada e entrei para a chuva que agora caía já abertamente e livre das névoas.
Da sala interior saiu um corpo perfeito de mulher, pegou no maço por detrás do balcão e tirou um cigarro. Olhou para o cartão de soslaio por entre várias argolas concêntricas de fumo.- Eu até gramava este sacana, sabes?...- e pegando no pequeno rectângulo de cartão rasgou-o em quatro bocados...

Charlie

Afundaram no buraco ao lado

Oh!... Desculpa!... Foi sem querer...Informamos os caros utilizadores que procuraram:

- O “ideal feminino de camoes”... por aqui existem bastantes ideais femininos, mas de Camões não! Porque o gajo só tinha um olho. Aqui os ideais femininos são para quem vê bem!
Estavas a fazer o trabalho de Português para que ano? 7.º; 8.º? Ai se os teus pais te apanham por aqui!

- ”gajas com menstruação”
Por aqui também existem senhoras gajas com menstruação, nem todas entraram na menopausa...
mas o intuito da pesquisa... era para foder?

- ”cunnilingus”
Caríssimo, leste o comentário anterior? Ainda queres? Nós alinhamos e adoramos!

Ronaldo explica o maior escândalo com os travestis no motel


Alexandre Affonso - nadaver.com

04 maio 2008

A miúda

A miúda que em há em mim costuma correr à socapa dos colegas adultos nos longos corredores daquele edifício que mais parece a casa de malucos dos 12 trabalhos de Astérix. Muitas vezes nas pontas dos pés para os saltos não a denunciarem.

E não contente com isto, ainda se apaixona e como se cada vez fosse a primeira com a inocência de quem tem tudo para descobrir no outro e em si. Concebe como momento mágico cada novo pénis que lhe assalta a vista como se deparasse com um gatinho acabado de nascer na parecença de que ambos ainda têm olhinhos fechados.

E quase acredito que só cresce ao ritmo do emblema masculino que afaga nas mãos enquanto abandona as mamas aos sorvos e depenicadas da boca do outro. Porque assentar as nádegas nas coxas dele e soerguer-se um nadinha para se encaixar nele antes de um frenético vai e vem é um indubitável sintoma de maturidade.

"O que tu fazes com a comida, é contigo"


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03 maio 2008

a(C)(L)ama




Mauricio Kagel

Portfolio de desenhos de Testu

Recebidinho de fresco para a minha colecção.
Dos 39 desenhos, fica aqui uma pequena amostra. Quem quiser ver mais, é só ajudar-me a encontrar um investidor e um local para expor a minha colecção, que tenha um espaço de biblioteca para consulta dos mais de 1.000 livros que tenho de temática erótica.







Sopa Picante





















Coisas [via]

02 maio 2008

Os homens e as gajas boas

Quais os requisitos para que um homem qualifique uma mulher como um gaja boa? Esta é uma pergunta que inquieta as mais acutilantes obras de investigação sociológica, também conhecidas por revistas cor-de-rosa!
Também nós, que no caso sou apenas eu, realizamos variadíssimos estudos, conclusivos como os da Ota, o que nos permite chegar à conclusão que há anos atravessa o espírito humano!
O que para um homem faz com que uma mulher seja uma gaja boa é… ter pouca roupa! Uma gaja quase despida, é sempre uma gaja boa!
Os críticos e os puritanos vão contradizer-me; alegar que nem todos os homens pensam assim! Sim! Terão razão! Há homens que não pensam assim: chamam-se paneleiros!
Agora macho que é macho, arrota, peida e chama boa a qualquer mulher que mostre mais carne do que oculta! As mamocas (cuja obsessão masculina nunca compreendi, porquanto são umas miseráveis bolhas) podem ser grandes, pequenas, descaídas, arrebitadas, uma ou até três que, desde que estejam visíveis, a malta olha e gaba! As mamocas mais feias do mundo, quando desnudas, tornam-se apetecíveis bolhas!
E que dizer das pernas? Há por aí homens que se preocupem se as pernas são esbeltas, elegantes, musculadas, firmes? O que a malta quer é que estejam à mostra; a qualidade da perna é inversamente proporcional ao tamanho da saia! E digo mais, minhas leitoras: se o vosso marido/namorado/"desenrascador" vos disser: "já vistes, que pernas feias ela tem?"; tenham cuidado: ou anda a comê-la ou a tentar!
Um cu bom? Desde logo, é um que se possa utilizar! Porque se for só para ver, há revistas da especialidade! E depois, macho que é gajo, depois do quinto whisky, qualquer cuzinho é um bom rabo; mesmo o dos amigos, quanto mais o das amigas!A questão do rosto? Não há caras feias! O que há são homens que ainda não beberam o suficiente; mulher feia à meia noite, é girinha às duas, bonita às quatro e às seis da manhã é linda de morrer!
E o que dizer da vossa celulite (da das outras, que as minhas leitoras não têm!): acham mesmo que quando tiram as calcinhas a malta está preocupada com a celulite? Acham mesmo que é para aí que a malta olha? Já alguma de vós ouviu a frase: “não querida, coito anal agora não quero, porque se vê a celulite; passa-me a patareca se fazes favor!”?
Minhas queridas leitoras, querem ser gajas boas? Esqueçam os ginásios e as dietas, ignorem os cremes, poções e mezinhas: Dispam-se! E vão constatar: tal como os nossos pénis, o vosso ego também vai crescer!

Ride, Fuck & Check Calories

Um novo conceito de desporto!

Muitas vezes as frequentadoras de ginásios desistem passado pouco tempo, porque é facultativo e não tem prazer associado, uma chatice que ocupa os tempos livres.
Assim, apresento-vos um novo conceito de desporto / prazer, até porque o Verão está a chegar!

Principais vantagens:
> Verifique o pulso e calorias queimadas durante o treino;
> A trancada pode ser ajustada entre os 5 e os 20 cm;
> Sem paragens e sem limite de velocidade;
> 180 rotações por minuto, o que significa 3 estocadas por segundo.

Para mais informação e conhecer outros produtos similares pedale por MotorFun.

O Anão Secreto da Branca de Neve

















Coisas [via]

01 maio 2008

A casa das Bonecas

por Charlie

Gostava que a tratassem por Betty.
Com dois tês, como enfatizava assim que disponibilizava o nome, quer a pedido quer a título de apresentação, mal pressentia que o lance da iniciativa lhe era favorável.
Pairava pela Casa das Bonecas, situada numa pequena elevação que sobressaía no meio da névoa, do bosque de cogumelos e cerveja fresca, de noites escuras cinza marcadas pelas cores reflectidas em laranja e amarelo-girassol.
À entrada, um Ás de Copas. Não o do conto, mas uma carta em ponto grande que preenchia quase totalmente a metade cimeira do exterior da porta. Um coração estilizado de múltiplas leituras fazia a figura central. E mesmo na confluência das duas aurículas, um dos traços prolongava-se quase até ao meio onde terminava numa alusão a um dorso feminino de nádegas para o ar, mas que o avançar do olhar rapidamente lia como a parte inferior duma glande, terminando numa evidenciadora gota por onde um olho espreitava antes que a passagem ao visitante fosse franqueada.
- A Betty está ali. – Ouvi com agrado o Porteiro, um matulão, de ombros largos e angulosos, estilo caixa de jogos de Dominó. Um indivíduo com enganadores ares de eunuco, mas a quem eu já vira com dois Valetes de Espadas pendurados pelo colarinho, a serem atirados para fora do baralho, no meio do tremendo aviso de que na próxima vez teriam como castigo o serem rasgados em quatro!
Entrei e, devagar para me habituar à doce iluminação, dirigi-me à sala onde um murmurar ameno mostrava um momento bem frequentado.
Sentados num sofá e em dois cadeirões anexos tendo uma mesa com aperitivos e bebidas pelo meio, estava a Betty e a Barby, a Dama dona da casinha, o Rei - já velhote e de uso reservado à bisca lambida - e finalmente, um figurão que nunca tinha visto parar por ali.
- Vem!- Disse a Betty, minha já velha conhecida. – Anda aqui e junta-te a nós!-
Sentei-me após ter-me apresentado numa rodada breve de acenos de cabeça onde repeti duas ou três vezes o meu nome. Reservei um momento mais intimo para as duas bonecas com um beijo na face e sentei-me tentando decifrar o gosto que me ficara nos lábios. Pensei um pouco e, em voz baixa apenas o quanto bastasse para se ouvir por cima da música ambiente, disse para a Betty:
- Celofane?...- Andaste a pôr celofane?- Deu-me a resposta entre um riso meio nervoso, e acenou para o novo frequentador do espaço.
- Foi ele, fofura. Chegou hoje e ainda vinha embrulhado. Pediu-me que desfizesse a embalagem... assim como eu sei fazer. Entendes? Com a língua e os dentes a ajudar as mãos, entalando bem entre as pernas enquanto puxava, puxava....-
Mudou a expressão do rosto numa toada de reprovação e comprimindo os lábios num beijo seguiu:
- Não fiques assim com esses ciúmes. Sabes como detesto quando te pões assim, e sabes como sou. Sempre soubeste que não sou de uma só e carta nem dum só baralho, não é fofura? –
E beijou-me num abraço à volta do pescoço enquanto se sentava ao meu colo. Mas quase de imediato e num assomo repentino, levantou-se e disse:
- Vou preparar a tua bebida favorita. - E em dois saltos desapareceu de sorriso largo e leve para a passagem ao fundo da sala que dava para o bar.
Ao meu lado, quase no mesmo instante, o novo frequentador veio sentar-se no lugar deixado vago pela Betty.
- Não cheguei a dizer o meu nome. - Avançou de imediato enquanto senti a sua perna encostar-se à minha.
Desviei-me um pouco no sofá, gesto que ele acompanhou encostando-se ainda mais.
- Não estou a perceber.- disse-lhe já com um ar incomodado,- Se bem me lembro da conversa tida ainda agora com a Betty, ela desfez-lhe o embrulho da forma que se supõe natural entre uma boneca e uma carta que se preze. Peço que me desculpe, mas...-
- Ah! - interrompeu ele de mão esticada.
- Perdão! Devia tê-lo feito primeiro.
Mas... continuo sem ter dito o meu nome.
Dou para qualquer cartada, qualquer jogada.
Tenho um espectro largo de valor.
É este o meu meio.
Tanto valho tudo como nada. –
E pegando-me na mão que eu tentava afastar terminou num sarcasmo demolidor:
- Sou o Joker, ao seu dispor...-

Charlie

Amnistia Internacional







Coisas [via]

Publicidade a uma companhia de aviação em 1965

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