A festa acabou para todos eram aí umas quatro da manhã. Menos para nós. Como se costuma dizer, a coisa aconteceu. Primeiro comprámos dois grandes copos duma espécie de café na máquina automática duma bomba de gasolina, que bebemos ainda dentro do meu carro minúsculo. Acabámos por aceitar que estávamos os dois a esticar a noite com o mesmo propósito. Ela levou-me para casa dela. Lembro-me, especialmente, do contraste entre o frio dos lençóis e o calor do corpo.
- É tão estranho! - disse ela.
- O quê?!
- Se passasses por mim na rua, serias apenas mais um transeunte sem qualquer tipo de interesse...
E eu a pensar que não. Se passasse por ela na rua seria apenas mais uma transeunte, sim, mas com todo o interesse do mundo. Olharia para ela fingindo que não o estava a fazer. Talvez me baixasse para dar um jeito aos atacadores dos sapatos e, tão certo como eu estar ali, suspiraria pelo menos uma vez.
É sempre essa a diferença entre um homem e uma mulher, pensei. Um homem é sempre um homem qualquer, enquanto aquela mulher é sempre aquela mulher.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»