03 março 2005

Diário do Garfanho - 9

55

Diálogo com o Chefe da Repartição, esse cromo dificil:

– Ó Pereira, então a merda da certidão que eu lhe pedi ontem de manhã?
– Senhor chefe Almeida – logo aqui já o desarmei, – a certidão... Qual certidão, senhor chefe Almeida?
– A que eu dei ontem, homem – os modos já são muito melhores, compreensivos: tipo "desculpe lá estar a incomodá-lo, mas eu sou o chefe do serviço e tenho de o incomodar com estas minudências".
– O senhor chefe Almeida vai me desculpar, mas esqueceu-se do "lhe" e disse uma grande mentira.

Amanhã tenho de fazer a certidão, que eu bem vi o parvo do Chefe a tentar perceber o que eu lhe disse e a contá-lo à brochista da Patrícia que, hoje ou amanhã, entre duas mamadas, lhe vai explicar a consequência da falta do "lhe" e a consequente injúria à virilidade do homem.

Garfanho

Instante

Oh Manela, eu quero lá saber do tempo. Quero lá saber se é uma hora, um minuto ou um segundo porque... há instantes melhores que a vida toda.

Recordo-me sempre daquele moreno de olhos profundos e risonhos com quem passei uma horas da madrugada a conversar sobre este mundo e o outro, a rir e a beber café de termos, enquanto esperávamos sentadinhos no passeio a abertura das portas para entregarmos a candidatura à universidade. De manhã, após depositarmos as ditas nas maõs das funcionárias responsáveis, saímos rapidamente para a rua e ala que se faz tarde que esta já passou. Parei e comecei a agradecer-lhe as horas divertidas, com um sorriso estampado de orelha a orelha. Ele encostou-me o indicador esquerdo a ambos os lábios, impedindo-os de mexer e retirou-o para o colar nos seus. Beijou a polpa do dedo e sem despegar os seus olhos dos meus recolocou-o na minha boca. Com ambas as mãos, puxou-me pela nuca contra si e eu ergui o queixo entreabrindo os lábios para absorver a sua língua e levantei os braços, para lhe remexer nos cabelinhos. A sua lânguida língua parecia chegar-me ao esófago e todos os pelinhos do meu corpinho se eriçaram. Ele descolou e, outra vez com o indicador, percorreu-me da base do pescoço até ao queixo. Mergulhou novamente na minha boca e os nossos ossos e músculos pareciam um imã na porta de um frigorífico. Depois, dissémos adeus com as palmas das mãos muito abertas como as dos desenhos que se mandam para o espaço em sinal de paz.

E Manela, eu nem sequer sei quantos minutos durou, tanto mais que como sabes, nem uso relógio no pulso, por causa da minha alergia a metais não preciosos.

02 março 2005

Em segredo

Foto:Elena Getzieh

Entro no teu sono
Trago-te para o meu sonho
E muito levemente
Beijo-te escondida.
Paro
Quando agitado o teu sono muda
A tua pele reage
E o teu corpo acorda.
Entro então nas tuas coxas
E moves-te dormindo
Sentindo como num sonho
O prazer que se adivinha.
E quando de manhã acordas
E sentes o corpo molhado
Dizes tocando-te surpreso:
Hoje sonhei contigo.


O OnanistÉlico declara (e degema) que lhe abriu o apetite:

No sonhovo eras a gema e a clara que depositei em ti é agora uma estrela.
Ao tocar-te no céu húmido com o brilho da estrela... ládentro, cádentro... cadente em ti, sedento do teu sonho.
Hojovo contigo

Gotinha's Ass

HASH(0x8948390)
Watch out honey!
Your ass can make money.
If you want to score a couple bills,
Offer it up and take some pain pills.

What Ass Do You Have?
brought to you by
Quizilla
(sugestão da Xilla)
(Estou especialmente curiosa quanto ao resultado da Sãozinha...)

O Luís Graça relembra as c(a)ricas...

"Recuem lá até ao Verão de 1970, em S. Martinho do Porto.
Agora imaginem uma maravilhosa pista de caricas construída na areia molhada da praia. E um puto novinho que não conhecia os matulões de 14 ou 15 anos que estavam a jogar. Limitava-se a ver.
Um deles, mais expansivo, punha a carica a mil km/h e gritava:
- Van Den Broch!
Recorde-se que era a época doirada de ciclistas como Van Impe e Van Springel.
À noite, no centro da terra, vejo passar o chaval.
- Olha, mãe, olha, é o Van Den Broch!
Mandaram-me calar, muito embaraçados.
Só muito mais tarde soube os motivos.
Nunca pensei que o jogo das caricas pudesse ter relação com o sexo oral ou a ourivesaria."

Luís Graça

O que foram lembrar ao Jorge Costa:
"Cheguei a atravessar duas ruas e um cruzamento em bordas de passeios com a minha carica de vinho do Porto encimada com casca de laranja (para não derrapar), lá para os lados da Cordoaria, aqui na «Imbicta».
Era ver aos 5 e 6 pelas ruas abaixo. Grandes corridas... grandes corridas.
Isto para não falar das corridas de ganchetas...
O que os miúdos de hoje perdem! Uma boa corrida de sameiras (caricas para os «mouros»), intervalada com uma corrida de ganchetas e finalizar o dia com uma punheta a olhar para as janelas do hospital de Santo António a rir para as enfermeiras...
O que é que um puto de 11 anos em 1965 podia aspirar mais?!
Era o céu....era o céu."

Uma história (roubada aos Instantes)

Estrada de ligação do Porto a Entre-os-Rios.
Muito sinuosa.
Estreita.
Dia de Sol.
Lá pelas 5 da tarde.
Para quem não conhece, é uma estrada movimentada.
O passeio ia a decorrer normalmente...
... se é que há normalidade numa relação proíbida e escaldante!
As mãos , os olhares e os cheiros são indutores.
Os desejos são mais que muitos.
A ela, apetece-lhe fazer o que sempre lhe disseram para não fazer.
A ele, apetece-lhe... tudo o que ela lhe queira fazer!
Mais do que de repente:
- Apetece-me fazer-te um broche!...
- E porque não... - disse ele com um sorriso matreiro.
A estrada é deveras sinuosa.
O movimento é constante.
A marcha, forçosamente, é bastante moderada.
O calor de uma boca quente em contacto com um pénis...
O vai e vem daquela cabeça, encimada com uma cabeleira negra
longa e sedosa espalhada pelo regaço dele...
No mínimo, deve provocar rigores na fácies... sui generis.
E a marcha do carro continuava lenta.
Lembra-se de ver os camionistas que por ele se cruzavam
e a um nível mais alto... com caras!... Que caras!...
Hoje, quando se lembra daquele passeio, não sabe se se lembra mais do broche que ela lhe fez...
se das caras que viu a quem pelo carro passava.
Definitivamente... as Caras.

Jorge Costa
(ode como quem se vem do Porto para Entre-os-Rios)

01 março 2005

Intervalo para publicidade


(o Super Tongue estava lá... salvo seja)

O João Mãos de Tesoura dá-nos as últimas notícias:

No âmbito do cargo para o qual foi indigitado, o novo PM teve de fazer um exame de rotina no Hospital de St. Maria.
Avisa-o o médico:
- Bem, agora vamos ver como está a próstata; vou ter de lhe fazer fazer um toque rectal com um dedo...
Responde Sócrates:
- Ó doutor, faça com dois porque eu gosto de ter sempre duas opiniões!

Discurso do Falo

Foto:Irina Velichko

Eu, Falo erecto
Prometo rigidez na forma
Dureza na posição
Ser certeiro na pontaria
Ir ao centro da questão.
Eu, Falo erecto
Manter-me-ei hirto e firme
Até atingir o meu objectivo,
E demonstrar
Que eu Falo, falo
Mas cumpro,
Porque não sou oco por dentro
Nem destituído de conteúdo.

Filmezinho pedagógico

A madr relembra que aqui se pratica o serviço púbico:

Pedagogia* para os mais pequenitos

(*ou, como diria o meu amigo Cruijff, peidagogia)

Ode a um bruxedo

"Era eu um moço (mais) novo e passava os verões na Costa da Caparica.
Andava na onda das pranchadas (não só de body board) quando conheci uma rapariga para o jeitosinho (pelo menos assim a recordo... se bem que na altura a idade não levava a grandes exigências).
A coisa andou durante os calores do verão.
Na altura de ir embora, lá dei o telefone de casa dos meus pais (eu sei, mas pronto... era puto, pá).
Não sei bem como, a coisa tornou-se possessiva, com os últimos telefonemas a envolverem o bruxo de Viseu.
Dizia o senhor que, uma vez que eu tinha andado no bem bom, tinha de me casar, senão... fazia-me um bruxedo e nunca me casaria. Eu disse-lhe que sim:
- Faça-o e não falhe, pá!
Andei à confiança... até ao dia em que estava no altar... e pensei:
- Merda! O cabrão do bruxo não sabia do ofício!

Mergulhador
(odido pelo bruxo)

PS - os meus velhos tiveram de mudar o telefone e colocá-lo em privado. Nunca mais dei o número."

28 fevereiro 2005

Amor com amor se paga! 2

Incomodar: deixar o rolo de papel higiénico com um pedacinho
Irritar: quando ela chamar para pedir outro rolo, fingir que não se ouve
Encolerizar: depois dela se ter desenrascado sozinha, perguntar “porque não me chamaste?”

Incomodar: não baixar a tampa da sanita depois de mijar
Irritar: não levantar a tampa da sanita antes de mijar
Encolerizar: não se dar ao trabalho de apontar enquanto se mija

Incomodar: prometer pintar a sala no próximo fim-de-semana
Irritar: prometer pintar a sala em breve
Encolerizar: perguntar “para quê pintar a sala se qualquer dia te podes ir embora?”

Incomodar: beber o leite directamente do pacote
Irritar: deixar os pacotes de leite vazios no frigorífico
Encolerizar: beber o leite directamente do pacote e deixá-lo vazio no frigorífico

Incomodar: ao levantar, perguntar “o que vai ser o jantar hoje?”
Irritar: durante o jantar dizer “está muito bom mas o soufflé da minha mãe é melhor”
Encolerizar: durante o jantar dizer “está muito bom mas o soufflé da Rute (ex-namorada) é melhor”

Incomodar: no dia dos namorados, comprar-lhe lingerie erótica 3 números abaixo do dela
Irritar: esquecer-se do dia dos namorados
Encolerizar: no dia dos namorados, comprar-lhe lingerie erótica 3 números acima do dela

Incomodar: durante os preliminares, pressionar um qualquer ponto do corpo dela e perguntar “é aqui?”
Irritar: depois do acto - preliminares incluídos - ter durado 40 segundos, perguntar-lhe “foi tão bom para ti como foi para mim?”
Encolerizar: durante o acto gritar “és fantástica, Rute!” (ou o nome de outra ex-namorada)


Ou em português: "Eu não estou furiosa, mas olha bem porque é o melhor que vais ter nos próximos 6 meses!"

Diálogos paralelos

Foto: Lutz Behnke

A cabeça no peito dele.
A voz perguntando das coisas do dia a dia.
A mão entre as pernas dele. Acariciando-lhe o sexo. Questionando o corpo.

Diálogos paralelos entre as vozes que se cruzavam em perguntas e respostas, e a mão dela, e o corpo dele, que movendo-se lhe respondia.

Diálogos paralelos.
Desejo de saber.
Desejo.

Ele virou-a. Sentou-a no colo.
E ao ouvido e no corpo deu-lhe todas as respostas.
Ao ouvido satisfez-lhe o desejo de saber.
E no corpo saciou-lhe o desejo.