tenho o copo à mão e à mão o corpo
no torpor de sentir tão um e outro
e tropeço e sufoco assim de borco
debruçado sobre o vinho e sobre o potro
cavalgando sem sela assim te sorvo
te bebo gota a gota doce estupro
bebendo o teu corpo que absorvo
bebido eu de ti tanto e tão abrupto
de ti eu colho a doce maresia
por ti serei eu forte ‘inda que fraco
unindo-se em lascívia a malvasia
és néctar, Afrodite, e eu só Baco
bebidos um ao outro na harmonia
tão feita neste ter-se taco-a-taco.
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Já diz o povo que «quem ode e é odido não tem doença de perigo»:
"Ao Orca com seus sempre belos sonetos...
E se um soneto o inspirou esse outro me admira e encanta e me põe no «sítio e em sentido»! Que viva o «comandante»! E aí vai mais uma brincadeira.
Que belo é o teu vinhedo e belo o mosto!
Bebamos da beleza que me excite,
que entorne o copo e o corpo de Afrodite,
ao olhar tão lindos olhos do seu rosto.
Que Baco nos enlace em meu sol-posto
(tontura do enlevo) e que eu lhe dite,
palavras mal sonhadas, mas que grite,
tão ébrio vá ficar, com tanto gosto!
Sorriso de Afrodite com mais graça,
olhando com ternura este mortal,
seu lânguido torpor, que não lhe passa.
E Baco será cúmplice afinal
no copo que esse corpo não abraça,
no sonho desse corpo intemporal!"
Alcaide
"É uma honra terçar armas, assim íntimas...
ter-se Baco numa esgrima de soneto
Afrodite de bacante o corpo todo
entre um copo de prazer e outro engodo
o sabor da intriga onde me meto
libações mais intensas não prometo
por tão certo ter eu que por mais denodo
que houver me vai faltar tempo e modo
de eu chegar ao final que comprometo
honro a Baco deus que dá sabor à vida
quanto baste para provar o apuro
de saber mais Afrodite apetecida
depois não - no copo não me aventuro
tendo à mão no corpo de alma acendida
de Afrodite a libação que procuro..."
OrCa
"Tirem de Baco o prazer
Dai a Dionísio a fruta
Ponham Afrodite a foder
Deixem Apolo à escuta!
Juntem os Deuses na cama
Limpem ao Ulisses os ouvidos
E deixem Zeus com a chama
Entreter os escolhidos...
Façam a Vénus penetrar
No antro da perdição!
Mesmo sem braços vai dar
A todos um bom escaldão...
É que Vénus sem camisa
É como pénis sem prepúcio...
Continua vara, mas lisa
A confundir o Confúcio!"
Zé
"Onde eu vim ter e com quem...!
Mais Afrodite... Baco já soluça!
Dos sete-mares com Baco se levantam
sete ondas que se enrolam na partida,
(balanço da maré ou da bebida)
sete amores a Afrodite mais encantam.
Que cantem sete barcas como cantam,
sereias que me dão o sonho e a vida!
Só Baco mata a sede garantida,
aos cantos que a Afrodite não garantam.
Que encantos são teus mares e serão sete!
Com Baco vejo terras e mais montes,
minhas ondas... Afrodite me promete,
que sempre mares verei nos horizontes,
se lhe der a palavra em ramalhete,
paixão em sete copos, sete fontes!"
Alcaide
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