31 julho 2017

Postalinho do Minho 1

"Esta marca tem gelados masculinos. Imaginem os femininos..."
Antonino S.


«Precisamos falar de Gaslighting» - Cláudia de Marchi

Vamos falar de gaslighting: uma espécie de abuso emocional comum a qual inúmeras mulheres foram ou são, diariamente, expostas. Ela consiste, segundo a Wikipedia, Gaslighting ou gas-lighting é uma forma de abuso psicológico no qual informações são distorcidas, seletivamente omitidas para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade. Casos de gaslighting podem variar da simples negação por parte do agressor de que incidentes abusivos anteriores já ocorreram, até a realização de eventos bizarros pelo abusador com a intenção de desorientar a vítima.
Vejamos alguns exemplos sutis desta forma de abuso que os homens negam até a morte que cometem, porque são incapazes de terem empatia e se colocarem no lugar da vitima do seu abuso. Tenhamos em mente que o macho que pratica o gaslighting é, a priori, egocêntrico, narcisista e machista. Acha-se o “pica das galáxias”, acha que porque faz “uma ou outra” coisa para lhe agradar deve tê-la de quatro, comendo nas mãos deles, sem ter autonomia alguma para iniciar uma “DR” e reclamar do que não está lhe contentando na relação.
“Chata" no dicionário machista/narcisista: mulher que não fica quieta diante de piadas que as diminuem ou que as colocam no papel de problemáticas e implicantes; "mau humorada" no vocabulário machista/narcisista: a mulher que não acha graça das suas piadas arrogantes, falocentricas, sarcásticas e abusivas.
Para o macho abusivo e narcisista "perfeita" é a mulher passiva, que não se ama e não se impõe. Aquela sem voz, nem vez, nem ânimo e energia que ri de suas brincadeiras de quinta categoria mesmo que elas lhes diminuam ao nível de "desequilibradas", "chatas", "ciumentas" ou "dramáticas".
"Decepcionei-me com você" no dicionário machista/narcisista: achei que uma mulher tão linda como você não iria "problematizar" sobre o fato de eu me achar o "pica das galáxias" e fazer pouco caso das suas necessidades emocionais que eu, "sabiamente" chamo de "chateações" e de "mimimi".
E tem mais neste minidicionário dos abusadores emocionais, querem ver? “Puta" no dicionário machista e misógino: 1- a mulher, seja ela virgem ou experiente, que não quis transar com ele, o macho, o gostoso, o “pau doce”; 2- a mulher, seja ela virgem ou experiente, que tendo atração por ele, resolveu transar, porque queria ter uns orgasmos (mas só teve um, tadinha!); 3- a acompanhante de luxo que o metidinho a “fodástico” procura disposto a pagar, mas que o rejeita, afinal, ela também escolhe!
E escolha é um direito de toda e qualquer mulher: nova, velha, linda, feia, magra, gorda, rica, pobre, negra, mulata, branca, amarela, rosada, vermelha, burra, intelectual! Mas tem muito pseudo-macho que acha que você, acompanhante, é obrigada a transar com ele, porque ele tem grana e se acha “pau de açúcar”. Esses eu não atendo nem que um dia, por ventura, eu venha a passar fome e sede. Sempre existirá uma poça d´agua pra beber, urina pra tomar, enfim!
Ah, e o tal de “louca” gente?! Palavra preferida por 9 em 10 homens incompetentes em conhecer o sexo feminino, enfim, "louca" no dicionário machista e misógino: 1- a mulher que não deseja ficar com o inapto; 2- a ex que entrou com o pé no termino enquanto ele entrou com a bunda; 3- qualquer mulher que o contrarie com veemência e argumentos, qualquer mulher que exija afetuosidade e coerência entre palavras e atos; 4- a ex; 5- a ex; 6- a ex; 7- a ex; 8- a ex; 9- eu já falei da ex?; 10- sempre a ex.
Infelizmente a sociedade machista ainda nos quer caladas. De preferencia nuas e abrindo a boca apenas para lhes chupar. Ainda somos meros corpos! Corpos que vendem cerveja, que vendem perfumes, grifes e revistas, ainda que quase totalmente alterados.
A mulher inteligente, a mulher que não depende emocionalmente de homem algum é exigente. Exige coerência, afabilidade e respeito. E, acredite queridinho, falar romântico e bonito, mas agir de forma, por exemplo, relapsa, não é respeitar. Mas, neste caso, seremos as “chatas” as “loucas”, pois eu ACEITO SER A FEMINISTA CHATA, mas eu não irei me abster de lhe fazer pensar!
Outro dia um jovem comentou num post meu no Instagram: “Muito gata e atraente, deixa a política pra lá...”. Bonita, gostosa, acompanhante de luxo, “pra que” eu preciso ler, me informar, questionar, e usar as redes sociais pra fazer quem pensa como eu não se sentir só e, aos demais, quem, sabe, questionar um pouco mais? Seguinte, darling: “aqui” é gata, é atraente, é linda, é gostosa e vai ter politica em post sim! Se reclamar vai ter filosofia, religião, sociologia, história, psicologia, Direito, FEMINISMO! Ops, já tem isso tudo né?!
Então, engole o choro! A beleza não afasta de ninguém a cultura e a inteligência. E não, eu não deixo e nem deixarei nada “pra lá”. Só opiniões não pedidas e machistas, por exemplo! Deixarei pra lá macho que quer “pintar” a mulher como desequilibrada, “nervosa”, maluca, estressada e etc., quando, na verdade, ela só esta manifestando alguma irresignação que ele, do alto de sua boçalidade, não sabe reconhecer.
E ainda tem quem ria quando eu digo que o que de melhor esses machos egocêntricos oferecem é o sexo! Gente, eles são tão "maravilhosos" quando só tentam nos fazer gozar e contam histórias que em nada se relacionam com a gente! Como são legais e interessantes aqueles que não conhecemos bem! Pra que se estressar com macho abusivo que acha que está sendo o "lord dos lords" e não passa de um grosso petulante? Eu gosto da cereja do bolo, ela é tão gostosa e sequer, engorda!
O macho abusivo, (que jura que não é abusivo), até porque o menosprezo aos seus pontos de vista, sensações, pensamentos e receios é tão corriqueiro que, pra ele, nada existe de anormal em estigmatizar suas irresignações fazendo “pouco caso” delas e até usando de ironia e sarcasmo, como as taxando de “braveza”, “pavio curto”, “bomba prestes a explodir”, “chata” e etc., como se você estivesse reclamando de algo ou reivindicando alguma coisa simplesmente por ser uma “louca”, uma “desequilibrada”. Ele está sempre certo e não pode ser questionado.
Para esses homens é natural acharem e dizerem-lhe que tudo o que você fala e lhe desagrada ou fere a seu precioso ego é “exagero”, “desnecessário”, “nervosismo”. Eles não se colocam no seu lugar e sequer fazem “mea culpa” (nem sabem o que isso significa!), ou seja, a culpa é e sempre será sua e da sua falta de “calma”.
Daí, por exemplo, na manha posterior há um dia em que você expos o que lhe desagradava no proceder dele o homem emocionalmente com QI de ameba em coma e narcisista, lhe chama assim: "Bom dia! Mais calma hoje?". (Claro, afinal no dia anterior, você estava “desnecessariamente” histriônica, apenas e tão somente porque disse o que pensa com convicção sobre a forma de ele agir e “amar”).
Por outro lado, o homem inteligente, gentil e empático, diz: "Bom dia minha linda! Espero que o que lhe incomodou ontem não ressurja. Se depender de mim, não irá!"...
Mas, onde estão os homens sensatos e com empatia? Bem, eu desisti de procurar a tempos e de uma vez por todas prefiro ficar com a "parte" deles que dificilmente da "close errado", economizar minha bendita energia mental e manter meu tradicional bom humor sempre em alta!

Simone Steffani - acompanhante de alto luxo!

Críticos de teatro

Crica para veres toda a história
Anais


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30 julho 2017

Anúncio da AUDI na China

«A Leninha...» - bagaço amarelo

A empregada chamava-se Leninha e vinha todas as terças. Lembro-me dela a tirar o pó de todas as coisas lá de casa com um espanador que mais podia ser uma varinha de condão, tal a forma subtil como lhes tocava. Tratava-me na terceira pessoa, apesar de eu não passar de uma criança cujo centro do mundo era um balde cheio de miniaturas de automóveis. Só parava de brincar por alguns momentos para ver os seus truques de magia. Esperava sempre que ela pudesse transformar a redonda jarra de vidro da mesa de jantar numa bola de futebol, o quadro com a face do menino a chorar numa pintura infantil ou simplesmente dar cor às mobílias pintadas de velho pelo tempo. Isso nunca aconteceu.
A Leninha trabalhava em todas as casas do edifício de três andares onde cresci, bem no centro da cidade de Aveiro, cujos moradores trabalhavam todos em qualquer sítio. Alguns eram funcionários públicos, um homem do primeiro andar trabalhava num stand de automóveis em segunda mão e havia uma mulher que lavava cabeças no cabeleiro da Lurdinhas. O meu pai era polícia. Ainda assim, apesar de todos estarem empregados, tratavam a Leninha por empregada quando ela não estava. Se estivesse, tratavam-na simplesmente por Leninha.
Para além dela e da cabelereira, também a costureira da rua era tratada pelo diminutivo. Era a Mizinha, não sei bem porquê. Sei que ficava sempre fascinado com a quantidade de fios de cores diferentes que ela tinha na pequena loja de esquina onde o Sol se recusava a entrar. Para mim, aquele sítio era uma espécie de parque de diversões e cheguei a pensar ser costureiro só para poder ter tantas linhas de cores diferentes. Assim que verbalizei a minha vontade, o meu pai mandou-me calar.
Tens que ter uma profissão de homem! - disse.
De facto existiam as profissões de homem e as profissões de mulher. Nas profissões de homem da minha rua estavam o Carlos, sapateiro; o senhor Cunha, contabilista; e o André, alfaiate. Foi assim que aprendi que todas as mulheres que trabalhavam passavam a ser tratadas pelo diminutivo, enquanto os homens continuavam a ser tratados da mesma forma. Quando as profissões eram parecidas, a do homem tinha que ter mais categoria. “De categoria” era mesmo a forma como se falava dos fatos feitos pelo André, enquanto as blusas feitas pela Mizinha nunca passavam de “jeitosinhas”.
Com o tempo, a adolescência e os primeiros copos entre amigos veio o síndrome das “gajas boas”. Quem não usasse a expressão “gaja boa” pelo menos uma vez por noite era colocado na prateleira dos maricas ou, pior ainda, dos enjeitados para a vida. A “gaja boa” servia para que qualquer rapaz com dois cabelos de barba pudesse encher o peito de ar e pedir uma cerveja com orgulho em si mesmo.
Numa noite de Verão qualquer, o Raúl chamou boa a uma miúda que passou por nós. Todos nos rimos, encorajados pelo silêncio e pelo passo apressado, quase fugitivo, dela. Depois ele aumentou o volume da própria voz e gritou “comia-te toda!”. Ela desapareceu na primeira curva, engolida pela escuridão nocturna e pelos seus pensamentos.
Tudo o que contei até agora é ficção, mas retrata de forma fiel o Portugal em que eu cresci. Um país pobre e envergonhado onde o tempo parecia ter congelado. E se o país, saído de um regime totalitário que tinha como pilar principal a ignorância, se recusava a ver-se ao espelho, também cada um de nós se recusava a fazê-lo. Mais coisa menos coisa, era este o país onde ser homossexual era uma anomalia e as mulheres eram um diminutivo. Talvez por isso, algumas se comportassem como se pudessem fazer magia, fazendo do espanador de pó uma varinha.
Não serve para desculpar ninguém de nada nem isso me interessa, mas a mim serve-me para perceber que as novas gerações são melhores em muitos aspectos. E esperar que assim continue...
AdoroMostrar mais reações


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Explicação dos pássaros



Ele era inexcedível quando se atracava a mim e subia uma mão por dentro da camisola até fazer saltar um seio do sutiã para os dedos titilarem o mamilo enquanto a outra se metia desvairadamente pelo cós das calças ou da saia na ansiedade de um bando de pássaros migradores a bicarem cada milímetro das zonas húmidas

Foda madrinha


A de ontem à noite achava-se uma fada, mas a pinar não fazia magia alguma. Só por causa das coisas dei-lhe uma fodinha de condão.

Patife
@FF_Patife no Twitter

29 julho 2017

«Sim, meu Deus, sim!»


YES, GOD, YES from Karen Maine on Vimeo.

«vives entre a alma e o sol» - Susana Duarte

vives entre a alma e o sol,
deitado entre ti e ti,
de ti perdido,
de ti ali,
onde
as nuvens soltas
navegam delírios vestidos
de noite. vives entre a alma e
o que não sei. vives, em mim, noite
tempestuosa de olhos desassossegados.

inertes.

vives entre a alma e os dedos,
florescendo mágoas
e solidões
por entre
medos.
de ti perdido,
imaginas encontros de mãos
e sussurrares de aves finalmente tocadas
pelas primaveras do tempo. vives entre a alma,
e o que não sei. vives nas ondas submarinas do ventre

sôfrego.

vives onde não sabes,
e não vives nada, perdido de ti,
entre ti e as névoas das tuas dúvidas.

vives na sombra
do limbo das folhas,
onde a seiva segrega

o amarelecer dos dias.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto
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«Sois érotique» - Les Charlots

Disco single em vinil de 1972 com uma canção que aborda, de forma humorística, a "moda" do erotismo em França nos anos 60 e, em particular, a canção «je t´aime moi non plus» de Serge Gainsbourg.
Estava a fazer falta na minha colecção... mas já não faz.






A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Postalinho das Autárquicas 2017 - 4

"Qualquer dia a Madalena chateia-se! PSD em 2013, PS em 2017... já não há casamentos para a vida."
Tesourinhos das Autárquicas 2017


28 julho 2017

«Petrina sanguilícia» - Jorge de Sena


Petrina, sanguilícia, de soluço
promessa rubra conijato ardente,
tibrada vibra se de tacto ilente
andia andiada estrangulardo cusso.

Que toques de fremores e de artibruço
ou de retorna em gânvias daltimente,
no junto e no despaço do nigrente
encarapelo rebabado esfruso.

Veloz de velocino se esgarando
em trávias roucas de que dançam bolas,
se tudo a fim se cói de contrapara.

No quiaras se de escuro é torvo imando
os de suprácia garinhantes colas,
e molibamba atrímula se esvara.

Jorge de Sena, Visão Perpétua

Postalinho do pastelinho

"São Rosas, olha o belo do croissant!"
Isabel V.