... mesmo à porta de casa, correndo o risco de serem vistos por alguém...
Tinha sentido o momento em que silenciosamente dera entrada pela porta embora estivesse colocado numa posição em que não a poderia ver.
Num mero reflexo e sem ver as horas, olhou para o relógio.
Lentamente levantou o copo mirando como as gotículas que se haviam formado num ápice, confluíam agora em formas de arte por pequenas estrias rumo à base, interrompendo o percurso pela hecatombe dos dedos indicador e polegar, simetricamente interpostos à acção incontornável da gravidade. Um golo breve, a marca dos lábios e o sentir da outra presença na sala, relegaram o momento de contemplação para um plano indefinido.
- Não te fazia de pé, pensava que estivesses a dormir...-
- Onde estiveste? –
- ... Demorei-me mais do que esperava inicialmente e a reunião foi...-
- Julguei que te tivesse acontecido algo, - Interrompeu.- estavas com o telemóvel desligado. Podias ao menos ter dado um toque para eu ficar descansado, ou....pedir a alguém que telefonasse. -
Replicara ao encetar do diálogo com a sua companheira sem lhe olhar directamente nos olhos, mas terminara, após uma pausa cirúrgica, a frase num enfoque frio e intenso, esperando ler-lhe os sinais na expressão devolvida.
Ela colocara um após outros, o dedo indicar, o médio e anelar sobre as costas do sofá oposto ao do seu interlocutor. Afastou o olhar rodando o corpo ligeiramente traindo o desconforto que aquele instante lhe trouxera, mas num relance retomou a postura e voltando a pousar a mão respondeu:
- Sabes querido como tem sido difícil aos patrões manter a empresa com a crise a avolumar. Tivemos uma reunião muito complicada. No fundo, todos queremos apenas segurar os nossos postos de trabalho, e fiquei com a Marta a compilar os apontamentos, as resoluções, passar ao computador, imprimir, arquivar uns e preparar a distribuição de outros documentos...Enfim....-
- Entendo. As coisas não estão fáceis. Mas da próxima vez se vires que vais demorar, agradeço que me digas algo, um toque, um SMS basta. Entendes?-
Esperou um pouco e deu mais um golo voltando a pousar o copo.Lentamente levantou o copo mirando como as gotículas que se haviam formado num ápice, confluíam agora em formas de arte por pequenas estrias rumo à base, interrompendo o percurso pela hecatombe dos dedos indicador e polegar, simetricamente interpostos à acção incontornável da gravidade. Um golo breve, a marca dos lábios e o sentir da outra presença na sala, relegaram o momento de contemplação para um plano indefinido.
- Não te fazia de pé, pensava que estivesses a dormir...-
- Onde estiveste? –
- ... Demorei-me mais do que esperava inicialmente e a reunião foi...-
- Julguei que te tivesse acontecido algo, - Interrompeu.- estavas com o telemóvel desligado. Podias ao menos ter dado um toque para eu ficar descansado, ou....pedir a alguém que telefonasse. -
Replicara ao encetar do diálogo com a sua companheira sem lhe olhar directamente nos olhos, mas terminara, após uma pausa cirúrgica, a frase num enfoque frio e intenso, esperando ler-lhe os sinais na expressão devolvida.
Ela colocara um após outros, o dedo indicar, o médio e anelar sobre as costas do sofá oposto ao do seu interlocutor. Afastou o olhar rodando o corpo ligeiramente traindo o desconforto que aquele instante lhe trouxera, mas num relance retomou a postura e voltando a pousar a mão respondeu:
- Sabes querido como tem sido difícil aos patrões manter a empresa com a crise a avolumar. Tivemos uma reunião muito complicada. No fundo, todos queremos apenas segurar os nossos postos de trabalho, e fiquei com a Marta a compilar os apontamentos, as resoluções, passar ao computador, imprimir, arquivar uns e preparar a distribuição de outros documentos...Enfim....-
- Entendo. As coisas não estão fáceis. Mas da próxima vez se vires que vais demorar, agradeço que me digas algo, um toque, um SMS basta. Entendes?-
- E as reuniões? Já terminaram?-
- É isso que eu queria dizer-te; amanhã iremos ter uma outra, um encontro com accionistas. Possivelmente poderá prolongar-se sabe-se lá até que horas... Depois desta com a comissão de trabalhadores...estou exausta....Vou deitar-me. É já tão tarde...-
Despediu-se dele com um fugaz beijo que ele correspondeu com a mesma fugacidade ficando a fita-la enquanto ela desaparecia por detrás da porta que dava acesso aos espaços mais íntimos dos aposentos.
Fechou a porta da casa de banho e mirou-se ao espelho afastando a alça direita do vestido. Aquela dentada no ombro...Meu Deus!...O que é que aquele homem lhe tinha feito! Não bastara a loucura das duas horas no seu apartamento a seguir à reunião. Já de regresso e ali mesmo à porta de casa, correndo o risco de serem vistos por alguém, metera-lhe a mão entre as pernas, a boca a percorrer desde o ouvido aos lábios, passando pelo pescoço, peitos, ventre e baixo ventre, e finalmente, regressando, o ombro onde lhe deixara a marca enquanto todo o seu corpo ardia e estremecia na febre mista de gozo e angústia de poderem ser descobertos.
Inspirou fundo e encetou o ritual do despir e dos preceitos de higiene.
Na sala, ele certificara-se de que ela não o poderia ver nem ouvir. Rapidamente pegou no telemóvel e carregou na tecla verde.
- Sim.- disse em voz sussurrada...-Foi por pouco amor. Mal cheguei a casa, e só tive tempo de preparar uma bebida, sentar-me e fazer de conta que estava à sua espera. Tinha acabado de fechar o carro na garagem quando ouvi, vindo da rua, o bater da porta dum veículo e ouvir a voz dela a dizer à colega até amanhã. Felizmente não precisei de esperar pelo elevador. Foi só entrar e subir enquanto ela procurava a chave para abrir a porta do prédio... Como? Não... ela não desconfia de nada, amor. E sabes? Amanhã tem outra reunião! Não é formidável?...
Dizes coisas tão lindas, és linda...também te amo.
Mal posso esperar pela hora de estar contigo novamente...Um beijo... -
Charlie