15 janeiro 2014

«Rotas errantes» - João

"Sentei-me naquele banco já o Sol começava a cair em direcção às águas. Não havia vento. Quase não havia brisa. As flores ondulavam muito devagar aqui e ali, por força das aves que batiam as asas. Livres dos homens e dos seus caprichos, voando com o que nos pareceriam rotas errantes, mas com sentido para elas. As aves não voam só porque sim. As energias poupam-se. Voam para ir a qualquer lado, e problema nosso se não lhes entendemos o vôo.

Na sombra daquela árvore, com algum porte e testemunha de muitas coisas ali passadas, aguento-me na passagem do tempo, com uma pressa enorme de te ver, mas a obrigação de ali ficar, sem me mover, aguardando apenas a tua chegada, e vendo as aves que voam, as flores que abanam, e as águas que correm ali perto.

Deixei os meus pensamentos voar com as aves. Bater asas com elas. Livre. Como se as minhas ideias também sentissem o ar e se afastassem do chão. Mais alto. E quase adormeci nesse pensamento. Olhando as aves pensava como quero paz. Como preciso de paz. E a paz veio com os teus passos. Não me dei conta. Senti as tuas mãos em mim. Uma, no ombro, a outra, na face. Chegaste por trás de mim. E ao mesmo tempo aproximaste a tua boca do meu ouvido e disseste-me Du riechst so gut. Amor, que saudades. E correste à volta do banco e sentaste-te ao meu colo, agarrando-me as mãos, e sorrindo, sorrindo muito, os dois, com lágrimas de alegria à mistura. Mudou alguma coisa? Disseste que não. Então vamos, disse-te, que quero fazer-te o jantar. Mimar-te. Amar-te. Sem tempo, sem prazo, sem pressa."

João
Geografia das Curvas

Tudo a bombar!

Estrearem o "Ninfomaníaca" com o Viagra a metade do preço vai dar caldeirada...

«conversa 2040» - bagaço amarelo

Ela - Acho incrível a forma como algumas pessoas discutem alguns assuntos.
Eu - Porquê?
Ela - Porque, quando partem do pressuposto que não concordam uma com a outra, são incapazes de ouvir os argumentos do outro. No fundo já não querem ouvir o que o outro tem a dizer, mas sim defender a sua posição mesmo que ela já não seja defensável.
Eu - Passaste por alguma discussão assim, foi?
Ela - Sim, com o meu ex-marido. Sabes que eu trabalho longe de Aveiro... acho que era melhor levar o nosso filho comigo.
Eu - E ele não concorda contigo?
Ela - Não. Quer que o miúdo fique em Aveiro.
Eu - Quais são os argumentos dele?
Ela - Sei lá. Achas que eu ainda dou importância ao que ele diz?!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A origem do nome da cidade de Portimão

Puto - Estou apaixonado...
Mão - Por quem?
Puto - Por ti, mão!

(inspirado por um twit do @jafmac)
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A malta gosta de afundar palpites:

A Gaby Taveira comentou na minha página no Google+ (e também podeis comentar na minha página pessoal e na página da colecção no Facebook):
"Tem lógica, também foi assim a origem do nome de Portugal, quando Afonso Henriques se apixonou por uma linda moira de nome Gal:
Afonso: Estou apaixonado
Gal: Por quem?
Afonso: Por tu, Gal!
Nota: Afonso tinha a voz muito grossa, não conseguia dizer «Ti», o «i» era muito fininho para a garganta dele, então dizia «tu»..."

CM:
"Conheço é a origem do nome de Cascais...
Uma Condessa era casada com um Conde, bruto e muito mau. Todos os dias malhava na condessa! Farta um dia virou-se pra ele e disse-lhe:
- Ó caralho, porque me Cascais tanto?! Drogais-vos?!"

O Charlie "ensina-nos" que "também o nome de Condeixa vem de um conde que era um engatatão do caralho, ou dizendo melhor, abusava da sua condição de nobreza correndo atrás de novas e velhas.
E dizia o povo;
- Conde, deixa a velha!
- Conde, deixa a nova!"
Ou seja, não era um Conde estável.

14 janeiro 2014

«Blind Passion - Raw Cut» (dança)

A FODA COMO ELA É (IX) - Pornográficos e sensíveis

- Atrevida? Como, "atrevida"? Lá porque levei dez halterofilistas moçambicanos à exaustão e aliviei um burro com a boca, nesse filme que está na internet, não admito que me falte ao respeito, ouviu? Isto não é lá a religião, ou o carai...

Aprecio muito estas manifestações de pruridos sociais vindos de artistas porno, tentando desastradamente conferir uma aura de respeitabilidade àquilo que fazem: foder para todos os gostos, diante de uma câmara e por dinheiro.

Sim, quando vemos a Dona Fontes encafuando um ciclópico marsapo no esfíncter, somos imediatamente levados a reflectir na tolerância pela diferença no mundo porno, estabelecendo imediatamente um paralelo com o universo religioso... Não estará à altura dos esporranços punheto-filosóficos proporcionados por uma Christy Canyon, mas já permite alguma introspecção enquanto se arregaça a peúga diante de uns trechos de teatral sodomia.

Cara Erica: há várias coisas impossíveis no universo. Uma delas é mostrar-se voluntariamente ao mundo levando no cu de múltiplos caralhos, em planos apertados da zona de impacto, e pretender-se respeitável. É uma improbabilidade quântica, como a morte do gato de Schrödinger e essas merdas. O melhor que tem a fazer é cagar nisso - má escolha de palavras - e ser feliz no seu mister. Não se pode ter tudo, apesar de a sua anilha parecer demonstrar o contrário. Se fosse como a menina diz, o caos estalaria na Terra. Seríamos todos actores pornográficos. Esqueça o pão quentinho da manhã; o padeiro foi-se a uma rodagem com múltiplas escandinavas, toda a gente na vila achou normal, respeitável, e ainda será pago para isso.

 Menos parvoíce e mais vaselina, vá.

«Braços» - Susana Duarte

emudeceram as asas dos corvos,
num uníssono de esplendorosa luminescência

negra

onde as asas abandonam as curvas
e a contemplação da rubra incandescência
do fogo da saliva

e das fugas tocadas pelas nossas mãos,
e realizam os voos dos dedos, e das línguas
e dos corpos enlaçados numa vida-morte

pequena,

incandescente ela própria,
de corpos nus, e de dias, e de noites
e de sementes lançadas pelas bocas

ávidas,

subsequentes à saudade, fria noite da ausência
de um abraço onde, de novo, (me) habitas
os cílios e o ventre e a humidade das mãos,
investidas por águas de outrora,
incendiadas pelas raízes das árvores que nos foram caminhos

eternos.

Susana Duarte
Foto de Ivano Cetta
Blog Terra de Encanto

14 selos para a minha colecção

Na minha colecção, já tinha 92 selos de vários países.
Desta vez, estes 14 selos foram uma prendinha Na Tal... do meu amigo Pinheiro.
Obrigada, meu fofinho. Se eu não fosse lésbica não me escapavas...


13 janeiro 2014

«Aphrodite's Solitude» (a solidão de Afrodite) por Ivan Maria Friedman


APHRODITE's SOLITUDE, by IVAN MARIA FRIEDMAN from ivan friedman on Vimeo.

«respostas a perguntas inexistentes (263)» - bagaço amarelo

Lembro-me duma árvore com um tronco sólido e sinuoso, dum carro abandonado com os vidros partidos, duma capela com velas a arder e dum bêbedo numa esquina a gritar com quem passava. Era a minha rua, que não tinha princípio nem fim.
Era também o meu estádio de futebol' onde uma bola de futebol vazia se queixava, em frágeis e sofridos sopros, dos pontapés que levava. Lembro-me das balizas feitas com pequenos montes de pedras e de camisolas sujas. Lembro-me das mulheres que vinham à janela chamar os miúdos para o almoço ou para o lanche, algumas delas com rolos na cabeça e lábios pintados de vermelho vivo.
Lembro-me do único café que tinha o único televisor a cores da cidade, onde o meu me levava depois do jantar para beber uma Sumol de laranja, e de fazer uma pequena cidade em cima da mesa com a garrafa, o copo e o porta-guardanapos, para conduzir o meu Morgan Plus em miniatura enquanto não começava o programa dos Marretas.
Lembro-me de revelar à Dora, que vivia do outro lado da rua, um dos mais profundos e misteriosos segredos da vida, e de ela me dar um beijo como recompensa. Fez-me corar, fez-me fugir.

- O Monstro das Bolachas é azul.
- Azul escuro ou azul claro?
- Não sei bem, mas é mesmo muito azul.

Lembro-me de tudo isso nesta outonal tarde, muitos anos depois. Da janela da minha casa vejo agora outro mundo. Uma mulher, que passa as tardes a fumar numa janela cansada, dá para uma rua despovoada. As persianas dos prédios estão quase sempre fechadas, como se quisessem esconder alguma coisa. Penso nos segredos que desapareceram e das ruas que já não têm crianças.
Ainda estou, de vez em quando, com a Dora. Há dias, durante um curto café a seguir ao almoço, perguntei-lhe se se lembrava deste episódio das nossas vidas e ela abanou afirmativamente a cabeça. Deu-me um beijo igual ao de há trinta anos atrás, um beijo roubado e rápido. Fez-me corar, mas não me fez fugir. Fiquei a ver aquela cidade caótica em cima da mesa onde se amontoavam duas chávenas, um pacote de açúcar por abrir, um copo de água e um porta-guardanapos. Revelou-me outro segredo.

- Tenha saudades tuas.
- Saudades escuras ou saudades claras?
- Não sei, mas mesmo muitas saudades.

Eu também. Talvez o Amor seja isso mesmo, ter saudades de quem está ao nosso lado.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Está muito frio

Frio é psicológico :S



Dizem que esses caras bombadinhos de academia também sentem “muito frio”

Capinaremos.com

12 janeiro 2014

Dança erótica - o elemento Água


Erotic Dance - The Water Elemental from Erotic Dance on Vimeo.

À gato



Senhor Doutor,
Tal como me recomendou, caso eu passasse estes dias fora, cá estou eu a escrever-lhe um email para o pôr a par dos acontecimentos.

Quando chegámos, eu estava a morrer de calor e de sede. Pedi-lhe que me indicasse a cozinha para poder beber água. Com aquele meu hábito de gato, abri a torneira, inclinei-me sobre o lava-louças e com a mão em concha, sorvia-a avidamente. Senti que me abraçava pela cintura e a descarga eléctrica de tal toque, fez-me baixar mais a boca sobre a água para em contrapeso, me levantar mais os glúteos. As mãos dele escorregaram pela minha saia esvoaçante e conduziram as minhas a voltar-me para um frente a frente. Penetrei aqueles olhos de avelã pela boca, num abraço que misturava indiscriminadamente cabelos, orelhas, pescoço, braços e nádegas. Ele soergueu-me as mãos para me retirar a blusa. Respondi desabotoando cada botão da sua camisa, enquanto ele se debatia com o fecho do meu sutiã, e sugeri ronronante que deixasse ficar a gravata. Num riso cúmplice, puxei o cinto para o chão e descobri o seu entusiasmo no meio de uns confortáveis slipes pretos. Colei as minhas costelas e coluna ao seu peito, dançando com as ancas e agarrei o lava-louças com ambas as mãos para, de mansinho, com a saia a cobrir-me o frio das costas, sentir que em mim desaguava a sua nascente, ora em calmas passagens, ora em bruscos sobressaltos.

Posso assegurar-lhe Senhor Doutor que a falta de vizinhança descansou-me quando vagi silabadamente Manuel João, antecipando a comemoração do Dia da Árvore e, de efeméride em efeméride, adiantámos o próximo Dia da Água toando um banho de imersão cheio de espuma, para poupar água.