No 5º dia da nossa recente expedição pedestre por terras de Sua Majestade (minha não é, de certeza), passámos pelo castelo de Carlisle, uma bela construção que vigia de perto o curso do rio Eden. Este castelo detém no seu palmarés, ao cabo de uma história de sucessivas alternâncias de posse entre ingleses e escoceses, o título de castelo mais vezes vítima de cerco do Reino Unido e alguns dos episódios que ocorreram neste castelo são da mais pura e dura pornografia.
Sendo tão cobiçado, é natural que a sua guarda tenha sido bastante cuidada, dotando-o de uma guarnição permanente durante largos séculos. Ora, se durante os períodos de guerra, a vida no castelo era tudo menos aborrecida, já durante os interlúdios pacíficos era mais complicado arranjar distracções. Compreende-se pois que, muitos dos soldados desta fortaleza, tenham dedicado os seus períodos de ócio a criar verdadeiras obras de arte nas paredes interiores da torre de menagem do castelo.
Ora, foi precisamente ao admirarmos estes painéis tão copiosamente elaborados que reparámos numa gritante discrepância entre um dos motivos insculturados numa das paredes e o painel interpretativo que se encontrava junto a ela. Conseguem descobrir as diferenças?
Pormenor do painel interpretativo que identifica um "leão ou leopardo coroado, do brasão de armas de Inglaterra", política e moralmente correcto.
O dito leão ou leopardo que, pelos vistos, está não só coroado mas também armado com uma lança em riste. Pela natureza dos motivos ignorados no painel interpretativo quase dá para acreditar que o mesmo foi elaborado pela austera e púdica Rainha Vitória.