10 fevereiro 2015

Metam os canhões para dentro!


Arietes? Bacamartes? Deixem-se de lirismos, essa merda não resiste a uma simples faca de cozinha. Ou a uma mandíbula determinada.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«os meus braços curvos foram ao encontro da madrugada do teu nome» - Susana Duarte

os meus braços curvos foram ao encontro da madrugada do teu nome

içaram manhãs, por entre pedaços de madrepérola, encontrando praias
onde as conchas se perderam. levantaram voo, os meu braços, ao encontro
das mãos que me ofereces. encontrá-las-ão, os meus braços.

preciso que não desistas. não ergas nevoeiros onde os braços te fogem,
nem plantes árvores gigantes para te cercares onde os voos todos
do meu corpo te não encontrem. saberei sempre onde estás, se perto
de mim, todavia, ficares. os meus braços curvos são aves sonâmbulas,
porventura estranhas, porventuras raras, na procura da imensidão
da paixão. içaram algas, os meus braços curvos, salientes nos ossos
de todos os ramos, secos, de árvores gigantes. encontra-os, não desistas.

fica comigo. saberei erguer os braços sobre ti, envolvendo-te o peito
com todas as suaves carícias dos meus dedos. preciso que fiques.
procura-me. estarei onde encontrares os meus braços.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Maya

Estatueta de autor desconhecido, em bronze fundido com o método da cera perdida e base de mármore preto, com feltro no fundo.
Tem uma racha... mas não é defeito.
Dimensões da estatueta: 32 x 19 x 9cm.
Dimensões da base: 30 x 16 x 3cm.
Peso da estatueta: 2,3 kg.
Peso total: 5,9 kg
Uma peça deliciosa da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)






09 fevereiro 2015

Carnivore Club - «F-Up Insurance»

«Não precisamos de pornografia» - João

"Não preciso de pornografia, não quero putas, tu és toda a minha pornografia, tu és a minha puta, és a minha foda com gemidos, de tornozelos no ar ou joelhos levados aos ombros, és a minha canzana, és a puta que me cavalga o caralho, que oscila as ancas em mim, que me agarra com força, crava os dedos, morde, excita, incita. Não preciso de pornografia para nada, não quero putas para nada, tu és tudo, o ápice dos ápices, a minha rainha de cona molhada em caralho régio pingado de ti, as tuas coxas que seguro com vontade de tas trincar, as tuas mãos que seguro com os braços cruzados atrás das costas. Não, eu não quero pornografia para nada. A pornografia não tem nada para nos ensinar. Temo-la toda em nós. E ainda mais alguns truques. Não na manga, que a nudez no-las leva, mas com os sentidos trocamos ideias, e sabemos sempre como fazer o outro vir-se, e vimo-nos, foda-se, como nos vimos. Não precisamos de pornografia para nada. Nós somos a pornografia. A nossa. Só nossa."
João
Geografia das Curvas

«respostas a perguntas inexistentes (294)» - bagaço amarelo

Outono

É comum dizer-se que o tempo anda maluco. Anda mesmo. A única coisa que não mudou na rua onde acordo foi a cor das árvores. Parece que algum pintor chegou ali e deu umas pinceladas de vermelho para contrastar com o cinzento dos edifícios que se vêem até à linha do horizonte.
Existem dois tipos de árvores: aquelas que exibem com orgulho a sua cor outonal e aquelas que perderam totalmente a folhagem. As árvores são como as pessoas. Algumas estão felizes, outras estão tristes. Um pouco mais ao fundo, quase a desaparecer numa curva, uns ramos finos e articulados seguram em esforço uma última folha. É uma árvore triste, mas que não desiste de ser feliz. E é assim que me lembro dela.
Às vezes dou-lhe a mão e a folha sou eu. Sinto-me um enorme petroleiro puxado por uma frágil embarcação prestes a afundar-se. Ainda assim, todos os dias ela me salva também a mim, sem sequer perceber muito bem como ou porquê. É a existência, acho eu. Poucas pessoas percebem essa mensagem do Outono, quando ele varre de frio as ruas da cidade e empurra todo o calor do mundo para dentro de cada casa. Às vezes num abraço, outra vezes num sorriso, outras vezes até numa discussão sobre um copo partido.
Ninguém devia acreditar no destino, com excepção daquele que o Outono nos traz.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A primeira tentaSão de Cristo ( Pós- RessurreiSão )

crica aqui

08 fevereiro 2015

O ideal de beleza feminina ao longo dos tempos



"Pá... fora a dos anos 20 e a «heroin chic», venham todas. Desculpem lá qualquer coisinha mas gosto de ter onde me agarrar (mesmo que seja só com os olhinhos).
Acho que a da «Top Model Era» está um bocadinho beneficiada, mas ok.
Agora os egípcios... Jazusss. aqueles gajos eram muito à frente mesmo.
Já os homens, sempre acabaram barrigudos em todas as épocas (mesmo naquelas em que ainda não havia cerveja).
Fora de brincadeiras: Os «ideais de beleza» são uma seca. E extremamente nocivos, principalmente paras as mulheres. Todas têm algo de sensual e só há que ter olhos para o ver."
EmZe

Luís Gaspar lê «Se é doce no recente, ameno estio» de Bocage


Se é doce no recente, ameno Estio
Ver toucar-se a manhã de etéreas flores,
E, lambendo as areias, e os verdores,
Mole e queixoso deslizar-se o rio:

Se é doce no inocente desafio
Ouvirem-se os voláteis amadores,
Seus versos modulando, e seus ardores
De entre os aromas de pomar sombrio:

Se é doce mares, céus ver anilados
Pela quadra gentil, de Amor querida,
Que esperta os corações, floreia os prados:

Mais doce é ver-te, de meus ais vencida,
Dar-me em teus olhos brandos desmaiados
Morte, morte de amor, melhor que a vida.

Bocage
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Com uma volta na ponta


Valha a verdade que ele é bom numa coisa: a penetrar-me como se não houvesse amanhã e esse fosse o seu único objectivo de vida. É daquelas recordações que me intumescem e humedecem mas aceitar um ex de volta parece-me um resto de comida requentada no microondas e creio piamente que ele só quer regressar para entrar por mim adentro.

Não me esqueço da seca da canja de galinha refeição sim, refeição não nem das noitadas pelas discotecas que se até são uma coisa pela qual me pelo e que me dão vontade de despir todinha depois metiam pelo cano toda a intimidade com o séquito que ele carregava para todo o lado como se para ser homem não lhe bastasse estar comigo e precisasse de umas quantas cabeças de cães de carro dos anos sessenta a acenar à velocidade do condutor. Já para não falar que tive de contratar mais cozinheiras para estar sempre uma de serviço a qualquer hora e um gajo a tempo inteiro para tratar da piscina que até valia o dinheiro que lhe pagava por mor de bem me lavar as vistas com aquele torso nu de inverno ou de verão de uma musculatura segura de vinte e tais aninhos. Uma tenrura que fazia salivar o palato de qualquer uma.

Ora como sou prática, vou antes ser accionista da farmácia por via da compra de preservativos de todas as cores e sabores e deixo-o reaparecer mas apenas em unidose.

E um bico de dois paus?...

A principal razão de querer ser mamado por duas maganas ao mesmo tempo é poder dizer que o meu Pacheco é um pau de dois bicos.

Patife
@FF_Patife no Twitter

07 fevereiro 2015

Love is all «We need?»


Loves is all (edited) from Alejandro Gómez-Arias / MEME on Vimeo.

«No banco de jardim» - por Rui Felício


Saiu do escritório, exausto depois de um dia de trabalho intenso.
Antes de ir buscar o carro, deu uma volta pelo jardim, desapertou o botão do colarinho, aliviou o nó da gravata e sentou-se na ponta de um banco de ripas de madeira pintada. Puxou de um cigarro, acendeu-o lentamente fitando um ponto impreciso na folhagem das árvores. Quando chegasse a casa, em vez de paz e sosssego, sabia que iria ter de ouvir o falatório ininterrupto e estridente da sua mulher sobre os mais corriqueiros e desinteressantes problemas. Temia e adiava o regresso a casa.
Absorto nos seus pensamentos, apercebeu-se de uma mulher bonita, calma e despreocupada que acabara de se acomodar na outra ponta do banco.
Trocaram um olhar fugaz e um sorriso de circunstância.
Calmamente ela ia desembrulhando um chocolate, devagar. Tão devagar que ele teve tempo de acabar de fumar o cigarro e acender outro, antes dela trincar o quadrado doce que destacara da tablete. Aliás, antes de o morder, ela meteu-o na boca e lambeu-o demoradamente sugando deliciada a massa doce, viscosa e acastanhada que lhe ia pintando os lábios e sensuais. Ele ia formando habilidosamente com a boca pequenas auréolas de fumo, mirando-a, embevecido com a calma e o silêncio daquela atraente mulher.
Não articularam uma palavra. Apenas um ou outro sorriso quando os olhares se cruzavam.
Lânguidos, calmos, num halo surreal que parecia envolvê-los...
Fumou o segundo cigarro até ao filtro, espezinhou, com raiva, a beata no chão empedrado e preparou-se para ir.
Ao soerguer-se, ouviu a voz melodiosa, suave e quase sussurrada daquela mulher:
- Porque não fica mais um pouco?
Já lá vão uns anos. Até hoje nunca mais voltou para casa...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido