20 abril 2011

A posta apreensiva

Recebi um dos maiores chuveiros de humildade no dia em que percebi que uma mulher, uma paixão, preferia dedicar o seu tempo a um jogo de computador do que ao contacto comigo.

Julgava-me apelativo, interessante, arrebatador. Pura ilusão. Um simples computador bastou para me bater aos pontos no confronto directo e eu senti essa derrota como uma goleada em casa, como uma humilhação.

Claro que essa experiência apenas desnudou a minha arrogância, exposta ao ridículo perante os factos que evidenciaram, na altura, o deslumbramento excessivo que me permiti por me julgar capaz de conquistas como as do passado, esse sim, recheado de vitórias que me resta recordar com saudade mas com os pés bem assentes no chão.

Hoje o meu Glorioso joga na Luz com o Porto.

E eu decidi que não gosto nada de associações de ideias palermas.

Eu, piroca, também falo de temas da actualidade

Uma das vantagens de se ser pila é passarem-nos ao lado estas crises de que toda a gente fala agora. Claro que, como de costume, falo por mim que cada piroca terá a sua própria consciência e uma opinião acerca destas coisas tão importantes para os coisos agarrados a nós que até já ouvi dizer que alguns perdem o gosto pelas nossas mais imprescindíveis utilidades.
O meu não perdeu, apesar de tanto se chorar da conjuntura malvada que às vezes o deixa sem ponta por onde se lhe pegue. Excepto a minha, claro, que contra as más influências externas possuo uma inviolável couraça.
Se não fosse pelo efeito bumerangue atrever-me-ia a dizer que alguns coisos agarrados a nós são uns pilas moles, sempre cheios de pretextos para deixarem os seus membros viris pendurados numa situação sem jeito nenhum.
Por acaso uma piroca pode ajudar a resolver a crise? Não pode, mesmo que o faça com agá. Mesmo tendo em conta as regras do mercado, nomeadamente a lei da oferta e da procura que tanto nos favorece, as mais afoitas e funcionais, nestes dias marcados pela negra estatística de 500 mil pirocas com disfunção eréctil (nossa senhora dos penduricalhos me guarde e proteja), a crise é tão profunda que não vão lá nem com um novo Manel25 ou 26 na Assembleia da República.
Assim sendo, para quê envolver as pirocas nestes assuntos tão deprimentes senão como uns antídotos sempre à mão para combaterem os estados de alma mais murchos e assim?

Massagem de elefante

Falso poema, poema em falso dos amantes

Tu entras e sais de mim e eu entro e não saio de ti;
para entrar tiveste de sair, para voltar tens de ir
e eu fico aqui neste jogo convulsivo de ganhar-te
e perder-te.
Sobra-te roupa, pendura-se em ti como num cabide, parece-me,
deve ter ficado mais espessa entre nós,
de repente adensou e parece recortada de uma parede.
Não, não te afastes enquanto te debates contra as mangas,
eu esperneio contra o tempo,
esperneio contra as paredes de tecido até à nudez tua
e o tempo enrolado nelas;
acabas-me com o último instante,
o único, o mais efémero de todos; talvez seja o que traz à memória
dos constantemente incompletos um tempo embrionário
antes dos tempos,
um tempo em que não conheciam essa estranha falta de si,
talvez separação de si mesmos,
saudade e vazio de um braço, uma perna,
um qualquer órgão interno desconhecido.
Depois submergimos, cada um viaja na sua direcção,
fundo, cada vez mais fundo até que,
horas mais tarde, quando chega o momento do Sol,
encontramo-nos a meio caminho,
damos as mãos
e voltamos à tona juntos, acordamos juntos,
olhos nos olhos acabados de abrir.

Olho de Tubarão

19 abril 2011

Shooting Well #10

Aborreci-me. Assumo que a dado momento me aborreci muito com a recepção que estas fotos tiveram n'A Funda São. Aborreci-me porque os pressupostos sobre os quais elas foram feitas pareciam não estar a ser entendidos, e se em alguns aspectos isso me parecia fruto da subjectividade dos gostos, em alguns outros parecia existir uma acutilância desproporcionada. Ponderei, verdadeiramente, solicitar que se interrompesse a divulgação das fotos, mesmo sabendo que as mais apelativas ainda estariam para vir. Falta de capacidade para aceitar críticas? Não. Teria gostado muito que me falassem das coisas que funcionavam, e daquelas que não funcionavam. Teria gostado que me tivessem dito que ângulos gostavam, que aspectos teriam melhorado, o que nunca teriam feito ou não gostariam, nunca, de ver. Era para mim perfeitamente claro, e assumido, que não era profissional nem coisa parecida. Sou - e provavelmente sempre serei - um amador. Um entusiasta que não vive das fotografias - nem da escrita - e que procura, sempre que pode, fazer aquilo de que gosta.

Fotografar Joana Well foi uma oportunidade assaz interessante. Foi, diria eu, também um salto de fé da parte dela. Poderia ter sido um desastre, e esse receio acompanhou-me sempre. Há quem comente, não sei se a brincar ou a sério, que uma sessão fotográfica tem de terminar em sexo. Há quem comente, não sei com que espírito, que a nudez tão próxima de uma mulher é garantia de excitação sexual. Fotografar Joana Well foi a antítese do sexo. O meu pensamento, naquelas duas, talvez três, horas em que estivemos naquele quarto de uma cidade portuguesa, esteve longe, muito longe do sexo. Nada em mim alguma vez se alterou. Lamento, mas nada entumesceu, nada tremeu. Apenas e só porque o peso sobre os meus ombros era muito grande. Eu sentia em mim a exigência de fazer aquela experiência valer a pena. Não só por mim, mas obviamente também pela confiança que a Joana Well havia depositado no meu olhar. A isso responde-se com respeito e com profissionalismo, mesmo que sejamos amadores.

Nunca tive, para esta sessão, a intenção de fotografar pornografia - e aqui sejamos objectivos e não apliquemos o conceito adaptado de pornografia que aqui reina. Nunca foi minha intenção plasmar aqui a vulva da Joana Well, as mamas da Joana Well, ou colocá-la aqui em poses de grande gratuitidade. A minha intenção foi sempre a de mostrar algo que tivesse beleza, tivesse pele, mas tivesse, sobretudo, classe. Algum tipo de classe. Quando me pareceu que isso não estava a ser lido assim, aborreci-me. Admito-o.

No conceito que levei comigo para aquele encontro, fotografias em poses estranhas (como a primeira), ou apenas um plano apertado das mãos, era algo perfeitamente normal e expectável. Fizeram-se muitas fotografias. A esmagadora maioria nunca verá a luz deste blog. Algumas das ideias ali exploradas pura e simplesmente não funcionaram. Por razões várias, de entre as quais talvez a minha inexperiência e a falta de algum material tenham sido das mais determinantes.

"Shooting Well" foi uma experiência de valor. Aprendi algumas coisas, espero, muito honestamente espero, que a Joana Well não tenha saído desta sessão defraudada, que não tenha sentido ter dado o corpo a uma falsa promessa, que as suas expectativas não tenham sido traídas. Eu estou-lhe grato. A ela, e ao homem-que-lhe-segurou-os-seios. E, é certo, estou também grato à São Rosas, que de algum modo, indirectamente, veio a criar condições para que isto acontecesse.

Eu saio disto satisfeito. Espero que vós, agora, também. Talvez um dia fotografe mais coisas (embora por agora esteja com vontade de fazer retrato, que é um tipo de foto de que gosto muito) e talvez um dia volte a colocar aqui as minhas tentativas de fazer com as fotografias aquilo que algumas pessoas dizem que consigo fazer com a escrita. Bondade vossa.

Que não seque o rio

Que não abrande o fulgor
Do teu gesto,
Nem a doçura do olhar quente
Na minha noite.
Que não se extinga a chama
Que me perpetua
Num sorriso simples.
Que regresses aos meus braços
Com o vento soprando
Tão brando,
Como essas palavras
Que me queres dizer.
Que não morra o desejo,
Nestes nossos beijos
E se for assim o fim
Eu quero morrer aqui,
Contigo a cantar.
Que não volte a solidão,
Que não apodreça em nós
A vida por viver
E que o rio não seque
Sem palavras.


Poesia de Paula Raposo

Conjunto de bule e quatro chávenas

Este conjunto estava esgotado. Mas não há nada como ter bons contactos internacionais para conseguir que esta maravilha da criatividade («The Naked Girls Teaset», da designer Esther Horchner para a Het Paradijs) já esteja bem aconchegadinha na minha colecção. Nem vos digo nada, só mostro:









18 abril 2011

Há por aí algum gajo que consiga explicar à kikas?

"Passa-se algo com os miúdos adolescentes que não entendo ... junto ao meu local de trabalho há uma escola secundária e um parque urbano, onde passo diariamente. É surpreendente a forma como elas atacam os putos, fazendo alpinismo por eles acima e rappel, por eles abaixo ... eles nem se mexem, guilhotinados entre um wonderbra que mal tapa o material mas reparo nalguns, um ar assustado, como se pedissem socorro baixinho ... Ainda não entendi se estão em estado de graça ou de asfixia mas ouvi uma gritar num decibel acima do razoável: "meu cabrão do , vai-te !"
kikas (a propósito disto)
____________________________
kikas: "Há dois episódios recentes que ainda me baralharam mais.
O primeiro aconteceu no meu prédio, onde mora um miúdo de 18 anos, estilo engatatão, educadíssimo e giro de cair pró lado. Cerca das 3 manhã acordo com vidros estilhaçados e uma grande algazarra, acontece que esse puto roubou a namorada a uma colega do liceu e ostensivamente levou a miúda a um bar onde desatou à marmelada em frente ao outro.
Depois da festarola o "encornado" não faz mainada ... faz-lhe uma visita surpresa e agarra-se à campaínha a chamar-lhe filho da puta e cabrão. Como ninguém lhe abre a porta, pega numa pedra e toca a partir o vidro da entrada.
Eu, que sou muito sensível a miúdos apaixonados e encornados, estive a conversar com o rapaz e ele, lavado em lágrimas, lá foi desabafando e perguntou se tinha de pagar o vidro. É claro que quem pagou foi a Cª de Seguros.
O segundo caso passou-se na Escola Secundária Bocage, onde uma rixa entre dois alunos por causa duma miúda causou um traumatismo craniano a um professor de Filosofia que tentou acabar com aquela zaragata passional.
Mas o que se passa com a miudagem do século XXI? Onde pára o Poliamor ou o SecondLove, estandartes afectivos contemporâneos que os paizinhos e as mãezinhas também, às claras ou às escuras, praticam alegramente? Será pedagógico ou terá um sentido inverso?
Eu acho que vou fazer um seguro multirriscos de responsabilidade civil para os meus 2 filhos e gostava muito que o Shark, que é expert neste ramo, me aconselhasse, tendo em conta a sua experiência profissional ou pessoal...
shark: "Não sei se o conceito de responsabilidade civil encaixa nas duas situações que descreves, Kikas, pois se no primeiro caso houve um acto de vandalismo deliberado e pelo qual só o próprio responde, não havendo lugar a qualquer tipo de indemnização no âmbito da RC, no segundo o dano é sofrido no contexto de uma perturbação da ordem pública e também este tipo de tumulto pode ser abrangido por cobertura própria e nunca pela RC que é - temos o seguro automóvel mais comum como exemplo - uma cobertura destinada a ressarcir terceiros por factos involuntários que possam ser imputados ao titular da apólice. No fundo é uma transmissão da responsabilidade para uma companhia de seguros, mas, atenção, por danos causados sem dolo...
Isto por miúdos: num caso e noutro, mesmo com seguro de RC, os responsáveis é que se baldavam à grande e os lesados iam receber ao totta se só estivesse em causa a responsabilidade civil.
Mas claro, esta é a minha interpretação da coisa..."
Joao: "Isso de um seguro de responsabilidade civil, efectivamente, não me parece nada mal pensado nos dias que correm."
De resto, em matérias de amor ou não, de jovens ou não, o que me parece que falta mesmo é educação."
São Rosas: "Eu acho que falta mais é «tomates»."
shark: "Tomates não seguro, seja a quem for. Excepto no âmbito de um seguro de colheitas. Mas dos grandes (o seguro, não os tomates)."
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