A diferença está na linha do horizonte que se desenha em tudo, mesmo que com traços indecisos, menos no Amor. Um copo de vinho satisfaz, um prato de comida também, uma amizade e uma viagem também. Um Amor não.
Bebo esse copo enquanto almoço na companhia de um amigo, numa curta viagem de fim de semana, e explico-lhe que talvez o Amor me tenha avisado do seu fim antes de ter acabado.
Ele ouviu-me, mas não reagiu. No televisor silencioso, alguns polícias americanos perseguem latino-americanos no vídeo duma música que não conheço nem passei a conhecer, o que dá um ar surrealista à conversa. Talvez esteja a pensar na hipótese do seu próprio Amor ter terminado.
Não sabemos muito bem onde a viagem nos vai levar, mas a descoberta do momento é que podemos repetir o vinho. Diz ele como se tivesse acabado de descobrir a pólvora. Pede mais uma garrafa, redesenhando com um copo vazio no ar e um "outra, por favor" um dos nossos horizontes.
Descobriu mesmo a pólvora. Talvez eu possa repetir-te também.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»