07 novembro 2005
06 novembro 2005
A carta
Escrevi-te uma carta com selo e tudo daquelas escritas em papel e com caneta no tempo em que as cartas eram cartas e íamos aos correios e perguntávamos, quanto custa o selo? e colávamos o selo e punha-se a carta no marco do correio como aquele da música antiga cantada não sei por quem e que a minha mãe cantava no tempo em que a minha mãe cantava. E mandei-te a carta com selo e tudo.
Todos os dias faça chuva ou faça sol tenho esperado à janela a chegada do carteiro e perguntado, senhor carteiro traz alguma carta para mim? e o carteiro entrega-me cartas que não são cartas mas contas de luz, água e contos, histórias de outros que não a tua e me dizem como vai a vida, que os filhos cresceram, que tudo mudou, que o tempo passa e das saudades. Mas a tua carta nunca chegou.
Escrevi-te a carta com selo e tudo sentada naquele banco de jardim onde nos costumávamos sentar a ler o horóscopo na revista que já não existe assim como a papelaria do senhor João que é hoje uma farmácia e eu encostava a cabeça no teu ombro e ríamos e agarravas o meu queixo e davas-me um beijo na boca e uma vez a dona Virgínia viu e foi dizer à minha mãe que a filha fazia figuras indecentes na rua e fiquei uma semana de castigo e não te via e tu mandavas-me às escondidas recados escritos em papéis pequeninos que a Paula me entregava sem a minha mãe ver e os papelinhos eram cartas.
Mas a tua carta nunca chegou.
Escrevi-te a carta com selo e tudo a 5 de Novembro de 1985 acho que já não vais responder.
Foto: Ewa Brzozowska
Publicidade
Vem este post a propósito da «beleza real» de que ultimamente se tem falado por aqui. (ver posts sobre Campanha por Beleza Real da Dove e a About-Face.)
Este Blog sobre publicidade é do Canadá. Podemos lá encontrar não só excelentes cartazes publicitários mas também algumas reflexões, ideias e opiniões do dono que é "art director / designer".
O cartaz aqui do lado foi retirado do Best Rejected Advertising que exibe alguns exemplos de publicidades rejeitadas e/ou proibidas em determinados países.
Quem é amiga, quem é?!
Parabéns, Liliana Queirós!
O silicone ficou-te bem!
O Jorge Sampaio deve estar eufódico. É que a portuguesa de gema, clara e descascada Liliana Queirós ganhou o título de Miss Playboy TV Latinoamérica & Iberia 2005.
Foi notícia em todo o mundo. Por exemplo: «Correio da Manhã», «Jornal de Notícias», «Univision.com» (com fotos), etc.
(a imprensa internacional chama-lhe Liliana Queiroz, mas enfim...)
Foi notícia em todo o mundo. Por exemplo: «Correio da Manhã», «Jornal de Notícias», «Univision.com» (com fotos), etc.
(a imprensa internacional chama-lhe Liliana Queiroz, mas enfim...)
Sugestão para animar a campanha eleitoral
Quem não votaria nela?
Neste video apreciamos o esforço de uma rapariga norueguesa em cima de um palco a tentar que os seus colegas de escola votem nela para presidente dos finalistas (a que os noruegueses chamam «russ»).
A notícia do evento está aqui.
Personagem feminina despida de branco e posta na ilha
"Ser esta mulher que escreve por cima das nuvens da sua volúpia.
Sentir os espasmos do corpo do seu amante sonhado ou real em noites de tempestade de falésias de beijos molhados e longos.
Ser a mulher que tão louca de espanto se oferece sem conhecer
sem nada pedir
sem nada esperar.
Ser esta poesia feita de palavras que respiram desejos escondidos e abafados nas noites de lágrimas.
Ser esta imaginação de mulher que apenas quer sentir o teu corpo que adivinha por entre a espuma das ondas frias ao longe.
Gritar que o amor de dois corpos é a sublimação das angústias de sempre
nem de ontem nem de amanhã.
Sou também esta mulher que ultrapassa o desejo e te abraça em dias de chuva
que cavalga o teu corpo como corcel de aventuras maravilhosas
e que morre em ti em cada orgasmo
trémula como uma flor acabada de colher."
abril 2004
Lolaviola
Sentir os espasmos do corpo do seu amante sonhado ou real em noites de tempestade de falésias de beijos molhados e longos.
Ser a mulher que tão louca de espanto se oferece sem conhecer
sem nada pedir
sem nada esperar.
Ser esta poesia feita de palavras que respiram desejos escondidos e abafados nas noites de lágrimas.
Ser esta imaginação de mulher que apenas quer sentir o teu corpo que adivinha por entre a espuma das ondas frias ao longe.
Gritar que o amor de dois corpos é a sublimação das angústias de sempre
nem de ontem nem de amanhã.
Sou também esta mulher que ultrapassa o desejo e te abraça em dias de chuva
que cavalga o teu corpo como corcel de aventuras maravilhosas
e que morre em ti em cada orgasmo
trémula como uma flor acabada de colher."
abril 2004
Lolaviola
A ilha - parte 2 - por Charlie
Tempos idos....
Sentado num tronco seco, todo branco que já conhecera anos de naufrágio e depois dera toda a cor ao Sol ao dar à costa, o velho riscava rabiscos na areia.
Riscava e tornava a riscar, passando com o pé por cima de tudo e voltando a riscar nos mesmo sítios com outros desenhos herméticos e abstractos.
Ria-se para eles e fechava os olhos falando baixinho. Recitava alto, voltava a abrir os olhos e voltava a riscar na areia.
- O que fazes? - Perguntou o rapaz recém-chegado que ficara a olhar para ele com curiosidade.
- Escrevo poemas. - Respondeu o ancião.
- Mas... poemas?! Com riscos que não são letras nem desenhos...
Fez-se uma pausa, e depois o velho continuou:
- Não sei ler. E cada traço destes é uma ideia, um mundo que eu construo no meu interior. Estás a ver este traço? É uma ilha. A minha ilha. O que eu daria para poder ir até à ilha, voltar a estar com ela…
- Mas isso é fácil, amigo – iInterveio o jovem – É só ir ali pela ponte.
O ancião nem olhou na direcção que o jovem apontava. Fez mais uns traços na areia e sem levantar os olhos disse:
- A ilha que tu vês já não existe. A ponte que lhe fizeram é uma lança que a despejou da vida que tinha quando eu a visitava. Tinha de ir a nado na maré baixa, de banco de areia em banco de areia, e lá moravam os espíritos que sangraram até à morte.
Agora o rapaz olhava extasiado para ele.
- Conte como era a ilha no seu tempo.
O ancião olhou para o jovem e disse-lhe com ar grave:
- Não te posso contar o sítio onde fui feliz por instantes. A felicidade é feita só de instantes breves que ficam a morar no nosso espírito eternamente. Só assim a lembrá-las somos felizes durante a vida e repetimos os momentos. Mas a ponte sangrou os meus instantes e esvaziou a eternidade dos tempos. Como queres que te conte, se estou vazio?
O jovem olhou para a ilha e para a ponte e sentou-se junto ao velho.
- Por isso faz poemas na areia...
- Sim – disse o Ancião – faço poemas com a eternidade do meu pé ao passar por cima deles. São apenas instantes sem eternidade, essa foi-me tirada, nada mais me lembra, nada mais me resta, senão ir em frente sem olhar para trás, navegando nestes poemas que se desfazem como os rastos que a minha alma faz na água onde procura a ilha, num futuro que já não existe...
E, dizendo isto, ajeitou o pé e apagou o jovem e o diálogo que tinha estado a riscar com ele na areia da praia.
Charlie
Sentado num tronco seco, todo branco que já conhecera anos de naufrágio e depois dera toda a cor ao Sol ao dar à costa, o velho riscava rabiscos na areia.
Riscava e tornava a riscar, passando com o pé por cima de tudo e voltando a riscar nos mesmo sítios com outros desenhos herméticos e abstractos.
Ria-se para eles e fechava os olhos falando baixinho. Recitava alto, voltava a abrir os olhos e voltava a riscar na areia.
- O que fazes? - Perguntou o rapaz recém-chegado que ficara a olhar para ele com curiosidade.
- Escrevo poemas. - Respondeu o ancião.
- Mas... poemas?! Com riscos que não são letras nem desenhos...
Fez-se uma pausa, e depois o velho continuou:
- Não sei ler. E cada traço destes é uma ideia, um mundo que eu construo no meu interior. Estás a ver este traço? É uma ilha. A minha ilha. O que eu daria para poder ir até à ilha, voltar a estar com ela…
- Mas isso é fácil, amigo – iInterveio o jovem – É só ir ali pela ponte.
O ancião nem olhou na direcção que o jovem apontava. Fez mais uns traços na areia e sem levantar os olhos disse:
- A ilha que tu vês já não existe. A ponte que lhe fizeram é uma lança que a despejou da vida que tinha quando eu a visitava. Tinha de ir a nado na maré baixa, de banco de areia em banco de areia, e lá moravam os espíritos que sangraram até à morte.
Agora o rapaz olhava extasiado para ele.
- Conte como era a ilha no seu tempo.
O ancião olhou para o jovem e disse-lhe com ar grave:
- Não te posso contar o sítio onde fui feliz por instantes. A felicidade é feita só de instantes breves que ficam a morar no nosso espírito eternamente. Só assim a lembrá-las somos felizes durante a vida e repetimos os momentos. Mas a ponte sangrou os meus instantes e esvaziou a eternidade dos tempos. Como queres que te conte, se estou vazio?
O jovem olhou para a ilha e para a ponte e sentou-se junto ao velho.
- Por isso faz poemas na areia...
- Sim – disse o Ancião – faço poemas com a eternidade do meu pé ao passar por cima deles. São apenas instantes sem eternidade, essa foi-me tirada, nada mais me lembra, nada mais me resta, senão ir em frente sem olhar para trás, navegando nestes poemas que se desfazem como os rastos que a minha alma faz na água onde procura a ilha, num futuro que já não existe...
E, dizendo isto, ajeitou o pé e apagou o jovem e o diálogo que tinha estado a riscar com ele na areia da praia.
Charlie
05 novembro 2005
Dicas da semana passada no sítio do costume
O 1313 sente imenso "a falta que faz o Badedas Mentol (retirado em má hora do mercado) para as fodas no chuveiro. Ainda não encontrei substituto à altura". E fundamenta: "O Badedas Mentol, além do óbvio efeito-enguia, da espuma, etc. comuns a todos os gel de banho, tinha um «efeito de aquecimento» parecido com alguns lubrificantes que há no mercado, e dava uma onda de aquece-arrefece nos colhões que era Sãosacional. Totalmente adequado à foda no duche".
A Maria consola-o e esclarece-o-nos (adoro recriar palavras): "Não só o tal do Badedas Mentol pode ajudar. Ora experimentem lá comer um rebuçadito de mentol ao mesmo tempo que se dedicam aos prazeres por via oral. O parceiro ou Parceira vão agradecer, com toda a certeza". E isto promete: "Já vos falei das aplicaSões multifuncionais da pasta dos dentes com sabor a mentol? Um dia destes lembrem-me...".
Até porque, como alerta o Mano 69, "a razão por que foi retirado do mercado é que ao mesmo tempo que lavava… estragava! Ou seja, a substância que era colocada no Badedas - mentol - actuava nos entrefolhos das gajas criando uma frescura excessiva potenciadora do aparecimento de gelo nas curvas, o que poderia levar não só a derrapagens não controladas, como também a ter havido muito «menino» que ficou com a língua soldada a frio nas referidas partes baixas". Tem lógica!
Alguém mais recomenda São?
A Maria consola-o e esclarece-o-nos (adoro recriar palavras): "Não só o tal do Badedas Mentol pode ajudar. Ora experimentem lá comer um rebuçadito de mentol ao mesmo tempo que se dedicam aos prazeres por via oral. O parceiro ou Parceira vão agradecer, com toda a certeza". E isto promete: "Já vos falei das aplicaSões multifuncionais da pasta dos dentes com sabor a mentol? Um dia destes lembrem-me...".
Até porque, como alerta o Mano 69, "a razão por que foi retirado do mercado é que ao mesmo tempo que lavava… estragava! Ou seja, a substância que era colocada no Badedas - mentol - actuava nos entrefolhos das gajas criando uma frescura excessiva potenciadora do aparecimento de gelo nas curvas, o que poderia levar não só a derrapagens não controladas, como também a ter havido muito «menino» que ficou com a língua soldada a frio nas referidas partes baixas". Tem lógica!
Alguém mais recomenda São?
Feitas as confirmações, agora é só pagar
Vê aqui os detalhes
Somos 42 inscritos para o 4º Encontra-a-Funda (e praticamente todos confirmados).
Confere no quadro o valor a pagar por cada pessoa e faz a transferência do valor correspondente para o meu NIB:
Ah! O Nikonman já fez um mapa de Beja com os pontos-chave do Encontro.
Alguém mais que ainda se queira vir?
04 novembro 2005
CISTERNA da Gotinha
Erwin Olaf: Fashion Victims -> isto é arte!
Lauren: um clip desta menina que é da Hungria.
Loiras há muitas!!
Morena da Jamaica.
Teresa é o seu nome.
Os Chineses têm concursos marados.
É a isto que se chama exibicionismo??!
25 Met-Art Galleries: de borla e à vossa disposiSÃO!!
Vulvas aos Molhos.
Vulva Projekt. Um projecto interessantíssimo que explora a individualidade de cada genital feminino. Ou então trata-se de dar corpo a um sentimento de voyeurismo profundamente enraizado na humanidade. Ou então outra coisa qualquer. Eu próprio tenho um projecto muito pessoal nesta área. Mas não tiro fotografias. |
procurou-se legenda... e foi no que deu
Arranja-se por aqui uma legenda para esta imagem?
Não vale sugerir "com ele de fora" ou "mete-o pra dentro ó panasca", pois a linguagem de rua não faz parte dos Cânones da FundaSão.
Propostas das visitas e dos visitos:
Jingle Bells, Jingle Bells... - São Rosas
"Maria, eu disse-te que faltava qualquer coisa" - Papagaio
"Eleva-te, ó São que tás nas alturas" - onanistélico
"Menina estás à janeeeeela" - Gabriel
"Levanta-te e anda!" - Animal
O vendedor de Calipos - Bruno
"3... 2... 1... som... som... experiência" - Gotinha
Depois da tempestade... vem a murchança - Vizinho
"Ora deixa cá ver onde é que a cegonha vai deixar o bebé" - Mano 69
Neoblanc Gentil... Foda-se! Essas calças brancas não enganam ninguém: o Roberto Leal de Piroca de Fora! - Pedro Oliveira
Faz-te um Homem - Pedro Oliveira
"Já parou de chover? Já posso sair e ir brincar outra vez?" - Maria
Delicatessen - Dupont
A legenda é simples: mais um blog temático... "a minha pilinha"! O nikonman que se prepare; na minha os boxers vão parecer uma tanga - UGAJU
Às vezes gostava de ser encantadora de serpentes... - Matahary
Uma legenda?! Para aquela obra de arte é difícil. Ora, entonces, aqui vai a legenda: "É preciso legenda?" Eu cá dispenso. Mesmo que lá estivesse não sei se os meus olhitos davam com ela. - Helena
Amassador de lombo - Tamanho de Senhora - 1313
"Cona, precisa-se!" - Charlie
Boxers with a View - lolaviola
Eu acho que é mais "A View with a boxers" - Matahary
"Mas que é que se passa aqui? Ó Gonzo, deixa de ser empata!" - AbLaZe
"Anybody out there?" - Atlantys
Preto no Branco - Elvético
"Uma saída em falso", "vertigem", "janela indiscreta", ou "libertem o willy", "a fera amansada", "sem sombra de pecado", "despido para mijar" - Ferralho
PENDURICALHO... serve? - lamatadora
"Sai da varanda e mete-te para dentro" - mad
Abandonado ao relento - lamatadora
"cu-cu?" - Meteórico
Tenho mais uma: "Pendências da moda Outono Inverno 2005" - Vizinho
escondidinho - Corpos e Almas
"Th'-th'-th'-th'-th'-th'-that's all, folks!" - AbLaZe
"Nem de vela lá vou!" - Zeca
"Cumprimento com prazer!" - Chupagrelos
O Batente - joaquim silva
"Enderêta, porra! Assim não vais lá!" - xico manel
"Vou para fora e venho-me lá dentro" - o maior
Soltem o prisioneiro - Uxka
As dificuldades para cumprir o Pacto de Estabilidade e Crescimento eram muitas - o maior
Iço é meu! - Nelo
Isso querias tu, sua ladra! - Matahary
A ilha - por Charlie
Pisei, olhando para a distância, a orla de areia que o mar lacrimejava.
Senti os pés húmidos e escutei o borbulhar suave da breve espuma que escorria entre a multidão de seres minúsculos que habitam o universo infindo das partículas de areia.
Aqui e ali, podia adivinhá-los a esconderem-se rapidamente e para sempre em segurança até que viesse a próxima vaga.
A Lua estendia o seu eterno mar de prata com o que inundava as praias das almas que sabem pertencer-lhe.
Eu sei que há pessoas que são pertença dela!
Sinto-os meus iguais quando estão junto a mim.
Todo o meu corpo fica presa das ondas que emanam dos seus mares.
Não preciso que digam nada.
Que me olhem, ou que sorriam.
Basta existirem próximo de mim.
Sinto-lhes o bater do coração dentro do meu peito e faz-se me um nó na garganta.
Sim, porque eu sou um ser da Lua...
Achei uma ilha!
A minha ilha fica mesmo ali quando a sua mãe sai parida do mar, subindo aos poucos no céu.
Nunca repararam?
Hão-de ver nos dias em que, já próximo da Lua Cheia, surge do nada rente ao horizonte.
Se olharem com um pouco de atenção verão no colo da mãe, num suave embalo, o perfil das palmeiras e coqueiros, encimando um peito de mulher.
É a minha ilha!
Quis sempre visitá-la. Penetro no mar e nado para ela até ficar sem forças.
Deixo afogar-me.
Já estive quase a chegar lá e guardo na minha boca o sabor das águas que banham os seus lábios...
Acordo sempre com os pés a pisar a areia e dou com a Lua já alta.
É sempre ela que me salva e me põe de volta neste areal imenso. A perder de vista.
Este areal sem fim antes não existia.
Era uma extensão de rochas onde eu era uma fortaleza inabalável.
Depois....
Depois descobri a ilha rente à lua, às portas do horizonte, e chorei a distância em mares e oceanos.
Agora tudo secou e dos meus olhos só saem grãos de saudades de uma ilha onde nunca estive.
Sentei-me um pouco a pensar em tudo e chorei um castelo de areia.
Uma onda veio e puxou-a para dentro de si.
Para o mar das lágrimas para onde escorrem os castelos das saudades...
Charlie
Senti os pés húmidos e escutei o borbulhar suave da breve espuma que escorria entre a multidão de seres minúsculos que habitam o universo infindo das partículas de areia.
Aqui e ali, podia adivinhá-los a esconderem-se rapidamente e para sempre em segurança até que viesse a próxima vaga.
A Lua estendia o seu eterno mar de prata com o que inundava as praias das almas que sabem pertencer-lhe.
Eu sei que há pessoas que são pertença dela!
Sinto-os meus iguais quando estão junto a mim.
Todo o meu corpo fica presa das ondas que emanam dos seus mares.
Não preciso que digam nada.
Que me olhem, ou que sorriam.
Basta existirem próximo de mim.
Sinto-lhes o bater do coração dentro do meu peito e faz-se me um nó na garganta.
Sim, porque eu sou um ser da Lua...
Achei uma ilha!
A minha ilha fica mesmo ali quando a sua mãe sai parida do mar, subindo aos poucos no céu.
Nunca repararam?
Hão-de ver nos dias em que, já próximo da Lua Cheia, surge do nada rente ao horizonte.
Se olharem com um pouco de atenção verão no colo da mãe, num suave embalo, o perfil das palmeiras e coqueiros, encimando um peito de mulher.
É a minha ilha!
Quis sempre visitá-la. Penetro no mar e nado para ela até ficar sem forças.
Deixo afogar-me.
Já estive quase a chegar lá e guardo na minha boca o sabor das águas que banham os seus lábios...
Acordo sempre com os pés a pisar a areia e dou com a Lua já alta.
É sempre ela que me salva e me põe de volta neste areal imenso. A perder de vista.
Este areal sem fim antes não existia.
Era uma extensão de rochas onde eu era uma fortaleza inabalável.
Depois....
Depois descobri a ilha rente à lua, às portas do horizonte, e chorei a distância em mares e oceanos.
Agora tudo secou e dos meus olhos só saem grãos de saudades de uma ilha onde nunca estive.
Sentei-me um pouco a pensar em tudo e chorei um castelo de areia.
Uma onda veio e puxou-a para dentro de si.
Para o mar das lágrimas para onde escorrem os castelos das saudades...
Charlie
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