22 abril 2010

beijo

vês?
chegámos de novo a Abril
e os teus olhos abrem-me sempre novas madrugadas
os teus seios de oferendas
mil ensejos
mil moradas

o teu ventre abre-se em flor
e o tempo cruzas
na promessa de um prazer que é quase dor
ou quase sede
de que abusas

e a tua pele quando me acolhe
de veludo a maciez
mas quase ardência
nessa urgência em que eu pare e p’ra ti olhe
e ao de leve pressentir
numa premência
de ti um fremir quase ventura
que estremece
porque tanto
tanto me apetece
dos teus lábios a suave comissura

a minha língua toca-a
e os teus lábios recebem-me
e desenham-se em sorriso
e afogam-me
e bebem-me
sem aviso

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