Uma amiga telefona-me e pergunta-me se eu estou bem. Não sei bem responder, porque apesar de não estar, acabei de ficar assim que vi o nome dela no ecrã do telemóvel. Penso um bocado.
- Sim, estou! - respondo.
"Estar" é o verbo mais importante desta vida, mais importante até do que o verbo "ser". O que nós somos é sempre ultrapassado por aquilo que estamos. É por isso que o que somos é sempre mentira e o que estamos é sempre verdade.
Quando dizemos que alguém é simpático, é porque o conhecemos num momento em que estava simpático. Todos nós, com excepção dos funcionários das casas de fast food (que têm sempre que estar simpáticos ou são despedidos) estamos simpáticos às vezes e antipáticos outras.
É como estar bem ou estar mal. É até como não estar coisa nenhuma.
O Amor e a Amizade também não são aquilo que são, mas sim aquilo que estão. É por isso que dizemos que estamos apaixonados e não que somos apaixonados por alguém. Quando falamos de Amor, foge-nos a boca para a verdade.
O Amor está sempre alguma coisa, mas nunca é nada. Digo-o eu, que estou apaixonado às vezes por quem não me é nada.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»