09 junho 2010

Revista Sábado

No âmbito do excelente trabalho fotográfico da Helena e do Ricardo da MyMoments, saiu hoje uma reportagem da jornalista Raquel Lito, entre as páginas 94 e 96, onde eu também apareço.

Espero que gostem, se não mais, pelo menos tanto o quanto eu gostei de ser fotografada!


(crica para aumentares... a imagem, que o que é teu já não tem remédio)

«Feiticeira erótica» - estampa de Tomi Ungerer - 1994

Uma estampa do grande Tomi Ungerer (se não sabes quem é, aqui explicam).
A partir de hoje, faz parte da minha colecção.

08 junho 2010

Casamento gay



HenriCartoon

XX

Repetidas vezes me perdi, num tesão, ardente e ágil.
Num pensar ardente e ágil, de sexo comendo um sexo negro ardente e ágil.
Na opulência agressiva amassada em suor.

Não há beleza mais empolgante que é o foder, onde tudo febrilmente se move, desde a palpitação à pulsação do ar.
Tudo se agita. Tudo grita. Tudo se come.
Tudo geme sem esforço, cintila, na ilusória aparência, que tudo quieto está...

Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem...



[Blog Vermelho Canalha]

Luto(a)


Quando as palavras
são punhais
(perfuram)
trespassam o desejo
dentro do elo
da imaginação:
essas são as palavras
inaudíveis
do luto(a).
Que luto? Que luta?

O(A) que nos engole
as saudades dos dias.

Foto e poesia de Paula Raposo

Canela fodida


Alexandre Affonso - nadaver.com

07 junho 2010

A palestra



HenriCartoon

Trinta euros

Sentou-se ao balcão. Agora, os olhos já boiavam no copo vazio. Devolveu-os às órbitas e atirou-os para a porta. Entravam homens que eram gargalhadas; entravam homens que eram solidão; entravam homens que eram palhaços mascarados de guerreiros; entravam homens que eram estilhaços; entravam homens que eram fantasmas; entravam homens que eram mendigos; entravam homens que eram ironias; entravam homens que eram vazios; entravam homens que eram vitórias; entravam homens que eram sarcasmos, entravam homens que eram ruídos; entravam homens que eram silêncios; entravam homens que eram as coisas que eram antes de ser. Entrou o homem que pediu três beijos para lhe encher o copo e caminhos para lhe encher o corpo. Soletrou fome por extenso. Mas ele não soube repetir. Então pediu-lhe trinta euros. A pensão ali ao lado...

Poema do grande mestre Millôr Fernandes

"Príapo foi pra cama com Cupido.
Um saiu extasiado
E o outro – bem servido.
(Poemeu com sabor clássico)"


Millôr Fernandes

O truque para fazer os homens interessarem-se pelo cancro da mama...

... é tratá-los como as crianças que são. Isto é o que diz a agência de publicidade Change Integrated. E substituiram uma das modelos por «Edyta» na secção de adultos de um site polaco muito popular.

Check out these boobs! from nienaut on Vimeo.

Segundo essa agência, a «Edyta» ajudou a treinar perto de 175.000 homens, numa só semana, para saberem como examinar as mamocas das suas parceiras.
Podes experimentar aqui.

06 junho 2010

Um: broche

Escreves. Desenhas. Pintas.
Não te conheço.
Por enquanto.

Oiço-te: dizes alguns poemas meus.
Delicias-me.

Atiramo-nos ao infinito,
voltamos, partimos,
amamo-nos, largamo-nos
e deixamo-nos um dia.

E os dias já não são os mesmos:
nunca mais te senti na minha boca.

Foto e poesia de Paula Raposo

Tradução dos vazios

Lava a alma branca do rosto do homem. Lava a alma branca dos ais. Deixa a cal em cima da mesa de pernas tortas e sai para as ruas e agradece o frio que faz sempre com que se sinta melhor o calor da próxima porta: casa. Lavou a alma branca das mãos do mendigo de ilusões. A água correu, deu o que tinha, deu tudo, deu nada, recebeu água que lava e lava e lava. Sorrisos dos dois, sorriso do mendigo de ilusões que ficou, também de alma lavada. Lavou a alma do rosto e das mãos. Não lavou a alma de mais marcas; a alma não está suja, a alma nunca está suja quando lava almas. Os corpos são ténues, sempre ténues, nunca te esqueças. Os corpos apagam-se da noite para o dia e a noite chega sempre. Por isso há sempre algo de muito bonito em cada homem, nem que seja o corpo ténue, porque é ténue. A casa vazia. A casa sempre vazia. São assim, os amantes ténues. Lava-se a alma mil vezes mas fica pintada de solidão. Em troca do instante cheio encontra-se, depois, a casa vazia. Sim, a casa já estava vazia e a alma já estava sozinha. Não entendes? Eu entendo. Pendura um quadro na parede vazia. Agora tira-o. Estava vazia antes. Mas agora está vazia e falta-lhe algo. Quando algo falta, o vazio incomoda e não lava. E, tantas vezes, o que se pendura ainda nos leva um pedaço de parede.

"Pau Mole" - poema de Maria Rezende dito pela própria

Obrigada pela sugestão, Rui Pato!