02 fevereiro 2010

Na outra margem do meu silêncio


Na minha Alma recta, vergo
O espesso manto do silêncio
Venço o tempo que nos separa
Reconheço-te sem ver tuas feições

Exalo o grito abafado, amordaçado
Na minha boca ressequida de saudade
Reganho o cântico perdido na voz
Planto sonhos e fantasias

Entre sorrisos reflectidos, no olhar
De um mundo insuspeito e ardoroso
Compartilho o sentimento
Onde o amor volta a desabrochar

Por fim, grito de exultação
Vencida que foi a espera
Senhor de todas as razões
Rei das minhas ilusões

Mundo a preto e branco
Agora aberto em arco-íris
Deixa-me gemidos atravessados
A adornar a face nos cânticos ao mar

Canta o silêncio dentro de mim
Eco do meu coração, desenfreado
Afundo em vales de brandura
Na outra margem do meu silêncio


Maria Escritos – 2010
© Todos os direitos reservados
http://escritosepoesia.blogspot.com

Onde é que eu já vi um anexo com uma colecção de arte erótica?!


Não é o anexo de minha casa mas é parecido. E o que está lá dentro também: neste caso, é onde o Museo Rafael Larco Herrera, em Lima, no Peru, tem a sua colecção de arte erótica pré-colombiana.
Na minha colecção tenho umas quarenta peças que são reproduções de peças desta região da América do Sul.
Nesta foto podem ver algumas delas:

Arte erótica pré-colombiana da minha colecção

Obrigada, Carla Portilho (brasileira, "professora de literatura, doutoranda de literatura comparada, viajante compulsiva") pela dica e pela foto do anexo do museu no seu artigo.


«Deixa-a na bainha da espada»


1 página

oglaf.com

01 fevereiro 2010

Dispo-me...

Dispo-me; sei bem a tua história, um fragmento dela colado nas minhas costas, a língua em flor a desenhar-me pétalas no dorso - um beijo que lá ficou, caído, perdido, vermelho. Nítido como um cubo num circulo triangular. O nexo não pode falar, nem uma só palavra azul.

Dispo-me; sei bem os teus segredos - estavam nos ninhos entre os dedos das tuas mãos, o teu peito nas minhas costas, o meu peito nas tuas mãos - perdeste-os na minha pele; suaste-os, regados de paixão enraizaram no meu ventre, cresceram árvores.

Dispo-me; sei bem a tua nudez, esteve no meio de mim, bem dentro do meu corpo, nadou até à exaustão do meu mar - desmaiou na areia da minha praia, de boca salgada, de corpo ainda a ondular. O botão de rosa, largado no meio da jangada, abriu. Era o meu sexo.

Dispo-me; já nem bem sei quem tu és - mas sei quem és em mim - dispo-me para encontrar a tua história, para encontrar os teus segredos, para encontrar a tua nudez; aqui dentro encontro-te perdido - ramificado, ainda assim - dou-te a mão e estás aqui, no cheiro a cores suaves do meu pescoço, amor imperfeito, nova flor.

Ora bolas, FNAC!

Visita a página do «DiciOrdinário»"Na verdade, detectei isto na FNAC Coimbra mas certamente é um problema na base de dados de livros de todas as FNAC (excepto a FNAC on-line, onde o livro aparece bem).
Sou uma das autoras do livro «
DiciOrdinário ilusTarado» que a FNAC tem à venda.
Desde que o livro foi publicado, no verão do ano passado, tive o alerta de várias pessoas que procuravam pelo meu livro numa das lojas FNAC mas que não o encontravam. Pensava que era um problema de localização... e recomendava-lhes que perguntassem pelo livro a um funcionário. E alguns respondiam-me que tinham feito isso... e diziam que não tinham.
Hoje, na FNAC de Coimbra, perguntei pelo livro. A funcionária foi pesquisar à base de dados e não o encontrou. Disse-lhe que isso seria impossível e pedi-lhe para ver na FNAC on-line. Lá estava o livro. Quando ela viu a imagem da capa, reconheceu-o e confirmou que o tinham mas que estava esgotado na loja. Voltou à base de dados e localizou-o, finalmente, pelo ISBN.
Conclusão: o livro está registado na vossa base de dados como «Dicionário ilusTarado»!
Com este erro, estou certa que perdemos todos: a FNAC, os autores e os potenciais compradores, pois ficaram exemplares por vender, em todo o país, por não serem pesquisáveis na vossa base de dados.
Podem corrigir isso com a máxima brevidade?

Cumprimentos,
São Rosas"

É claro que a maltinha pode continuar a comprá-lo aqui (com dedicatória minha e com portes gratuitos para envios em correio normal).

Rai's parta os túneis



HenriCartoon

O Bruno Aleixo a falar no rádio

O pai do Busto revela o que o filho levava para a casa de banho quando era puto.
O Aleixo desvirtua um pouco a história... para lhe dar mais piada.



Aleixo FM na Antena 3

31 janeiro 2010

Diálogo nos comentários

- Um bom cu não tem sexo.
- Tem, tem: cu de macho não tem dor de cabeça!

Os de 60


Com esse (sempre) ar ingénuo
pensas dizer-me o quê?!
- Que é monótono estar aqui,
que te cansaste (subitamente),
ou talvez me queiras dizer:
- quanto mais envelheces
melhor estás, em todos os sentidos...

Afinal queres o quê?!
- Ahhhh
julgo perceber:
tens quase 60 anos.
Eu não consigo acompanhar-te:
cheia de artrose (aos 55),
de algumas (outras) falhas físicas;
não te inibas, fala à vontade,
estás óptimo, lindo e maravilhoso,
e as meninas de 30 adoram-te!

- Então? O que esperas?! Vai em frente,
não hesites.
Dispenso-te. Para sempre.

- Que alívio!

Foto e poesia de Paula Raposo

«Palavras (O)usadas» e «Intimidades» de António Barroso Cruz

O António Barroso Cruz dá-nos o prazer de colaborar com este blog, publicando aqui alguns dos seus poemas (embora ultimamente se ande a baldar). Tem vários livros publicados. Dois deles já fazem parte da minha colecção, com dedicatórias do autor: «Palavras (O)usadas» e «Intimidades».


Os dois livros, que recomendo, em especial o «Intimidades», com fotografias de Eric Wayaffe com a modelo (Sétimo) Céu Melo.



A dedicatória do «Intimidades». Sim, sim, aquilo no canto superior direito, com a legenda «prova de ADN...», é mesmo um pintelhinho (presumo que seja dele mas não fiz a prova), colado com fita-cola. É a dedicatória mais original de todas as que já me fizeram!

São os máximos!


crica para visitares a página John & John de d!o

30 janeiro 2010

A nossa Raposita foi entrevistada para o suplemento Gente do Diário de Notícias de hoje...

... e eu é que estou toda molhadinha!
A jornalista, Isadora Ataíde, inspirou-se nos quatro poetas entrevistados e escreveu algumas liberdades poéticas, como dar mais 4 anos à Paula e dizer que ela é contabilista.
Alguns excertos da entrevista com anotações minhas:
«Para que serve a poesia? «Sobretudo para sonhar, sair da realidade e pensá-la sob outra perspectiva» responde a poeta e contabilista Maria Paula Raposo, 59 anos, com os olhos azuis [a jornalista não precisava de ser lésbica como eu para reparar nos olhos azuis da Paula... que entretanto me esclareceu que "os meus olhos são verdes"] semicerrados, como quem faz uma pergunta.
Não faz muito, Maria Paula reencontrou na casa da mãe o seu primeiro diário, de quando tinha nove anos. O filho resgatou-lhe cartas de amor do primeiro casamento e diários da mulher adulta. "Eu reconheço-me nos diários e cartas escritos há mais de 40 anos, são as minhas preocupações. Estive 18 anos sem escrever, voltei em 2005, e agora é como se todas as poesias estivessem a saltar de dentro de mim para o caderno em que as anoto." Com três livros publicados pela editora Apenas Livros, Maria Paula caminha para o quarto volume e escreve para blogues de poesia e erotismo [É este! É este!]. Acontece gravar estrofes nas páginas dos livros contábeis e pergunta-se se está a meter água nos números ou na poesia [desde que o débito fique igual ao crédito, pode estar errado mas bate certo]. A memória é o instrumento privilegiado de Maria Paula, dela extrai o seu ritmo poético, reconhece a sua poesia como "essencialmente" biográfica.»


Crica para conseguires ler.



Crica para conseguires ver melhor a Paula.

Parabéns, Paula! E obrigada por dares mais "loucura como beleza estética" (gostei desta) ao nosso blog.

Conto da simbiose

Diz-me coração, porque me morres? Eu não entendo os pedaços de céu, sem ti. Porque matas a minha vela, essa do lume limonado de doce? Como escolhes onde morrer? Onde? São tantos os locais dos teus golpes; o cais do adeus, a falésia dos olás, o pontão das breves despedidas, a sombra onde te deitaste para amar. A meu lado dorme ele que é a força e a fragilidade da minha existência. A razão única. Existiam mais razões apenas quando esta existia, porque esta existia e para esta existir; agora, nenhuma existe, tudo cessou. A meu lado dormes tu.