24 fevereiro 2009

Atrevimento, ousadia, arrojo




O atrevimento supõe uma resolução da vontade, acompanhada da confiança em nossas próprias forças, por conseguir um fim árduo. – A ousadia supõe o desprezo das dificuldades, ou riscos superiores às nossas forças, porém acompanhada de uma excessiva confiança na fortuna ou na casualidade. – O arrojo não supõe nenhum género de confiança, senão uma cegueira com que temerariamente nos expomos a um perigo, sem examinar a possibilidade nem a probabilidade de sair bem dele.

ROQUETE, J.I., O.F.M. 1885: 90

Videoclip baseado na música dos U2 «Discothèque»



Um (excelente) trabalho do blog Garm's Kiss

Anúncios da Wonderbra para a linha de fatos de banho



23 fevereiro 2009

Come e Cala-te, Zeca...


"Um copinho, dois copinhos
três copinhos de aguardente
As moças cá da terra
Fazem sentir a gente quente"


"Um copinho, dois copinhos,
três copinhos de licor
Levas um murro nesses cornos
Passa-te já o calor"



(popular Alentejano)


...levi um sopapo nos cornos que até vi estrelas...

Eh cabranagem.
À certa que muita gente já conhece estas duas quadras; a primeira a jeitos de piropo de forasteiro e a sigunda o remoque azedo dum mano da terra que ouvindo a quadra e nã gostando da pinta do gajo de fora lhe responde com esse gosto que nã lhe tinha.
Bom mas isto é pra dizer que cá o VinteSete já tem passado por ocasiões dessas.
Como vossamecezes sabem, a minha vida é no campo com o gado, ando dum lado pró outro com as alimárias, vou às feiras e cá me governo. Há alturas em que um homem vai à cidade uma remessa de vezes e vai nã vai, lá vai uma atanchadela. Ele há agora uma bichas boas na rastomenga e na espremedela, que até os olhos e a unhas dos pés se reviram, porra dum cabrão que um homem parece que se desfaz em leite em cima delas!
Só que a porra éi que taméim há alturas em que um gajo, mó de andar muito ocupado, nã pode ir à cidade prá festa. Éu cá tenho uma fragonete pra levar o gado pró negoiço, mas nã a posso levar quando vou às máquinas de tirar leite, que isso mete sempre copos e asdespois é uma moenga mó da Guarda e o soprar do balão mais a porra...
De jeitos que costumo ir na minha motorizada até Castro Verde e depois apanho a camioneta da carreira, mas isso éi quando há vagar e há alturas em que nã há vagar.
E foi numa dessas alturas em nã havia vagar que vi aquela gaja ali parada na estrada quase junto ao tasco do Zé Manita, o filho dum cabrão, orelhas de podengo, a pedir boleia. Tinha estado a tosquiar umas ovelhas. Nã sei se vossamezeces já lhe viram as rachas, mas um homem depois de rapar uma dúzia delas e nã apanhando nada há uns dias, o melhor que faz é ir-se embora que fica com uma brotoeja na braguilha, pior que a sarna. E cá o Zeca nã quer passar pela parte desse pastor a quem perguntaram como se governava sem sexo, ali no descampado, dias e dias a fio. Ao que ele respondeu que muito bem; - pergunte a quem quiser menos ali àquela ovelha, a malhadinha, que ela é muito mentirosa...-
Ora tendo eu abalado com o azinho por entre as cuecas e vendo a febra ali de dedo esticado nã perdi tempo.
- Aghhhh...- disse eu cá pra mim:- Zeca... Zeca Tramelica. Nã te esqueças do que o té avô te ensinou: "na pastagem, ovelha que berra, é bocado que perde. Nã desperdices nunca uma aberta. Come o que puderes!" – De modos que avanci logo todo lampeiro direito a ela enquanto lhe mirava prás pernas e prás mamas. A magana era boa, jeitosa e ali mesmo à mão, e eu cheio de rebarba... Nã sei se tão a ver, né?
- Posso ajudá-la, menina? –
- Foi o carro,- respondeu apontando ali prós lados do tasco do orelhas, - agora estou a ver se apanhava uma boleia ali a Mértola para ir buscar um mecânico...-
- Nã se preocupe mó disso que eu vou já buscar a fragoneta e levo-a.-
E foi já a meio caminho que a seguir a um pouco de conversa onde ela me disse trabalhar num bar que eu parei ali num desvio debaixo dum chaparro e le preguntei se nã ia uma espetadela. Bom moços! Leví um sopapo nos cornos que até vi estrelas!
- Você deve ter levado muito estalo, seu descaradão, seu estúpido, seu atrevido! –
- ... Sim... tenho levado... Mas também já tenho chombado muito.- respondi-lhe baixinho e de mão na cara a desfazer o ardor.
E nã querem lá saber? Atão nã ei que acabi, - depois de levar aquele chapadão - na rastomenga, de vintesete na vinagreira, em cima da manta, espojados por trás do chaparro? Eh moços! Bela bicha e bela espremedela! Que ele há coisas muita boas e esta foi das melhores, que já nem sabia onde era eu, onde era ela e onde era o chaparro! Tamanha foi a rastomenga que era pernas, mamas e galhos, tudo misturado num enleio do mete e tira, que só de me assomar a lembradura me começa a bater o coração na braguilha!
Fui levá-la mas fiqui com ela a bater-me cá na caixa córnea e há dias volti a Mértola a ver se a via. E foi mesmo junto à rotunda cá em baixo que a vi passar.
Éu tava num Café a beber um branquinho e disse a um que era de lá e tava tameim a beber um copo à porta, como a magana era boa. Mas o bicho dum cabrão respondeu logo, em tom acabranado e azedo, para eu tar calado, que ela estava agora por conta dum que tinha sido cabo da Guarda prós lados de Santana ou da Vidigueira, ou coisa parecida, e que era mau como as cobras.
De jeitos que alembrei-me das quadras de cima e bebi mais um.
-Come e cala-te! – remati para dentro, levantando o copo enquanto fazia um brinde à memoira do mé Avô e que entre outras tameim me tinha ensinado esta....

José Carlos Trambolica
(Zeca Tramelica, o VinteSete)

Vão ao Estúdio Raposa

e deliciem-se ouvindo Luis Gaspar a apresentar-nos E. M. de de Melo e Castro e a ler-nos cinco poemas do livro «Sim... Sim!». Um deles é este:


"mais difícil é falo
que falá-lo
mais difícil é língua
do que lua
mais difícil é dado
do que dá-lo
mais difícil vestida
do que nua
mais fácil é o aço
do que achá-la
mais fácil é dizê-la
que contê-la
mais fácil é mordê-la
que comê-la
mais fácil é aberta
do que certa
nem difícil nem fácil
nem aço nem licor
nem dito nem contacto
nem memória de cor
só mordido só tido
só moldado só duro
só molhada de escuro
só louca de sentido
fácil de falá-lo
difícil de contê-lo
o melhor é calá-lo
o melhor é fodê-lo

E. M. de de Melo e Castro"

Revelações


Alexandre Affonso - nadaver.com

22 fevereiro 2009

Comunicado da Maria Árvore À Nação Blogoesférica*

"Informação recolhida pelo Yahoo e outros motores de busca não deixa dúvidas de que o regime cheziano continua a possuir e esconder armas mortíferas. O blogue tem um historial de rude agressão aos comportamentos masculinos, em geral, e aos valores socialmente aceites e politicamente correctos de falta de igualdade entre os sexos, em particular. Acresce que tem sido ajudado por outros blogueres terroristas, incluindo operacionais d'A Funda São. O perigo é claro: usando a química do sexo e as consequentes respostas biológicas e quiçá, um dia, nucleares por se alojarem no cérebro de forma humorada, estes terroristas anónimos poderiam concretizar as suas ambições de divulgar o direito ao prazer como natural e lícito junto de milhares de inocentes do nosso país e até doutros incautos que demandam blogues nacionais.
À medida que a nossa coligação de comentadores conceituados lhes retirar o poder, assinalando-os sistematicamente na barra de navegação da Blogspot, iremos distribuir toda a informação e entretenimento adequado de que precisam. Iremos desmontar este aparato de um espaço onde tudo parece possível e ajudaremos a construir uma nova blogoesfera próspera, segura e livre. Na blogoesfera livre de sarilhos não haverá mais guerras de agressão a pessoas socialmente reconhecidas pelo seu bom nome na praça nem mais fábricas de venenos sobre o modo de viver tuga em geral. O dia da vossa libertação está perto.

* post inspirado na declaração de Bush de 17 de Março de 2003 anunciando o ataque iminente ao Iraque"

Maria Árvore

Rodney Carrington - Show them to me



Sugestão da c&a

crica para visitares a página John & John de d!o

20 fevereiro 2009

A verdadeira obsessão dos homens...

… são as bolas. Não essas que o meu perverso e mal intencionado leitor tem na cabeça (metaforicamente, é claro), mas as bolas de futebol! Seja qual for a idade ou a condição, o local ou o tipo de roupa, o verdadeiro tuga não resiste a uma bola de futebol! Um tipo vai caminhando, ensimesmado ou contemplativo, que quando a bola “se abeira de nós” (um miminho para os meus leitores do Norte), não resistimos a dar-lhe um toque, ainda que ligeiro, demonstrando ao mundo a nossa arte, ou a carência da mesma. Sei que muitos discordam e sustentam que a tara dos homens são as mamas, mas estou em perfeito e consciente desacordo: aquilo que nos motiva é uma bola de futebol. Porque mesmo que a bola seja de outro desporto, nós temos de tratá-la como se fosse do desporto que dizem ser rei neste país republicano.
Veja-se o caso da praia, quando a malta vai a banhos: quem cultiva o delicioso prazer de dar uma volta à beira mar (mesmo sem kafka), ainda que vá distraído a ouvir a música do bar, ao aproximar-se de banhistas desportistas, sofre do profano pecado de desejar que a bola se aproxime de nós para matarmos o estranho vício! Mais. Estou convictamente imbuído da convicção que os homens apenas olham para tudo o que é mamas, porque nas arredondadas formas vêm duas inocentes bolas de futebol! A paixão pelo futebol tem toda uma natureza abichanada: a malta paga para ver homens de pouca roupa que correm suados e agarram-se uns aos outros - mais gay que o futebol só mesmo o râguebi ou a tourada, embora no caso desta os forcados vistam aquelas roupas para assumir a homossexualidade – mas, ainda assim, jogamos futebol e sentimo-nos muito machos! Atrás da bola. Por causa da obsessão das bolas. Não dessas!