06 abril 2011

Imperdoável


Muitos dos antepassados dos que agora fomentam a tradição machista e de uma barbaridade insuportável foram vítimas da escravatura que o tempo, para bem dos seus herdeiros, erradicou por ser flagrantemente universal o repúdio que causa.
Nenhuma tradição selvática, quaisquer que sejam os seus fundamentos, pode sobreviver ao julgamento do tempo e das novas perspectivas que ocupam os espaços negros que a Humanidade criou em matéria de direitos humanos sem olhar a raças, credos ou géneros.
A mutilação genital feminina, que de acordo com uma reportagem da TVI acontece em Portugal, entra no top ten das barbáries antigas que nenhuma ideologia ou argumentação me farão algum dia respeitar.
É atroz, é inexplicável, é demolidor de qualquer tolerância que queiramos congregar em torno de (mais) um crime medieval praticado nos nossos dias sob as mais imbecis explicações. Porque não existe explicação alguma para um comportamento tão descaradamente obsceno nos seus contornos.
Não há complacência, não existe compreensão, não se admite brandura perante o que podem chamar cultura mas não passa de algo tão hediondo como qualquer forma de tortura imposta a alguém.
O meu poder de encaixe não basta para aceitar a mera hipótese de uma coisa destas poder acontecer no meu país, embora uma violência tão cobarde não tenha fronteiras.
E nada no código penal português abaixo da pena máxima deveria punir, sem clemência ou atenuantes, uma atrocidade assim.

Shooting Well #8

Uma mulher e uma cadeira são garantia de tempos que nunca acabam.
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Como ode o OrCa:

"ah, que rotundo orifício nos persegue
foto a foto no grafismo comedido
que plástico efeito, que sentido,
que perturbação, senhores, que se consegue

de pele se faz o que tanto nos impele
à sugestão serena ou desvario
da criatura curva o desafio
que vem da tessitura à flor da pele

costela sublime ou mãe natura
que bem sabe partilhar esta aventura..."

Nunca negue sexo a uma jovem com as hormonas em brasa.

Letras satânicas



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05 abril 2011

Tecnologia de ponta

Aqui há tempos ocorreu-me que isso de ter um falo podia não ser tão simples como parece. À primeira vista supõe-se simples, natural, imediato… automático. Mas tudo o que é automático tem sempre uma grande dose de magia e de mistério. E se já é preciso fazer um bocadinho de esforço para perceber como é que vozes e imagens passam através de fios, ou toneladas de chapa se mantêm suspensas no ar, neste caso há que puxar muito pela cabeça porque é mesmo tecnologia de ponta! Vá lá uma mulher entender como é que aquilo funciona!!! O mais curioso, é que, ao que parece, eles também não sabem. Inquiridos a respeito, os cavalheiros alvitraram com estatísticas: se for assim, ou daquela maneira… nestas e naquelas condições… mas nunca nada de certezas ou do “eu quero, posso e mando”. Ou seja, o falo tem vida própria, caprichos variados, faz o que quer… e pior… não se ensaia nada para deixar mal o melhor dos artistas no mais inconveniente dos momentos. E se há caminhos de ideias mais favoráveis à ocorrência do fenómeno (dizem eles), também os há verdadeiramente desastrosos como, por exemplo, pensar nisso, ou ter receio de falhar, e aqui se incluem aqueles casos esquisitos de homens incapazes de foder mulheres bonitas ou por quem sintam uma grande admiração. É fodido! O certo é que boas intenções está o inferno cheio, e a Nossa Senhora dos Aflitos não ajuda. Ou bem que se reúnem as condições necessárias, ou nada feito. Imagino, pois, que não seja fácil. Sim, porque uma mulher sempre pode disfarçar… e com jeito até pode ser que a coisa depois engrene… Já um homem tem que se atirar à aventura apostado apenas em probabilidades e na esperança de que tudo corra bem se Deus quiser, e ainda numa disposição de 100% de confiança, sob pena da incerteza ser meio caminho andado para o fracasso. E assim se explica que muitos homens, não por um apego especial a engates demorados, mas por receio natural e limitações de confiança, fujam como o diabo da cruz de candidatas mais afoitas e prefiram namorar as mulheres muito devagarinho... jantar à segunda… beijinho à quarta… cinema à sexta… Mas também os há kamikazes. Casos raros de motor a adrenalina. Para esses à primeira nunca falha! A segunda é um grande risco. E a terceira ou quarta, suicídio. Eternos caçadores, não suportam a intimidade. Também não é pequeno sarilho! E como se não bastasse, para uns e outros as dificuldades não se ficam pelo arranque do motor. Ainda se seguem as provações da duração da bateria!

Perante isto, até admira que tantos arrisquem a sair da boxe!

Dor intemporal

Sucumbes no tempo
Que o tempo não dilui
Nem apazigua,
Sucumbes no espaço
Da dor imensa
Que a dor não morre,
Sucumbes como pássaro
Frágil incapaz de voar
E as asas sem força
Não libertam o voo.
Sucumbindo no teu peito
Eu fico dorida em ti,
E em silêncio
Descrevo um arabesco
Nos beijos que te dou,
No voo que ensaiamos
Na voz do nosso amor,
E não te deixo
Nem me afasto,
Antes sucumbo contigo
Quando em mim te diluis
E voas no meu abraço.

Poesia de Paula Raposo

Do silêncio

No meio das minhas abstracções sempre moraram mais palavras do que imagens. E agora o silêncio fala, magnífico, daquilo que eu não consigo; não encontro palavras, sequer letras conhecidas, não consigo tornar esta concreta. E ele cai sobre mim - o silêncio ainda ofegante de tão jovem -, pesado, como um amante desesperado que lança o alvo de um lado para o outro, incapaz de imobilizar a presa, incapaz de a prender para a invadir, inteira, de uma só vez. Ficamos os dois neste jogo de alunos sem professor, eu e o meu demasiado jovem, demasiado impetuoso amante, eu e o silêncio acabado de nascer, filhos e órfãos das palavras; lançado pelos corredores da sofreguidão, ele falha-me o coração e golpeia-me o sangue nas tangentes uma e outra e outra vez; afasta-se e vai percorrendo todas as veias do corpo ao invés de se aproximar. É isso que acontece quando paraliso, olhos que vazam o olhar na tua direcção, não encontrei palavras para ti e o silêncio espalhou-se-me no sangue.


Baralho de cartas erótico espanhol

Os desenhos de Serafin, todos diferentes em cada carta deste baralho de uma edição de 500 exemplares numerados, são uma delícia.
A partir de agora, junta-se aos muitos outros baralhos de cartas da minha colecção.


04 abril 2011

Dúvidas do linguado português - a sanita

"O assunto já foi mais do que debatido, mas o que é certo é que, até à data, ainda nenhum homem se chegou à frente para explicar o porquê do tampo para cima. «Ah, e tal, é para não o pingarmos», dizem alguns."
Crónica de Ana Garcia Martins na falecida Playboy portuguesa nº 9 - «O tampo é para baixar. A sério!»

Como nenhum homem se oferece para esclarecer este tema, vou tentar eu.
Afinal, as mulheres queixam-se dos homens porque não levantam o tampo da sanita para cima antes de fazerem as suas necessidades?!



Há aqui uma grande confusão entre tampo e assento. Tampo (ou tampa) é o que tapa a sanita quando não está em utilização. Assento é o rebordo onde as pessoas se sentam.
Não conheço nenhum homem que faça o seu chichizinho sem levantar o tampo da sanita, até porque provocaria uma sessão de auto-chuva-dourada. Onde de facto há muita balda por parte da maioria dos homens é por não levantarem o assento da sanita, levando a que uns pingos (na melhor das hipóteses) ou um grande lago de urina fiquem a enfeitar o assento da sanita ou mesmo a escorrer por ali abaixo. Assento onde eles próprios, homens, se irão sentar!
Fique o esclarecimento: os homens são porcalhotos? São (não sou eu!) mas não mijam com o tampo para baixo!
Entretanto, os homens têm que se sujeitar a avisos como este, enquanto não aprenderem a fazer pontaria com pistola:



Pronto, meninas, pronto... podem agradecer mas não precisam de exagerar!

«Harley Davidson - respeito!»

Duche para poupar água

l'origine cachée de toutes les choses - Évelyne Louvre-Blondeau



le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau