23 janeiro 2015
Tropeções na língua
"Vou ter um orgasmo".
Quem não conheça bem a língua até pensa que vai dar uma coisa má à pessoa.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«Cherry on top» - João
"Um orgasmo é a cereja no topo do bolo, e há muita gente a esquecer-se do bolo. Eu não. Gosto da cereja, mas adoro o bolo. Adoro lambuzar-me no bolo. Talvez por isso já me tenham dito que sou um gajo estranho. E é pena, porque acho que os homens deviam gostar muito de lambuzar-se com o bolo, e as mulheres só apanham gajos que querem a cereja. E ainda por cima comem a cereja de boca aberta, mastigando-a ruidosamente como se fosse courato num tasco. Acho que as mulheres andam acompanhadas sobretudo de bichos, não de homens. E nos dias em que dou por mim a pensar nisso, deixo tombar a cabeça e lamento, lamento muito. Mas não somos todos iguais. Há gajos estranhos. Como eu."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
22 janeiro 2015
«É canja!» - Bartolomeu
"As galinhas lá de casa também tiveram os seus momentos de paixão.
Só que no caso delas, tudo se resumia ao acto... num só acto.
Eu explico-te: à galinha, nunca pedi que me fizesse um «bico», deves imaginar facilmente porquê.
E depois, como a entrada era uma só, nunca sabia se estava a ir ao cu à galinha, se ao pito. Deve ser esse o motivo pelo qual a bichinha tinha orgasmos duplos, sucessivos.
E não me posso esquecer do seu cacarejar sedutor quando me sentia aproximar da capoeira e, da forma sensual com que ela mexia a anca enquanto se dirigia ao poleiro. Sim, ela tinha sempre o cuidado de subir três degraus para ficar com o cuzinho... a coninha... ahhh... aquilo... à altura certa.
E no final, depois de se vir loucamente, já exausta, deixava-se tombar para dentro do ninho e, ficando de barriga para o ar, piscava-me o olho atrevida, sugerindo-me que lhe lambesse a... o... aquilo!
(será que o Barreto vai vomitar quando ler isto?!)"
Bartolomeu
Só que no caso delas, tudo se resumia ao acto... num só acto.
Eu explico-te: à galinha, nunca pedi que me fizesse um «bico», deves imaginar facilmente porquê.
E depois, como a entrada era uma só, nunca sabia se estava a ir ao cu à galinha, se ao pito. Deve ser esse o motivo pelo qual a bichinha tinha orgasmos duplos, sucessivos.
E não me posso esquecer do seu cacarejar sedutor quando me sentia aproximar da capoeira e, da forma sensual com que ela mexia a anca enquanto se dirigia ao poleiro. Sim, ela tinha sempre o cuidado de subir três degraus para ficar com o cuzinho... a coninha... ahhh... aquilo... à altura certa.
E no final, depois de se vir loucamente, já exausta, deixava-se tombar para dentro do ninho e, ficando de barriga para o ar, piscava-me o olho atrevida, sugerindo-me que lhe lambesse a... o... aquilo!
(será que o Barreto vai vomitar quando ler isto?!)"
Bartolomeu
Anjos e pecados
Pequena taça em porcelana branca e com ouro da Sargadelos, uma empresa com fábricas em A Coruña e Lugo, na Galiza (Espanha).
Uma pequena história contada em círculo, na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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21 janeiro 2015
O Amor se faz urgente
Olás...
Agora, o amor se faz urgente, tanto que o chão servir-me-ia de almofadas. Agora, porque este fogo não espera uma cama macia. O chão é um bom espaço de partida, antes que essa vontade acabe. Amar, de forma indecente, escorrendo, voraz, o sangue nas veias; escorrendo, sagaz, em mim, teu sêmen. Agora, que se faz urgente, despe-me como se a saciar tua fome, com gestos rápidos, tuas mãos buscando chegar, bem rápido, dentro de mim., sentindo-me vibrar, satisfeita. Gemidos, balidos e gritos de fêmeas no cio. Assim também me encontro, para o teu encontro. Tua presença se faz urgente.
Agora, o amor se faz urgente, tanto que o chão servir-me-ia de almofadas. Agora, porque este fogo não espera uma cama macia. O chão é um bom espaço de partida, antes que essa vontade acabe. Amar, de forma indecente, escorrendo, voraz, o sangue nas veias; escorrendo, sagaz, em mim, teu sêmen. Agora, que se faz urgente, despe-me como se a saciar tua fome, com gestos rápidos, tuas mãos buscando chegar, bem rápido, dentro de mim., sentindo-me vibrar, satisfeita. Gemidos, balidos e gritos de fêmeas no cio. Assim também me encontro, para o teu encontro. Tua presença se faz urgente.
E, quando chegares, sentirás nos meus dedos toda essa sofreguidão, a avidez com que espero que me tenhas, que me lambas, que me beijes. Lavra-me com tua língua. Mas não demores. O Amor se faz urgente.
Mamãe Coruja
a funda são mora na filosofia [IX]
uma colega do ensino, que trabalha na área da filosofia para crianças - tal como eu - desabafou o seguinte:
Um aluno do 4º ano declarou que o amor se pode comprar e conquistar.
tendo rematado com a seguinte observação:
Interessante como tão pequenos conseguem transportar toneladas de machismo
a minha pergunta foi: mas por que dizes que isso é machismo? e se tivesse sido uma aluna a dizer isso também a rotulavas de machista?
a resposta foi evasiva: eles reproduzem os valores nos quais foram educados.
e isto é grave - quando digo grave refiro-me ao facto de alguém que está na área da filosofia ter rotulado aqueles comportamentos com a etiqueta "machismo" sem verificar o que é que a criança quer dizer com aquela observação. será que só conhece uma realidade em que o amor se possa comprar? e o que é conquistar o amor - também acontece pelo dinheiro ou há outras formas?
faz parte do papel de quem está no terreno educar para a diferença, sem juízos prévios. primeiro investigamos e depois podemos dar um nome - sem o peso negativo do rótulo. será que aquelas crianças sabem, têm consciência do que é ser machista? conhecem a palavra? e do feminismo, ouviram falar? e será que, na sala de aula, há meninos que têm uma experiência diferente do que é o amor, do que é conquistar alguém?
para comunicar são precisos dois - é o mínimo. dois que queiram ouvir, perguntar, partilhar. os rótulos usam-se nos frascos, sim? não nas 'ssoas humanas.
20 janeiro 2015
Prazeres carnívoros
Este fim de semana vou mergulhar nos prazeres da carne.
O talho do bairro está em promoção.
Sharkinho
@sharkinho no Twitter
«serena as rochas com a voz profunda do teu sono» - Susana Duarte
dorme.
serena as rochas com a voz profunda
do teu sono. na profundidade imensa
dos espaços entre a vida e o sonho,
vive.
dorme.
serena o mar com a procura. maior
imensidão não há, do que a sensação
de estar perdido. dorme. resgata
os sonhos às pedras profundas
onde se perderam os teus ocultos
mares. vive.
dorme.
na exata dimensão das nuvens, voa.
no voo, procura-me. as asas do sono
são o único rio que te traz a mim.
vive. dorme.
acorda. procura a vida, onde a luz
se perdeu
de ti.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
serena as rochas com a voz profunda
do teu sono. na profundidade imensa
dos espaços entre a vida e o sonho,
vive.
dorme.
serena o mar com a procura. maior
imensidão não há, do que a sensação
de estar perdido. dorme. resgata
os sonhos às pedras profundas
onde se perderam os teus ocultos
mares. vive.
dorme.
na exata dimensão das nuvens, voa.
no voo, procura-me. as asas do sono
são o único rio que te traz a mim.
vive. dorme.
acorda. procura a vida, onde a luz
se perdeu
de ti.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
O paraíso dos cartoonistas do «Charlie Hebdo»
«Inimigo Público» (suplemento do jornal «Público» de 2015-01-09) com desenho na capa sobre o assassínio de jornalistas do jornal satírico francês «Charlie Hebdo».
Uma memória de um momento pornográfico da humanidade, na minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
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19 janeiro 2015
EIS.de - «Love cuts»
A EIS.de é uma sex shop alemã. Já tinham feito uma campanha na imprensa com o slogan «Make love for less»:
«Faz-me doer» - João
"Entrega-te sem medo. Sento-me ao teu lado. A tua lingerie penetra-me o olhar, deslizo a mão nas tuas pernas cobertas por meias compradas de propósito para mim, procuro-te intensamente no olhar, através do olhar, através dos meus dedos curiosos, sempre à procura do mistério em ti. Beijo-te um ombro, e avanço com a mão ao outro, querendo empurrar-te devagar contra a cama, para me perder em ti, desaparecer em ti, partilhar os suspiros e gemidos, mas tu não me deixas. Alcanças-me o braço e repeles-me. Ordenaste-me que me levantasse, e empurraste-me o corpo para fora da cama com o pé. Recostaste-te na cama, apoiada nos cotovelos, e deixaste dançar as pernas, ora abrindo, ora fechando, os teus dedos rodeando os mamilos, e a ordem para que me tocasse, para que me masturbasse para tu veres, que querias ver-me castigar este caralho, cada vez mais duro por ti. Os teus olhos escorrem tesão, o teu corpo já se mexe devagar na antecipação, e eu a sentir-me rebentar, a fazer-te a vontade, a fazer-me vir como adolescente solitário, até que te ergues e vens até mim, seguras-me o pulso com força e dizes-me pára. Que já viste a tesão que tenho por ti. Que já viste o que tenho para te dar. E agora vens cobrar. Anda cá, perto de mim, e entra em mim, fundo, faz-me doer, faz-me sentir viva."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
«queixinhas» - bagaço amarelo
Nós, os queixinhas do Amor, precisamos sempre duma autoridade. Acho que foi por isso que fiz este blogue. À falta de autoridade fui-me queixando ao mundo, até que o mundo lá me prestou alguma atenção e me resolveu o problema.
Há bastante tempo tempo que eu não me queixo de Amores, sem qualquer garantia que um dia destes não o volte a fazer. O Amor é assim, um dia acordamos e ele já não está ao nosso lado. Nesse dia tornarei a bater-vos à porta, pedir licença e informar que venho apresentar queixa: "Meus amigos! O meu Amor fugiu...".
As queixinhas sobre o Amor são as únicas que não devem ser engolidas. Em primeiro lugar porque são comuns a todos nós, em segundo porque nunca são digeridas e acabam por causar vómito, em terceiro porque são as únicas que não exigem vingança nem execução alheia. Se eu sempre quis que a professora batesse no meu colega, a minha mãe no meu irmão ou a polícia no ladrão, do mundo só quero que deixe o Amor andar por aí em paz.
Do Amor, queixem-se sempre ao mundo. Ninguém vos leva a mal.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Por dentro da burqa
Desenho de Tignous, um dos cartunistas mortos no atentado ao jornal «Charlie Hebdo» em 7 de Janeiro de 2015.
No seu funeral, os amigos fizeram desenhos humorísticos no caixão de pinho.
João Barreto:
"Falando a sério: Alguém disse e eu assino por baixo qualquer coisa como «posso não gostar do que dizes mas lutarei até à morte para que possas dizê-lo». Noto, com preocupação, que o Medo tomou conta de muitos que se dizem do lado da Liberdade.
Sou europeu! A minha herança civilizacional permite-me dizer que o pensamento não tem rédeas e que tudo me é permitido expressar! E isto é absoluto! É claro que não vou para a porta da mesquita exibir caricaturas do profeta, como não vou para a porta da igreja oferecer fotografias de freiras desnudas; porque sou livre, respeito a liberdade dos outros, mesmo que se resuma a tolices. Mas ninguém me proíba de dizer, ouvir, escrever ou ler aquilo que me aprouver, seja no meu espaço privado, seja nos espaços públicos que a todos pertencem. Quando não gostar de alguma coisa e a inteligência de uma conversa civilizada não chegar, usarei os recursos que cabem aos cidadãos do meu país democrático. Se ofender alguém por impedi-la de usufruir da sua liberdade (ainda que seja a de ser idiota), espero que se me dirijam da mesma forma. E só pegarei numa arma (pela primeira vez na minha vida) para defender a Liberdade. E, como dizia o meu grande amigo e grande libertino "Azeitona": «Viva quem pode e quem não pode, que se foda!»"
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