Sempre me preocupou o excesso de intimidade entre os casais...Bem sei o quanto a intimidade é importante, pois sim, mas tudo o que é demais, é demasiado.
Acho que falta, a muitas pessoas, preservar determinadas coisas que só interessam a si.
Quando estamos no início dos relacionamentos existem coisas que não questionamos, porque estamos apaixonados e aquela pessoa parece sempre perfeita, sempre tão atraente e desejável.
Mas quando passamos a partilhar o mesmo espaço, a descobrir determinadas coisas, pode ser assustador e existem mesmo situações em que o excesso de intimidade pode ser um veneno para a nossa química relacional. Vejamos por exemplo, o uso e partilha da casa de banho: muitos casais, adoptam um à-vontade tal, que parece que voltámos àquele tempo em que, em crianças, tínhamos os nossos pais como espectadores das nossas poses no bacio.
Alguém me explica o sentido de estar sentado na retrete de revista na mão enquanto o(a) companheiro(a) faz a barba, ou toma duche?
Alguém pode achar atractivo que o(a) parceiro(a) saque à sua frente daqueles aparelhos que tiram os pêlos de todos os orifícios do corpo, pêlos que nós quase nem imaginávamos que existissem? Alguém poderá achar interessante ver a companheira com as pernas cheias de creme depilatório e rolos na cabeça?
Existem coisas que são do nosso espaço e que são nossas, que apenas deviam existir por detrás de uma porta fechada para não corrermos o risco da química se perder.
Claro que todos sabemos que existem pêlos em determinados sítios e que são retirados para não serem encontrados; todos sabemos que existem tampões, pensos higiénicos e necessidades fisiológicas... mas daí a vê-los, ouvi-los e cheirá-los vai uma grande distância...
Importam-se de oferecer as vossos amigos que vão viver juntos pela primeira vez, aquela coisa fantástica que se coloca na porta e avisa:
«Não incomodar, se faz favor»? Garantidamente não imaginam o bem que lhes fará, porque eles até podiam viver sem ela, mas não era a mesma coisa....
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Nota da ediSão - recomendo a visita semanal às crónicas «Sexo Tabu» da Vânia Beliz na revista Sábado, às terças-feiras. Estão
aqui.