Para quê deixar o tempo andar? Deixa que a razão o atropele e o transfigure na realidade, livre daquela deformação a que chamamos fé. Porque agora o nosso "daqui a vinte anos" é uma utopia. Porque, no "daqui a vinte anos", será uma utopia a paixão que sentimos agora. E eu não quero ver o dia em que não me abraças. E eu não quero ver o dia em que não passas a mão no meu cabelo. Deve ser apenas então que se trata o amor por tu. Quando é apenas o amor que sobra. E será o amor assim tão imenso e feliz quanto nos faz acreditar o delírio da emoção apaixonada? Que forma tomará, sem catalisador? Da serenidade azul ou do tédio sonolento? Anda! Deita-me ao chão agora, ocupa-me de uma só vez, enquanto sentes o corpo estremecer, expandir-se, contrair-se. Anda! Uma e outra vez, enquanto o utópico altar é real e carnal; mais tarde seremos profanos?
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Uma por dia tira a azia