15 setembro 2009

Um dia...

Um dia contei-te, São, como foi a minha primeira vez. Como foi frustrante, triste, pobre. Mas acho que não te contei como foi a relação que tive com esse homem. Não te contei como ele me humilhava, me brutalizava. Não te contei como me encolhia, me tolhia, me fazia pequena e amedrontada. Acho que nunca te disse, São, que a posse doentia de que eu era objecto –e acredita, objecto é a palavra mais precisa- essa posse doentia me ensombra ainda hoje. Não te contei que o peso dessa relação ainda hoje determina quem eu sou comigo, quem eu sou com os outros. Não te contei muitas coisas porque há coisas que não se dizem, de tão feias. Não te contei porque eu era tão nova, tão crédula, de alguma forma, até, tão inocente, que hoje tenho vergonha. Não te contei muitas coisas, São, porque, às vezes, parece que se calarmos certas memórias, elas talvez fiquem quietas no fundo da gaveta. Talvez se não as acordarmos, elas não se mexam, não nos perturbem. E então, não te contei. Houve muitas coisas que não te contei, São, muitas coisas que não te posso contar. Mas posso dizer-te que eu hoje sou a mulher que sou, em parte devido a um conjunto pesado e negro de circunstâncias, ligadas a este homem, que assim me fizeram.
Passaram mais de vinte anos. Esse homem que foi a minha primeira vez, foi também o meu primeiro amor. Foi-o, claro, antes de todas as desilusões, de todas as agressões. Esse homem, São, tinha agora quarenta anos e achou que não valia a pena continuar a viver. Atou meticulosamente uma corda no cimo das escadas da casa onde vivia, esvaziou os bolsos, arrumou as coisas a um canto, e deixou-se morrer na ponta dessa corda. Por tristeza, disseram-me depois. Disse a mim mesma, durante os primeiros dias, que não tinha feito por merecer mais. Voltei atrás no tempo e pensei que, com toda a certeza, se tivesse ficado com ele, quem estaria agora morto era eu. Às suas mãos. Mas nem isso alivia esta… coisa que me oprime o peito. Saber que o primeiro homem que amei, o primeiro homem com quem me deitei está morto, por sua escolha. Nesta semana que passou já tive tempo para voltar a ficar zangada com ele, pelo que fez. Porque, de alguma forma, também com a sua morte me vai marcar. Também com a sua morte me marcou.

Filho da puta.

Impertretação


Alexandre Affonso - nadaver.com

14 setembro 2009

Arte ou pornografia - eis a questão

Já abriram as vossas janelas para o mundo?

E você pensando que estava sozinho



Capinaremos.com

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Nada como um espiçalista - o Zezinho - para explicar algumas das diferentes formas de falar deste tema:
"sacudir a berlenga
esgalhar uma segóvia
esmifrar o sarapatelo,
descascar uma canhonha,
bater uma sebastiana,
ordenhar o chibinho,
suar a manita,
espremer o tremoço,
dar-lhe cinco contra um,
espalmar a sardinhita,
dar uma de mancheia,
tocar ao bicho,
alisar a flaita,
amassar o margalho,
besuntar o martelo,
desfolhar a maçaroca,
acender a candeia,
meter a nota debaixo da pata,
desatar a cancela,
escalavrar o bizorga,
demão de cal grossa,
..."

13 setembro 2009

Seinfeld em versão porno

«Seinfeld - A XXX Parody». Está disponível uma versão hardcore deste «trailer» na área de downloads de seinfeldxxx.com.



crica para visitares a página John & John de d!o

Ainda sobre o bloqueio do blog

Eu sei que já passou.
E o gestor de produto Blogger na Google teve a amabilidade de me responder, quando o questionei sobre as causas do bloqueio:
"Hi - apologies, I don't check personal e-mail as much during the week. I don't have the particulars about this particular flag, only that the review process worked and resulted in the removal of the interstitial. Sorry that I can't share more details, but I'm glad to have the blog back up and running. (And we take any situations of false positives - as this appeared to be - into account when refactoring the process so that we avoid similar situations in the future.)"
Aliás, aproveitei para falar com ele sobre outro ponto crítico, que é o aviso à entrada dos blogs que faz com que os conteúdos não apareçam nos resultados de pesquisa do Google. Confirmou-me que estão a tratar disso e esperam ter novidades "in the next couple of months".

Entretanto, isto teve vários aspectos positivos:
1) o carinho demonstrado por muita malta;
2) o gráfico de visitas rendeu-me uma homenagem. Vejam como desenham «a funda»:
3) este gráfico deu-me uma ideia para um novo logotipo e imagem global do blog. Logo que tenha um bocadinho, ireis ver...

12 setembro 2009

Vão ao Estúdio Raposa...

... e ouçam pela segunda vez a poesia erótica de Casimiro de Brito declamada por Luis Gaspar, como só ele sabe.
São cinco poemas do livro «69 poemas de amor».


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Ode o OrCa: "Hummm-hummm... Fiquei um pouco com a sensação de que se tratava de amor entre contorcionistas, no primeiro poema (seios na virilha...?). Mas isto há gente capaz de tudo. E desde as abordagens cubistas e por aí fora, nunca mais um corpo voltou a ser o que era.

Ah, grande Casimiro de Brito
capaz ainda de tal grito
em fúrias que o tempo não demove
traz em poemas o corpo além do infinito
um e dois e três... sessenta e nove!"

Uma pulseira para a minha colecção

Se eu usasse todas as peças de vestuário e acessórios que tenho na minha colecção devia ser lindo... digo, linda.
Comprei nestas férias esta pulseira da Índia, com três figurinhas do kamasutra.



11 setembro 2009

Escuta: 09.09.01. 23:53_Não validada

(Deve-se dizer que esta é uma "obra" de ficção e que, provavelmente, qualquer semelhança com acontecimentos e pessoas reais será mera coincidência.)

– Zé?
– Sim.
– Toma nota: 91…
– Já está, vou só buscar um cartão novo.
– Ok. Até já.


– Pedro?
– Sim.
– É dos novos?
– Virgem.
– Boa… Desculpa lá ser assim mas é que o caso é grave e não podemos arriscar. Estás sozinho?
– Estou. O que é que se passa?
– É sobre aquilo, pá, a mesma porcaria de sempre. Há novos desenvolvimentos e temos de decidir já, Zé... Temos de tomar uma decisão.
– Então?
– Há novos dados, pá…
– Foda-se! Há?!...
– Há... E sérios, Zé. Os gajos estão a chegar lá, pá, e o Ruca já me disse que não vai assobiar para o lado, não pode… Há muita merda, meu!
– E quem é que sabe?
– Para já, a gaja, por isso é que te estou a ligar...
– A gaja já sabe?!
– Já e vai arrancar sexta com isso e segundo parece com mais cuidados, com pinças, ‘tás a ver…
– Agora é que está com escrúpulos?
– Quais escrúpulos, Zé… A gaja quer é dar um ar mais sério, como se não andassem atrás de ti como cães ao bofe... O Noddy disse-me que a ideia que a gaja quer passar é que não está contra ti, que não está obcecada em atacar-te, pá… É uma coisa mais suave, mais subtil e assim faz render o peixe, assa-nos em lume brando até às eleições e nem podes falar em campanha contra ti...
– Estou a ver. Se for preciso, a gaja nem fala no meu nome!
– É essa a estratégia, pá.
– Estou fodido!
– Deixam-te no meio da tenaz e vão-na fechando, estás a ver? Mas sem nunca dizerem directamente que és tu que lá estás, ainda que o deixem mais do que subentendido... És tu e estão a chegar a ti mas nunca te vão nomear...
– Foda-se!
– Assim, não só vão dizendo que só apresentam factos objectivos, como dão a entender que te têm na mão e que podem rebentar com o resto a todo o instante e, o melhor de tudo, é que ainda podem recuar a qualquer momento e passar as brasas para outra peça...
– A peça sou eu?
– És.
– Olha que bela merda de metáfora de que te lembraste... Agora sou um bocado de carne, é?!
– Ahn?... Desculpa, tens razão... mas percebeste a ideia, não percebeste?
– E ainda por cima a velha é que se vai ficar a rir!... A sonsa!...
– Pois, isto para os gajos é como sopa no mel...
– Nunca percebi essa merda, pá! Que raio é que tem a sopa que ver com o mel?! Sopa no mel! É mas é a sorte grande p’á velha e p’ós citrinos... Cambada!
– A sorte grande...
– E a gaja, pá!... Essa gaja!... No fim de me foder a gaja vai ter de ser operada, pá!
– Operada? Operada a quê?
– À boca! Com tanta alegria, aquela bocarra nunca mais se fecha, pá. E se não for operada o sorriso engole as orelhas... A boca dá a volta à cabeça!
– Ah!
– Não te rias, pá! Isto é muito sério...
– Desculpa, tens razão...
– Tu já viste o que é a gaja estar a apresentar o pasquim abjecto e, de repente, a boca dar a volta à cabeça e a parte de cima cair, ficar só a língua e o maxilar inferior? E mesmo assim a gaja não se calar, sempre a matraquilhar… Sempre treca-treca, treca-treca, só para me lixar o juízo? Era horrível...
– Ah! Aí até o velho gagá ficava com bom aspecto, com uma partenaire dessas...
– Pois era! E esse também não se calava e depois ainda havia de vir o outro, com aqueles beiços caídos de desmamado, mandar umas postas de pescada como se andasse desde pequeno a pensar naquilo... Havia de ser um espectáculo...
– Bolas!... Deixa-me respirar...
– Mas, afinal, ouve lá, fizeste-me gastar um cartão, para quê?... Olha que eu tenho impressão que a Nanda tem um bufo qualquer e controla-me os cartões de telemóvel que eu gasto, pá… O que é que eu lhe digo?
– Não... Ó Zé... Eu liguei porque tens de decidir…
– Decidir o quê?
– Se dizemos aos Bob para dizer aos...
– Sabes que eu comprei o single...
– Desculpa?
– Comprei o single da gaja... Sempre havia de me ter outra consideração...
– Qual single?
– E eu disse-lhe... Ainda por cima, disse-lhe que tinha comprado.
– Qual single?
– "Foram Cardos, Foram Prosas", pá! Qual é que havia de ser?
– Compraste?
– Nem me digas nada...
– Eu gostava mais da Adelaide Ferreira, do "Baby Suicida".
– Olha... E eu mais valia, essa, pelo menos, nunca me espetou nenhuma faca nas costas.
– E a irmã?
– Essa não cantava ou cantava?
– O que é que isso interessa? Achas que alguém se interessava pela voz dela?
– Ah! Isso é verdade, pá. Bem visto!... Mas o single, ainda gostava de saber onde é que isso anda... Devolvia-lho! Esmigalhava-o todinho e mandava-lho!
– Deixa lá isso, Zé. Agora tens é de decidir se falo com o Bob...
– Qual o Bob?... O Bob Esponja?
– Não, o construtor. O Esponja já era, pá, agora anda armado em sério. O Bob, o construtor.
– Ah, esse!
– Pois e temos de lhe dizer se dá o recado aos espanhóis para a limpar da grelha...
– À cantora da treta?
– Pois...
– Isso era uma bomba, pá! Se fizéssemos isso estávamos fo… lixados. Boa noite.
– É a Nanda?
– É. O Pedro manda-te beijinhos.
– Eu?!
– Ela retribui. Ele agradece.
– Eu?!
– Já se foi embora. Rápido: mas qual é a vantagem?
– Os danos são controláveis até sexta, vá lá, quanto muito até domingo. Sexta e sábado andamos a apanhar bonés, depois a coisa acalma e não temos de gramar com mísseis todas as sextas-feiras. A gaja quer marcar a agenda, pá, pelo menos nessa parte...
– E nós dizíamos ou mandávamos dizer... De nós só fala o Augusto, assim como assim ninguém lhe liga nenhuma... Reduzimos os danos...
– E fica-se sem saber se foram os espanhóis...
– Sim e, bem vistas as coisas, para nós é o pior que nos podia acontecer. Somos os últimos interessados em que fizessem isso à gaja... Estou a ver... No fim ainda passo por vítima...
– Põe-se alguém a dizer que saiu a sorte grande à velha e lembra-se o Santana e o Marcelo...
– Bem visto!... Ah... mas tens de dizer ao Bob para que se houver alguma coisa já feita contra mim que deixem passar... Que emitam.
– Achas que é melhor?
– É a cereja no topo do bolo, pá!... O que houver contra mim passa na mesma mas, ao mesmo tempo, já ninguém vai falar nisso, só se vai falar na censura.
– Temos de evitar o termo...
– Está evitado por natureza, pá, porque o que a gaja tiver agora vai para o ar na mesma, estás a ver, não há censura...
– Estamos safos... Vou já ligar ao Bob!
– Construtor!
– Claro!
– Porreiro, pá!

Desirella

As mulheres tornaram-se bonecas cibernéticas com tanto silicone e botox? Conhece esta beldade superproduzida por computação gráfica. Enlouquece os homens e a si mesma.
Vivendo num conto de fadas, a velha Desirella obtém um par de sapatos mágicos que a torna jovem, numa desesperada tentativa de transcendência.




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