19 janeiro 2015

Por dentro da burqa


Desenho de Tignous, um dos cartunistas mortos no atentado ao jornal «Charlie Hebdo» em 7 de Janeiro de 2015.
No seu funeral, os amigos fizeram desenhos humorísticos no caixão de pinho.


João Barreto:
"Falando a sério: Alguém disse e eu assino por baixo qualquer coisa como «posso não gostar do que dizes mas lutarei até à morte para que possas dizê-lo». Noto, com preocupação, que o Medo tomou conta de muitos que se dizem do lado da Liberdade.
Sou europeu! A minha herança civilizacional permite-me dizer que o pensamento não tem rédeas e que tudo me é permitido expressar! E isto é absoluto! É claro que não vou para a porta da mesquita exibir caricaturas do profeta, como não vou para a porta da igreja oferecer fotografias de freiras desnudas; porque sou livre, respeito a liberdade dos outros, mesmo que se resuma a tolices. Mas ninguém me proíba de dizer, ouvir, escrever ou ler aquilo que me aprouver, seja no meu espaço privado, seja nos espaços públicos que a todos pertencem. Quando não gostar de alguma coisa e a inteligência de uma conversa civilizada não chegar, usarei os recursos que cabem aos cidadãos do meu país democrático. Se ofender alguém por impedi-la de usufruir da sua liberdade (ainda que seja a de ser idiota), espero que se me dirijam da mesma forma. E só pegarei numa arma (pela primeira vez na minha vida) para defender a Liberdade. E, como dizia o meu grande amigo e grande libertino "Azeitona": «Viva quem pode e quem não pode, que se foda!»"