O texto de 2 de Dezembro
Sexo, amor e foda da
Anani despertou alguns comentários que é interessante reler. É que a vergonha das palavras é fodida... e nada erótica:
matahary: "É um assunto muito interessante. Muito subjectivo, por isso muito pessoal. Cada um deve usar as palavras como melhor lhe aprouver, se bem que nem sempre haja, ou se sinta, a devida liberdade de expressão, pois estas, as palavras, adquirem pesos e significados diferentes de pessoa para a outra.
Pessoalmente, a expressão «fazer amor» não tem obrigatoriamente a ver com sexo. E tenho pena que a palavra «foder» tome também um lado menos positivo".
São Rosas: "De facto, «foder» é uma palavra com conotações (e pichotações) demasiado negativas. E é pena, porque vem do latim e significa «fazer», o que está bem esgalhado.
Charlie: "Sim...é verdade. Fazer amor ultrapassa o mero acto sexual. É um estado de alma. Estar-se com alguém de quem se gosta. Uma carícia, uma palavra ao ouvido. O estar-se juntos a ver um filme sentados no sofá encostados um ao outro. A saudade que aperta logo no primeiro segundo ao seguir do fechar da porta quando ela ou ele se vai embora. E o coração que bate mais forte quando o telefone toca".
matahary: "Humm... eu acho que o meu «fazer amor» vai bem mais longe (ou não) e não é estritamente reservado à pessoa com quem praticamos o «acto sexual». O mais engraçado é que há meros gestos que para quem os pratica são cagativos (sem importância) e por mim São considerados «fazer amor»; ora bem, numa situação destas sou eu que fico a ganhar! E, como sou uma aproveitadora - aproveito tudinho - quem sai a ganhar sou eu, que me sinto ainda mais amada (e mimada também). No aproveitar é que está o ganho! (...) E o amor é simples (nós é que o complicamos). Pode estar num simples acto de nos comprarem um bolinho, por exemplo. E eu como não gosto de chá nem para me aquecer no Inverno, se o tal bolinho vier acompanhado por uma boa foda, é ouro sobre azul! Ainda há uma outra expressão que a putalhada agora usa: «fazer o amor» - que para mim é horripilante, mas há quem goste, claro".
Zé: "De que é que V. se foram lembrar... As expressões que dizem que são utilizadas, quero crer que «são mais as vozes que es nozes». Senão vejamos: quando alguém que faz parte de uma célula heterossexual, custa-me a crer que, se alguém tem vontade de «dar uma queca» (com isto evito as expressões em discussão), se vire para o outro e diga alguma coisa do género «Oh filha, vamos foder» ou «Oh querido, vamos ter relações sexuais» ou «Deixa a merda da televisão e vamos fazer amor». Custa-me a crer que isto exista. O que é mais normal numa relação (matrimonial, de facto ou passageira) é que, cada um ao aperceber-se que está na onda do outro ou que «se deu o click», se trocam olhares, se trocam carícias que levam a que tenham relações sexuais. (...) Quero crer que os anos que levo de vida me dizem que, quando chega o momento, quando se trocam olhares, quando as carícias já não se conseguem enganar a si próprias, é esse mesmo olhar que os une e que acaba no «fazer amor». O aforismo já velho de «Senhora em público, mulher em casa e puta no quarto» resulta de tempos, memórias e educação em que um certo machismo dominava. Quero crer que se um homem tratava a sua mulher como uma senhora em público, quer ele, quer ela gostavam: ele, porque exibia um belo «exemplar», ela porque, no fim de tudo se sentia vaidosa,porque o seu mais que tudo demonstrava respeitá-la em público. Puta no quarto, porque aí podia ter com quem realmente amava a materialização dos sonhos eróticos que acumulava".
matahary: "Deves ser um romântico, Zé... Então, se eu entro em casa com vontade, tenho primeiro de fazer esse cerimonial todo, olhos pr'aqui, olhos pr'acolá? Não posso dizer simplesmente «apetece-me uma...»? Já para não lembrar que nem sempre se está em sintonia; por vezes é necessário haver comunicação verbal para não haver mal-entendidos, não te parece? Nem todas as pessoas são dadas a olhares especiais ou a toques físicos. E, deixa-me que te diga, nem todos os homens gostam de ter uma puta no quarto e nem todas as mulheres querem ou gostam de ser tratadas como tal. Outrora, se não ainda hoje em dia, a única puta que muitos homens tinham/têm no quarto, era/é consoante pagamento adiantado. És um romântico! (...) Nao sei o que tu pensas disto, mas creio que o mais correcto é falarmos na primeira pessoa, falar da nossa experiência (ou suposta), e não falar pelos outros, «medir os outros pela nossa bitola». Aquilo que funciona para ti, pode não funcionar para os outros. Os anos de vida que temos dizem-nos a idade biológica, porque quanto ao resto, a experiência de vida é que nos faz".
Zé: "Deixem-me só contar o que se passa nos países do Norte da Europa (para onde viajo frequentemente e nunca fico menos de 2/3 semanas) e de onde os hotéis já foram banidos. Quando depois da refeição, o marido se levanta e ajuda a arrumar a sala, isso é uma coisa. Mas se me levanto eu, e faço a mesma coisa, isso para elas é outra coisa. Um latino, teoricamente não faz isso e elas distinguem muito bem as duas posições. Aqui, não me passa pela cabeça que qualquer mulher, minimamente educada e mesmo «avançada» não goste de ser tratada com urbanidade, gentileza e carinho. NÃO ACREDITO. E se no fim de uma deliciosa refeição, onde foram servidas todas as iguarias e o ambiente está, para os dois, na fase «caliente», acredito que se o primeiro a falar disser «Vamos foder» está tudo fodido..."
matahary: "Ah, bem! Para além de «olhares», ainda tem de haver uma «deliciosa refeição» e «todas as iguarias» para então haver coito. Coitados dos lares onde há só sopa! Tou a imaginar: «Ai não, querido, hoje não, hoje não pode ser. Vai ter paciência para a sua queridinha, mas hoje só tive tempo de comer um croquete ao almoço, estou sem disposição para troca de fluidos». Ou então: «Amorzinho, não me encontro predisposta para realizarmos relações sexuais, parti uma unha, estou desoladíssima!». Por falar em «dar uma queca», vou fazer panquecas, que queca hoje não há. Deixei queimar o jantar. (...) Nem sempre o casal, hetero ou homo, está em sintonia. Por vezes acontece ter que se chamar a atenção para esta necessidade. Mas, lá porque não estão em sintonia, não quer dizer que não haja sexo - «A conversar é que a gente se entende».
Zé: "As concepções que temos sobre esta questão são obscenamente diferentes: por um lado, um objectivismo atroz, consolidado pelos factos e experiências vividas e transmitidas; por outro lado, um subjectivismo alucinante, que tira a conclusão perfeita para acaabar qualquer «debate» e passo a citar: «Mas, lá porque não estão em sintonia, não quer dizer que não haja sexo - A conversar é que a gente se entende». Não estão em sintonia, conversa-se e passa a poder haver sexo! Provavelmente (sem querer ser ofensivo) porque a fisiologia da mulher a isso pode predispor, mas no caso do homem, ou é animal e não tem sentimentos, ou só com uma boa dose de viagra lá vai... tendo em consideração que o cérebro comanda o resto (o que até hoje ninguém negou)".
matahary: "As coisas, muito menos o sexo, ou o amor em si, nãos são assim tão lineares quanto queres fazer parecer. Há muitas nuances, há muitas formas. E ainda bem! Foi só isto, e apenas isto, que quis ressalvar. O sexo é quase a mesma coisa que comer, beber e dormir. Não nos dizem sempre que mesmo que não tenhamos vontade de beber, devemos fazê-lo? Pode não me apetecer «sexo» (não estar em sintonia), mas se eu vir que isso é importante para o meu companheiro, porque não fazê-lo? Sinto prazer sabendo que contribuo para a sua felicidade e bem-estar. Em sociologia chama-se a isto «acomodação», um dia cedo eu, outro dia cedes tu. Qual é o problema? Para mim nenhum. Cada um sabe de si, como é óbvio".
Nelo: "Melhéres, o que eu aprendi ôije sobre o seksu. Scutem melhéres....eu çôu açim mais bolos. Tenho pôuco studos, dá pra intender... mas guestei de ler. Ai Matare melhér, çe nam fôsses gaija... (mas com o Zei çe calhar vôu dar uma cambalhota ôu duas a ver çe ele me splica a tioria dele çobre seksu)"
1 Car( v )alho: "Aprendi na «enciclopeida-funda» que Panqueca resultava de muitas (pan-pan-pan-pan-pan-pan-pan)+queca. Os meus estudos ainda são inferiores aos do Nelo, mas lembro-me dos clássicos afrodisíacos,algo tímidos:
> Aproveitando a oportunidade gerada pela ida de um deles à casa de banho: «Com que então uma mijinha? Ãã, por falar em mijo...»;
> Também, se ela escorregar no corrimão poder-se-á depreender que se irá ter um jantar aquecido, sem queimar tachos, sem necessidade de troca de olhares, por vezes mal interpretados.
> Ou respondendo à «Queres sopa ou...?» com um veemente «não, quero Caldo».
Fui mais falácio do que impapolácio, mas não gosto de praticar sexo (como expressão). Na expressão «praticar sexo» vêm-se-me, por associação outras modalidades, do tipo:
> Vaginásio - da nossa enciclopeida-funda;
> The Golf Days - da taquinho & bolas blogsputas.comes;
bem como a necessidade de renomear, por exemplo, filme «A Amante do Tenente Francês» para «A Praticante de Sexo do Tenente Francês», ou, numa de má-língua: «aquele(a) tipo(a) tem um(a) Praticante de Sexo em vez de Amante».
Continuo a ser mais falácio do que impapoilácio, mas não gosto de praticar sexo (como expressão)".