Visto em Strange Eros
14 dezembro 2009
13 dezembro 2009
Amor
Perturbante
Deixas cair o copo,
entornando as últimas
gotas de vinho
que deixaste para trás…
marcas de uma boca sensual
que ficarão gravadas
até ao amanhã.
Essa boca
que procura qualquer
coisa para amar...
Na toalha de linho branco,
a cor púrpura e já amarga
desenha imagens
que podem ser de desejo…
mas que já não vês.
O teu corpo
está inebriado por
um desejo que te perfura
e que tão bem conheces…
Desejo que te faz desfalecer
conscientemente
no tapete da sala, deitares-te
e sentires por baixo da tua pele
o pêlo macio que te
lembra um corpo tantas
vezes amado…
e agora ausente.
Incontroladamente
controlados, os teus dedos
procuram a passagem para um
prazer que queres só para ti.
Os teus seios, acariciados pela
mão ávida de luxúria,
aumentam o gozo que te vem
das entranhas.
Contorces-te ao ritmo
das sombras que entretanto
tomaram conta do lugar.
Imaginas o teu corpo a dançar
no tecto dessa sala que
se transformou numa
gigantesca e desmesurada
cama de prazeres.
Estás sozinha, mas não estás,
imaginando os corpos
que por ti passam sucedendo-se
nas ondas de prazer que
te levam para lá da racionalidade.
E arranhas a seda suave das tuas
pernas à passagem das
tuas unhas eriçadas.
E tatuas na tua pele
os teus dentes brancos e perfeitos.
E rasgas a imaginação
com o prazer que não pára de crescer.
Sentes-te demente, ou nada
sentes de ti, porque tudo o
que sentes são os imaginados
corpos que te dão.
E não paras. Não paras de
te fazeres feliz na deambulação
das tuas mãos por um corpo
que tão bem conheces...o teu.
Arrancas de ti toda a solidão
agora transformada numa
orgia de corpos que por ti
vagueiam.
És actriz e espectadora
dessa peça encenada por ti.
E cai o pano sobre o teu corpo,
no preciso momento em que o
orgasmo te atinge e os aplausos
da plateia ecoam para lá
da irracionalidade.
Perturbante…
TC
12 dezembro 2009
Foder é coisa para fracos
No dia em que me surgiste pela frente com essas calças justas e me disseste, com sorriso malandro, que estavas pronta para tudo, era claro que na tua cabeça, como na minha, a ideia era apenas uma: foder. Não seria fazer amor, não seria nada procriativo, era foda. Da mais dura e da mais pura, quem sabe até daquele tipo mágico, foder e desaparecer. Com o Sol já muito oblíquo, os tons alaranjados banhavam-te o corpo e acentuavam as curvas contidas na roupa com uma espécie de halo, e eu, sentado cá fora na companhia da brisa do final da tarde, pensava em como seria interessante comer-te de cima abaixo, ou, como provavelmente corresponderia muito mais à verdade, permitir-me ser comido por ti, sem piedade.
Ilusões, tinha poucas. Se, porventura, daquele terraço para um canto escondido se fosse, o comido seria eu. Não só porque acredito que, a comer alguém, são as mulheres que comem – até porque a anatomia assim mo sugere -, mas também porque enquanto o meu entusiasmo era parte de um estado permanente, o teu era especialmente marcado por circunstâncias femininas que eu não dominava e que te deixavam particularmente desejosa dos prazeres que eu te poderia dar.
Avançaste por isso cheia de determinação. Um joelho ameaçador aterrou entre as minhas pernas, o que me fez encolher por escassos instantes, não fosses tu falhar a pontaria, e com ele apoiaste-te na cadeira para, inclinando-te sobre mim, trincares e lamberes a minha orelha enquanto com outra mão mexias no meu cabelo. Insinuaste depois os teus seios, expondo-os ao meu olhar, convidando-me a trincar os mamilos. Analisei a situação e decidi despachar com deferimento. Mordisquei. Depois fizeste as calças justas sair. Se tomo nota mental dessas calças, agora que penso nisso, julgo que era apenas por te fazerem um rabo muito perfeito, despertando em mim a vontade de te deitar no meu colo e dar umas palmadas valentes, como se fosses uma menina mal comportada. Na verdade, ali, eras uma menina mal comportada. Uma devassa. E nós sempre gostamos de dar umas palmadas valentes numas devassas.
Devassa, traquina, franzias levemente o sobrolho enquanto, nua e de braços cruzados sob as mamas, aguardavas na expectativa, como quem pergunta sem falar: Fodes-me?
Foder é coisa para fracos. Foder, perante um estímulo de tal modo intenso, é a solução mais simples. É o que qualquer um faz. Diz muito pouco de nós. Grande garanhão, macho-man, mas essencialmente fraco, porque atraído pelo magneto vulvar pouco faz senão ceder. Por isso levantei-me e, não obstante a teimosa erecção, disse-te que não. Apeteceu-me ser forte – nem que fosse apenas por uma vez – e deixar-te nua e a secar. Como estava já a arrefecer um pouco, baixei-me para te pegar na blusa e foi um erro crasso fazê-lo. Descontente com a rejeição não resististe a fazer-me conhecer de perto as tuas unhas dos pés, tão bem pintadas e tratadas. Não esperava tal coisa, mas só confirmei o que pensava, que foder naquelas circunstâncias era coisa de fracos. Porque forte forte, é resistir à tentação e ainda levar tareia por isso.
Eu sei
eu sei o que estás a fazer agora,
em cima de um corpo demasiado quente,
em cima de um corpo demasiado frio,
em cima de um corpo que o teu só consente,
no vazio de desejo que te demora o rio
que te trai esse tão viril erguer;
serei do teu corpo já tão senhora?
Eu sei bem o que estás a acontecer
num outro corpo onde a tua fome não mora,
moro na memória da tua pele que me sente
moro no teu peito que nunca me traiu
e que nem permite que outra carne te tente;
a minha alma ao ver-te nela sorriu
por se sentir dona do vazio que te faz ceder
por te ver flectir fora da nossa hora.
11 dezembro 2009
De pernas para o ar
De repente foi como
se o mundo se tivesse virado
de pernas para o ar.
Meteras-te onde?
Porque não aparecias
À hora marcada?
Investigo.
Procuro-te.
Canso-me de não te encontrar…
Até que, num último rasgo
de uma brilhante ideia,
bato à porta daquela casa.
E tu apareces, nu,
quando eu oiço uma voz masculina
(que eu tão bem conhecia)
vinda do quarto
perguntar:
- Quem é, amor?
A vontade foi esganar-vos
a ambos
logo ali. Sem mais.
Fui embora.
Foto e poesia de Paula Raposo
Pelo sim, pelo não, falo de pila
E por isso resolvi hoje retomar os temas verdadeiramente importantes para a esmagadora maioria de nós, as coisas que mexem com o dia a dia das pessoas. Sim, vou falar de pila e das questões que lhe estão associadas (sim, eu sei quais são as questões que lhe estão associadas mas não gosto da palavra testículos).
Começo por esclarecer que o meu interesse na matéria não incide na óptica do utilizador. Ou melhor, de usufrutuário de outras pilas que não a minha. Isto só para separar as águas para melhor entendimento do sentido das minhas palavras, para facilitar a leitura e assim.
Esse interesse a que faço alusão prende-se com o arquétipo da pila perfeita que conseguimos esboçar a partir de uma análise atenta dos desabafos, elogios, críticas e até louvores que proliferam por essa net e pelas mesas de café do lado por esse país fora.
É fascinante a diversidade de opiniões acerca desse tema, embora seja igualmente óbvia a relativa ausência de controvérsia no que concerne ao padrão da melhor pila para cumprir outra função que não a de fazer chichi.
Das conclusões fáceis de retirar mesmo a partir de uma observação (ou de uma audição indiscreta como quem não quer a coisa) inclui-se a de que o mito masculino do tamanho, esse incontornável critério de avaliação, não é documento. É consensual entre os/as apreciadores/as do membro em apreço que os extremos não atraem, sendo que demasiado pequeno sabe a pouco e demasiado grande é ter mais olhos que barriga (chamemos-lhe assim). Ainda assim, excepção feita a quem por esta ou aquela razão possui apetência pelo exagero, é clara a opção pelo nem bem nem mal passados e dentro deste segmento existe uma inclinação pela classe média/alta em detrimento das pilas remediadas ou assim-assim. Aquela do pequenino mas trabalhador não cola...
Quer isto dizer que o tamanho, não sendo documento, possui alguma relevância enquanto factor de distinção embora não constitua factor eliminatório.
A inclinação para o segmento mais abastado não possui referências frequentes à inclinação propriamente dita. Ou seja, tanto faz a tendência ideológica de esquerda ou de direita embora o ícone mais popular aponte de caras para o centro.
De resto, a política não parece interferir tanto nos critérios de definição da pila ideal como o respectivo estatuto sócio-económico como o defino no parágrafo anterior.
No entanto, é inevitável regressar à sensível questão das dimensões para abordar o diâmetro enquanto argumento. E nesse aspecto há que salientar uma preferência maioritária (com excepções à regra em função do destino a explorar) pela largueza. Curta ainda vá, mas diametralmente generosa para compensar.
Fui surpreendido, talvez pela combinação de cromossomas que me influencia o raciocínio, pela escassez de alusões às tais questões acessórias ou associadas.
De facto, a uma pila perfeita não parece estar necessariamente ligado um conjunto específico (ou especificado) de acessórios de origem. É a regra dotanto faz, tamanha a irrelevância do(s) pormenor(es). Desde que lá estejam e cumpram cabalmente a sua função até podem ser quadrados que ninguém parece reparar por aí além.
Finalmente, e para não tornar demasiado extensa esta desinteressada análise ao tema, resta-me citar os únicos aspectos onde a unanimidade é um dado adquirido: pila perfeita, qualquer que seja o segmento em que encaixe, tem que ser sólida (nas convicções, presumo eu), capaz de enfrentar desafios prolongados tanto na óptica da velocidade como da resistência sem vergar ao peso da responsabilidade ou outro.
E acima de tudo, de acordo com os elementos obtidos (que eu disso não percebo nada), a pila perfeita tem que reflectir no desempenho aquilo que se espera por parte do resto que traga agarrado.
10 dezembro 2009
Gozo
Rendição
O risco de ser hipnotizado como eu fui, à solta pelas ruas, uma boca feiticeira que ilumina uma cidade inteira quando se abre numa expressão de alegria ou de satisfação, cada um que a sorte bafeja com a visão dessa boca que um dia vi e que, é mesmo assim, beija ainda melhor do que sorri.