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30 junho 2012

«O laço impenetrável do silêncio» - o livro fresquinho da Paula Raposo


Este exemplar já mora na minha colecção, a juntar-se a outros livros da Paula Raposo que, apesar de ela sempre ter contestado, combinam muito bem com os cortinados d'a funda São. Aliás, a Paula deu-nos o miminho de partilhar esse "segredo" na badana da contracapa deste livro:


Vários dos poemas deste livro foram publicados aqui. Esses e outros têm um toque erótico muito especial. Para aguçar o meu próprio apetite (o vosso, cada um sabe de si), escolho este, que penso que a Paula Raposo ainda não tinha publicado aqui:

Mundo

Poderia falar da madrugada
- o tempo mágico -
e das vozes perdidas
entre gargalhadas
e sons inaudíveis.
Poderia falar da noite
que vem sempre
- inexorável e premente -
deitar-se connosco.
Mas, hoje, só posso falar
de saudade, de beijos;
imponderáveis e devaneios,
que me levam
- entre abraços e carícias -
ao fim do Mundo!


Podes encomendar o teu exemplar directamente à Paula Raposo. Basta que deixes o teu contacto nos comentários.

20 janeiro 2024

O fogo do fogo no fogo

Livro de textos poéticos de Luísa Demétrio Raposo, coleção Ventriloquia, Livraria Tigre de Papel, Lisboa, 1ª edição, 2023, 134 páginas.
"Luísa Demétrio Raposo procura a realização feminina através de uma literatura assumidamente erótica, em que a palavra se ocupa de boca, da boca como um lugar evidentemente sexual, convidando a voz a atravessar a pele ao arrepio. A boca diz, sussurra, grita, esconde, devora, canta qualquer palavra que a excite e exorte o corpo ao prazer que lhe é próprio: somos feitos de prazeres. E quando queremos conhecer o mundo e interromper a escuridão, atravessamos o corpo das nossas mães caminhando sobre um funâmbulo de dor sublime que nos faz chegar, irreconhecíveis e inimagináveis, ao lado de fora do corpo. E o beijo da vulva é o nosso primeiro oráculo. Nascemos do prazer com que as nossas mães negoceiam com a morte. O ideal romântico e amoroso que oprime o corpo feminino que “dá à luz” é vigorosamente desafiado por Luísa Demétrio Raposo – que desafia o tempo porque o atravessa: a Luísa está depois das academias, depois das ordens, depois dos congressos. A liberdade com que escreve afronta aqueles que nunca amaram, escreveram, foderam, pariram. (Do prefácio de Cátia Terrina e Ricardo Boléo). Posfácio de Maria Estela Guedes."
Mais um livro de poesia erótica na minha coleção.

14 outubro 2009

«Marcas ou Memórias do Vento» - Maria Paula Raposo


Graças ao Dom OrCa, dinamizador de amizades (pleonasmo, pois "dinamizar" já incorpora "amizar"), conheci a Paula Raposo... e isso tem sido muito bom.
Agora, recebi de fresquinho o seu livro de poesias «Marcas ou Memórias do Vento», da série de livrinhos de cordel da Apenas Livros. Com uma dedicatória que é (para quem me conhece) um desafio: "Para a São Rosas, uns singelos poemas (não sei escrever eróticos!) esperando que, mesmo assim, gostes de me ler. Beijos, Paula Raposo, 09/10/12".
Ah, não sabes escrever poesia erótica?! Tens a certeza?!
Então o que são, por exemplo, estes poemas?

Saberei

Saberei da tua voz
Serena
Ao longo do caminho
Desbravado
Do encanto
E saberei
Das tuas mãos
Desenhando
O perfil perfeito
Da melancolia
No colo
De todos os meus sonhos.


Numa Maré

Vibro a paixão eloquente
Inesquecível e irrepetível
Não falada não dita.
Vibro profundamente
A tempestade
Numa maré
Em espuma desfeita,
Uma vaga de magia.
Vibram os sentidos
Em todas as palavras
Que se dizem.

E o que são os "súbitos compassos da noite", do «Compasso»?
E os bailados sensuais em afectos e paixões d'«A valsa das partículas»?
E quando encontras as cores dele dentro de ti, na «Pintura»?
E a recordação dos "beijos enlouquecidos" do «Princípio»?
E, no «Quadro», "o quadro macio dos teus dedos é a alvorada dos meus sonhos"?
E "permaneci na ousadia do teu corpo nu", em «Sonhos de Água»?
E o que tu gostavas, em «Ilimitado»?
E?...
Pois, Paula, alguns dos teus poemas são bem mais eróticos do que muitos que se autoclassificam assim.
A melancolia também pode ser erótica.
E, já agora, qual será a tua cor preferida? Com o "sorriso emoldurado de letras azuis" de «Como tu», o «Quadro» "azul", o "dia azul entre flores e mar" do «Uivo», nem precisavas dizer, em «O meu mundo», que "este meu mundo é azul".
Convenci-te, Paula?
____________________________
Pelo menos despertou a verve erótica da malta:
Gomalaca:
Contribuição para a poesia:

"Gostava de um dia ver-te nua
tal como Eva no Paraíso
e poder contemplar as pernas que diviso
sob a garrida veste tua.

Gostava de beijar teus lábios de coral
gostava de sugar teus seios provocantes
e quedar-me nervoso, por instantes
ante monstro de Vénus virginal

Depois, no mais macio e fofo leito
à luz mortiça de uma vela
mostrar-te o que é estar-me de pau feito

E numa fúria louca e repentina
untar-te o olho do cu com vaselina
e dar-te uma soberba enrabadela!

Nelo:
"Olheim melhéres questa laca
que çe antessede de goma
éi melhér com tanta grassa
queu do cu le fasso cona

Ai comele é vazelina
é fofuras, coizas táis
Gomalaca melherzinha
Né pressizo pr'curar maish

ele éi lábius de cural
Coiza queu tenho eim barda
já us çeios, aí tá mal
mash compenço com broshes há farta

Mash já shega de converça
tu Colinha de coiza Laca
anda já daí melhér
Que deshte Nelo nam te iscapas

OrCa:
"A Paula diz dessas coisas, mas nós é que sabemos... Olha, cá eu, quando leio dela um poema, muitas vezes returco - que, como se sabe, é ver um turco a dobrar...

ter em verso a alquimia de evocar
esse gosto a malvasia
de um olhar
um estar para aqui só por estar
muito perto do incerto do amor
e a boca
ter o gosto de uma flor
a crescer num jardim-melancolia
espalhado pelo corpo
que assim arde
em poente junto ao mar
ao fim da tarde
tal o Sol tange a água
que se acende
numa ardência que entre os dois
algum entende

e enfim muito lá no horizonte
cai a noite na carícia dos sentidos
mergulhar mar adentro
já perdidos
tal afago de madeixa em sua fronte"

22 fevereiro 2010

Projecto Mulheres Reais - primeira publicação da sessão fotográfica da Paula Raposo





A HR FotoDigital concebeu e pôs em marcha o Projecto Mulheres Reais, cujo mote é:

"Procuramos mulheres gordinhas, cheiinhas
de vontade de aumentar a sua auto-estima
que nos ajudem a provar
que a sensualidade é apenas
uma questão de atitude, postura e...
Curvas!"

A Paula Raposo é uma «mulher de armas» e, mesmo sendo inicialmente a idade limite 45 anos (ela tem mais alguns meses...), candidatou-se... e foi seleccionada, levando até a HR FotoDigital a aumentar a idade limite para as candidatas.
Depois de uma fase de nervoso miudinho à medida que se aproximava a data da sessão fotográfica, ficou encantada com o resultado final: "Adorei! Vi algumas das fotos ainda na máquina e de facto eles são uns artistas. Além da subida em flecha do meu ego durante aquelas duas horas e meia! Obrigada por me teres incentivado. Afinal a idade estendeu-se até aos 65 anos, mas podes escrever que sou a mais velha, o que é uma honra. O resto da malta não se atreve, pelos vistos!"
E é uma honra para mim permitires-me fazer a primeira publicação de uma foto da tua sessão.
Parabéns!


21 abril 2011

«Nu Âmbar da Minha Escrita» - segundo livro de Luisa Demétrio Raposo

Depois de «Respiração das Coisas», de 2010, esta alentejana de gema, clara e casca tem o seu segundo livro, «Nu Âmbar da Minha Escrita», publicado pela «Temas Originais».
Partilha com os cibernautas um espaço na internet, o seu blog Vermelho Canalha, onde publica poemas, cartas e prosas poéticas e eróticas.
Já teve a sua poesia lida pela nossa voz de ouro, Luis Gaspar, no nº 49 da Poesia Erótica.


Comecei agora a deliciar-me com os malabarismos de palavras que a Luisa Raposo faz e deixo-vos pequenos recortes que fiz de vários poemas, até à página 31:
Carta de Adeus no Íntimo - "sinto o toque, a ardência, nas partes mais carnais da minha própria morte..." (pág. 12)
Visões da Poetisa - "Gozo, contigo, a minha inocência, apalpo as palavras por ti, aqui entornadas em soluços, e sussurros de prazer. Eu sou assim, eterna escoada de motivações, as tuas, num quente silêncio que te pensa. Que para ti escreve ardentes pensares na mudez aterradora das palavras..."(pág. 16)
Visões da Poetisa II - "Só tu podes tocar na minha narrativa, com o teu sangue grosso, de árduo gargalo..."(pág. 18)
Alentejo Duro - "Erectas as nuas espigas o meu horizonte alargam, entre as pontas naturalmente amarelas. A Espiga, que o meu corpo abotoa à beleza horizontal, tão, potentemente ardente como um sol" (pág. 22)
Comer Com a Boca - "(...) Poro com poro, no poro do poro, e sempre em rotação mó...
Canduras. Vermelhas correm no teu sangue, excitado, no tesão que em ti voa, passa, come, no orvalhado que sentes desafogadamente, o corpo tudo expõe. Tão agudo. Nos montes. Nu estendal, grave, tentas manter invisível, o suco rebarbativo, lascivo, que queima. Quase... Quase... Doendo!...
A língua, enrosca-se tendo por égide, um pénis, em adoração. Tétrica convulsão, após o último beijo, que de tão maduro...
Splash!...
Rotação!...
Profundidade!... Deus!...
(e o orgasmo é aparição)
A boca. Nervo a nervo, a sorver a matéria, encharcada e nua atè às pálpebras, num delírio, louco, que ensopa o tecto, o soalho, e as minhas devassas fantasias..." (pág. 26)
Preconceituz - "[Não existe Deus sem tesão] (...)
A febre é um cio faminto, onde o magro coabita abaixo dos sistemas ditos morais, onde o pecado corta os pés aos homens e o clitóris às mulheres..."(pág. 29)
Vergonha - "Tudo pode ser duro e o tudo se pode foder com nada. Depende apenas das fomes que cada um tem..." (pág. 31)

16 setembro 2010

É a vez da nossa Luisa Raposo...

... ter a sua poesia erótica lida por aquela vozinha do Luis Gaspar que nos põe a sonhar (olha, rima, ainda vai parar à Poesia Erótica).
É o

nº 49 da Poesia Erótica do Estúdio Raposa

Como a Luísa (que anda Demétrio) Raposo explicou ao Luisito, "O erotismo, 
por vezes por capricho humano, 
é usado com certeza ornamental…
Mas…
Como de todas as certezas nasce o engano, só a incerteza é puramente natural! 
O erotismo dentro, em nós invoca…
Na sua vastíssima boca,
uma expressão única e sexualmente louca…!"

07 novembro 2009

Cartas


Escreve-me um beijo vermelho
No envelope que endereças
Como naquele tempo de cartas
Em que escrevíamos folhas
E folhas e as metíamos no correio
E esperávamos ansiosamente
A resposta na volta do outro dia.

Escreve-me em beijos vermelhos
A saudade que de mim tens
E quando leres as minhas palavras
Escondidas por entre as linhas
Do meu papel rosado
Saberás o quanto ansiei

Esses beijos vermelhos salgados
Na volta do correio…

Foto e poesia de Paula Raposo
_______________________________
São Rosas: "Como sabes que eram salgados? Lambias as cartas?!"
Paula Raposo: "Lambia... pelo menos os selos..."
OrCa:
"oh, como assim se compraz
o amante escafedido
tira o selo e lambe atrás
o que sabe estar lambido"

01 setembro 2016

«O livro da papoula» - Luisa Demétrio Raposo

Vinte e oito páginas deliciosas, numa edição da Livros de Ontem.
Exemplar com dedicatória da autora à São Rosas. Inclui marcador.
Junta-se a outras obras da Luísa Raposo, na minha colecção: «Respiração das coisas», «Nu âmbar da minha escrita» e «O jardim separado».




A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

09 março 2010

O que é ouro sobre azul?

É a voz do Luís Gaspar a ler a poesia erótica da Paula Raposo (sim, essa moça que me dizia há poucos meses atrás que não escrevia poesia erótica).
Aí têm ouro sobre azul:

Poesia erótica 46 - Paula Raposo

13 outubro 2022

«Escrever as palavras a foder» - Luísa Demétrio Raposo

"Gosto muito de escrever as palavras a foder porque além de políticas elas atordoam na descoberta afinal e deixam destelhada a miséria de quase todos os dentes e da caralhada.
Hoje em dia está muito em voga entre os verbos, encontra-se um por outro e até parecem estremecer quando se abre o livro porque assim deve ser e porque convém à boa digestão das livreiras. Das profundezas inumeráveis um pipi não se pretende rebelde, é mais pelo prestável, já uma cona ou um caralho falam muito e muito alto fodem muito e não usam guarda lamas e comem tudo e o sem fundo e com os dedos e nos dedos criam tudo o que arrancam ao que fazem um ao outro dentro um do outro ao fundo.
Um pipi dá beijinho. Um pipi escreve apenas a palavra com quatro letras, foda sim, meu dono.
Em boa verdade, um texto meu não é nem nunca será lugar para nenhum.  Estou só e só o meu nome está cheio de fogo e de queimas que a carne devora, da força incontrolável e a esfola, como é a monta de qualquer um dos meus textos.
Um pipi é um petisco ou um puto se à mulher delicia e até à boca se for múltiplo entre o que apeteça."

ldr

Luísa Demétrio Raposo

25 agosto 2017

«Perigo» - Luísa Demétrio Raposo

"Um Ser que não fode e que não se masturba é um perigo para todas as espécies que habitam o mundo.
Homossexual, bissexual, são rótulos, carimbos, e induzem à separação.
Existem Seres Humanos que amam e expressam a sua forma de amor ao amar através da sua própria escolha, e que deve ser sempre, mas sempre de forma livre.
É incrível como em pleno séc. XXI ainda exista tanta ignorância e uma distância tão profunda entre o Ser e a Alma. Há um desconhecimento profundo abismal, os Seres não reconhecem que dentro de cada um de nós existem energias masculinas e femininas, nós somos Seres plurais. Vagina e pénis são órgãos reprodutores, a forma como nós expressamos através deles é uma escolha de cada um, e quando temos esse reconhecimento e o conseguimos expressar a nossa própria divindade, ligamo-nos ao Infinito, à energia-Amor.
A sexualidade não é somente uma fabrica de fazer crianças, é sobretudo evolução espiritual. É ligação às estrelas e aos Astros dos quais somos todos filhos e filhas. É sagrado. É divino.
Quem não ama de forma livre é um Ser mal amado, e um Ser mal amado é um Ser que só reconhece o vazio dentro de si, o escuro, porque não consegue alcançar a Luz da sua Alma. É um Ser doente, precisa de ajuda urgente antes que se transforme num monstro. E os monstros são perigosos, destroem tudo à sua passagem.
Faz-me confusão as pessoas não se questionarem acerca destes assuntos, e outros relacionados com a sexualidade, parece tudo tão infantil, demente. Quem não ama a si próprio não conseguirá jamais a capacidade de amar o outro e saber que eu não existo sem o outro, independentemente do órgão reprodutor exibido. Nós somos Unos, uns aos outros, uns nos outros, não existe divisão.
É altura de entender que a divisão é uma invenção do Homem para separar o outro Homem e assim dominar através do que nunca deve ter domínio porque é sagrado e o sagrado é divino e sem entender isto a humanidade está condenada. Toda."
Luísa Demétrio Raposo

27 novembro 2008

O Pai Natal nu existe...

... e dá pelo umbigo da Elsa Raposo!


A Elsa Raposo mostra ser uma mulher de extremo bom gosto, pelas companhias que escolhe e respectivas t-shirts, como esta criação do Raim especial para a funda São. E é uma moça fixe. Como explica o Herculano, do blog Heresias Consentidas, que nos mandou a foto, "ela aceitou ser Embaixadora de um projecto de solidariedade para com crianças especiais - autistas e outras - que o meu jornal está a concretizar agora para a época do Natal".

E tu? Já pensaste nas tuas prendas «na tal»? As t-shirts e os bonecos vudu da funda São são (parece que estou gaga) uma óptima escolha.

01 setembro 2011

«Insubmissa» - o novo livro da nossa Paula Raposo


«Insubmissa - o lado errado numa linha imaginária - poesia de final do Verão entre romãs e açucenas»... é o título (com subtítulo e subsubtítulo que até nos obriga a respirar a meio) do sexto livro da Paula Raposo, a menina que sempre achou que não escreve poesia erótica... e aqui n'a funda São já vai em mais de 200 (sim, duzentos) poemas publicados.
A vertente masoquista da Paulita levou-a a convidar-me para escrever o prefácio deste livro, publicado agora de fresco pela Chiado Editora, na colecção «Prazeres Poéticos». Lá fiz o que pude (muito pouco, mas com muita boa vontade). Para vos açuçar o apetite (ou tirá-lo, sabe-se lá), deixo-vos aqui alguns excertos desse meu prefácio:
" (...) – Os meus poemas, eróticos?! Para mim, nada daquilo tem erotismo algum... – responde-me sempre ela. Mesmo depois de o Luís Gaspar lhe dedicar um dos programas da sua Poesia Erótica. Ai, não?! "Imprevisível, apeteces-me / e nesse apetite (voraz) / deixo sempre um pouco de mim" («Amarrotada») e "das palmas das mãos / saem as palavras / mais belas" («Sexo»).
Nem preciso de fazer eu a introdução que esta Mulher Real, quase "transparente", encarrega-se disso: "Trago-te comigo / lança cravada fundo" («Dias»), "reviramos / o desejo na volta / de uma serra" («Feliz») e "quero (...) / que me dedilhes / incessante / todos os poros / que se abrem às tuas mãos" («Amor Que Faço»).
Sempre vi na poesia da Paula um erotismo melancólico, claramente biográfico. E aqui aparece também, em cada esquina entre versos: "a memória e o sonho / imortais de um desejo" («As Vidas»)... "deixarei o meu cheiro: / reconhecerás o caminho" («Barro»)...
(...)"

O livro pode ser encomendado à autora para o seu e-mail: mapaularaposo@gmail.com. O custo é de € 10 + portes.

14 setembro 2010

Vem-se aí o novo livro da Paula Raposo, «o verbo ser»


As palavras que a nossa Paulita nos dá a ler (ou melhor, vende, mas é um preço tão baixinho que é quase dado) incorporam cada vez mais uma carga erótica que, embora sempre tenha estado presente, ela dizia que não tinha. Mas isso foi antes de andar em más companhias (por estas bandas).

"NU

Se te falar de amor
Despida de palavras
Que me dirás
Da ousadia com que me visto?

Que pensarás
Da minha nudez eufórica
Ou da metáfora
Com que cubro
O âmago de todas as questões?

Talvez te surpreendas
E te cales indeciso,
Enquanto folheias
Mais que distraído
O jornal desportivo.

Quando me souberes ler
Poro a poro,
Eu continuarei a falar-te de amor,
Mas com palavras vestidas
E entrelaçadas.
E só as despirei quando tu
Quiseres estar presente,
Num rasgo de loucura
Tacteando o amor nu."

Ninguém melhor que o Grande Mestre OrCa para apresentar a Paulita e seu (em breve nosso) «o verbo ser». Aqui fica um excerto do prefácio:
"Paula Raposo (...) incorpora nos seus poemas o parceiro idealizado como interlocutor e a quem propõe, assumindo-o, transformá-lo também no seu leitor, em palavras quase ao rés da confissão no leito, falando afinal de si própria, em aberturas de alma muito apropriadas à linguagem poética (...).
Depois, o amor constrói-o ela de mar, de música, também de silêncios, num universo mítico onde dois seres apenas valem o mundo, por eles perpassando todo o bem e todo o mal, a quinta essência do que a todos nos enforma.
Eivado, cada livro seu, de desilusão, pois que o amor romântico – alerta-nos Pessoa no seu Livro do Desassossego – é um caminho de desilusão, logo ele se destempera e busca a redenção num erotismo exaltante, porque inevitavelmente é de corpos nus de todas as roupagens, em estádios diversos de amar, que aqui se trata...
(...) não me custou favor nenhum reiterar o que amiúde lhe venho dizendo quanto ao que me parece ser uma progressiva confiança, determinação e segurança patentes em cada novo poema que nos traz, unindo forma e conteúdo em enlaces de cada vez maior eficácia."

Jorge Castro

"CONVEXO

Deixa-me aninhar
No teu colo côncavo
Onde eu te beijo a boca
E a saliva se entranha
Nos poros de toda a paixão
Líquida do momento.

Porque o teu colo é um momento
E o meu momento
É o meu convexo de ti."


«O verbo ser», livrinho de cordel da Apenas Livros, vai ser apresentado no dia 30 de Outubro (sábado) pelas 18h, no Café Restaurante Jardim do Lago, na Av. do Lago, no Monte Estoril.

11 junho 2009

"É com enorme orgulho que..."


"... o blog porcalhoto pela primeira vez se
associa às comemorações do 10 de Junho."

Ali em baixo comentei:
"Já mandei um abraço especial ao OrCa... mas pedi-lhe que pusesse a medalha de lado para não magoarmos os nossos peitos. É que eu não nasci peituda nem sou siliconada..."
Pois ele parece que está sempre com ela engatilhada:
"trago a medalha em meu peito
que faz preito ao meu trabalho
por ti hei-de pô-la a jeito
não te embarace... outra coisa "

Bem hajas, Paula Raposo, pela dica.
E já escrevi sobre esta distinção (falo do OrCa e não da medalha, que ele é que é distinto... ou disbranco) no blog da Tuna Meliches.

27 novembro 2010

Lua de nós

Foste inspiração
brisa suave
beijos inesperados
e tesão.
Ficou o teu cheiro forte
nas minhas mãos,
na almofada,
nos lençóis,
pela penumbra
do quarto minguante.
Foste um verbo
de entoação
- no mar ao longe -
sob os aviões
que aterraram;
sobre mim que nos tivemos.

Poesia de Paula Raposo

19 julho 2011

Tentadora

Tentadora.
A oportunidade.
A proposta.
Tentas-me e deslumbras-me
no ruído impessoal
da cidade.
Tentadora a ideia
de te possuir de novo;
a saudade que nos vai
diluindo a vontade
ao longo dos dias.
Tentas-me e partes,
sem que as margens
se beijem loucas e húmidas.
E tentas-me, sempre,
nas palavras sem pudor
que me soletras.

Poesia de Paula Raposo

04 abril 2023

Eros & Psik

Medalha da série "EROS". José Teixeira, 2003. Anverso: o símbolo de Marte, dentro do qual está um pequeno porco. Orla com a legenda “€RO$ &”. Reverso: o símbolo de Vénus, tendo no seu interior uma vaca. Orla com a inscrição “P$IK”.
Medalha da série “EROS” composta por seis medalhas dos escultores Helder Batista, Raposo França, Vítor Santos, José Aurélio, José Simão e José Teixeira. A minha coleção não inclui a medalha de José Aurélio ("Lascivo Salivo Cativo"), a única que teve uma edição de autor.



19 janeiro 2010

A fatia do... bolo


Quero correr pelo jardim
e encher-me de ar fresco;
descalça dançar por aí
e encantar-me com coisas banais.

Quero deixar o vento
despentear-me;
rolar na areia
daquela praia.

Quero partir como um corcel,
atravessar todos os desertos
esperando a tua chegada.

Quero perder-me pelos caminhos,
encontrar-te sem saber
e da virgindade oferecer-te
a melhor fatia.

Foto e poesia de Paula Raposo